§ É
impressionante a rapidez com que a injustiça foi imposta a Robinson. Não, mais
do que isso: é aterrorizante.
§ Impedido
de contatar seu advogado, foi imediatamente julgado e condenado a 13 meses atrás
das grades. Na sequência, ele foi levado para a Hull Prison.
§ Enquanto
isso, o juiz que sentenciou Robinson também ordenou à mídia britânica que não
divulgasse nada sobre o caso. Jornais que já haviam postado reportagens sobre a
sua prisão as retiraram rapidamente. Tudo isso aconteceu no mesmo dia.
§ No
Reino Unido, os estupradores desfrutam do direito a um julgamento justo com
plenas garantias, direito à representação legal de sua escolha, direito de ter
tempo suficiente para preparar a defesa e o direito de ir para casa sob fiança
entre as sessões dos julgamentos. No entanto, nenhum desses direitos foi dado a
Tommy Robinson.
A primeira vez que estive em
Londres, aos vinte e poucos anos, tive um surto de adrenalina que durou a
semana inteira da minha visita à cidade. Jamais, nos anos seguintes, outro
lugar teve tanto impacto em mim, nem Paris, nem Roma. Sim, Roma, berço da
civilização ocidental e Paris, centro da cultura ocidental, mas foi na
Grã-Bretanha que os valores do mundo anglo-saxônico, acima de tudo a dedicação
à liberdade, haviam tomado forma integral. Sem a Grã-Bretanha, não teria havido
a Declaração de Independência, Constituição ou Carta de Direitos dos EUA.
Lamentavelmente, nos últimos
anos, a Grã-Bretanha deu as costas ao seu compromisso com a liberdade. Críticos
estrangeiros do Islã, como o estudioso norte-americano Robert Spencer e, por um
tempo, até o parlamentar holandês Geert Wilders foram
barrados de entrarem no país. Agora, pelo menos um proeminente crítico
autóctone da Grã-Bretanha em relação ao Islã, Tommy Robinson, tem sido
recorrentemente assediado pela polícia, coagido pelos tribunais, desprotegido
pelos funcionários da prisão que permitiram que os presos muçulmanos o
espancassem até ele ficar inconsciente. Indubitavelmente, as autoridades
britânicas consideram Robinson um encrenqueiro e gostariam nada menos que vê-lo
desistir de sua luta, deixar o país (como Ayaan Hirsi Ali deixou a Holanda) ou
ser morto por um jihadista (como aconteceu com o cineasta holandês Theo van
Gogh).
Na sexta-feira, conforme relatado aqui, a saga de Tommy Robinson entrou em um
novo capítulo. Policiais britânicos o tiraram de circulação de uma rua em
Leeds, onde, desempenhando seu papel de jornalista amador, estava transmitindo ao vivo um evento no Facebook do lado
de fora de um tribunal. Dentro, vários réus estavam sendo julgados por fazerem
parte de uma assim chamada "gangue de abusadores de crianças", grupo
de homens, quase todos muçulmanos, que sistematicamente estupram crianças
não-muçulmanas, em alguns casos centenas delas, em um espaço de tempo de anos
ou até décadas. Cerca de dez mil usuários do Facebook ao redor do mundo viram
com os próprios olhos a prisão de Robinson, ao vivo.
Enquanto isso, o juiz que o
sentenciou também ordenou à mídia britânica que não divulgasse
nada sobre o caso. Jornais que já haviam postado reportagens sobre a prisão as
retiraram rapidamente. Até mesmo cidadãos comuns que escreveram sobre a prisão
nas redes sociais retiraram as postagens, com medo de acabarem tendo o mesmo
destino de Robinson. Tudo isso aconteceu no mesmo dia.
Um julgamento com 'cartas
marcadas' depois uma ordem de mordaça. No Reino Unido, onde os estupradores
desfrutam do direito a um julgamento justo com plenas garantias, direito à
representação legal de sua escolha, direito de ter tempo suficiente para
preparar a defesa e o direito de ir para casa sob fiança entre as sessões dos
julgamentos. No entanto, nenhum desses direitos foi dado a Tommy Robinson.
É impressionante a rapidez com
que a injustiça foi imposta a Robinson. Não, mais do que isso: é aterrorizante.
Em diversas ocasiões ao longo dos anos eu fiquei diante de ameaças iminentes de
violência islâmica, tive uma faca encostada em mim por um jovem de uma gangue,
fui cercado por uma multidão de homens beligerantes vestidos com jebalas (robe
muçulmano) do lado de fora de uma mesquita radical, mas isso não era assustador. Isto é
assustador: esta violação total das liberdades britânicas básicas.
De um ponto de vista, com
certeza, a detenção de Robinson, o julgamento e o encarceramento na velocidade
da luz não deveriam ter surpreendido ninguém. "Há uma campanha para 'pegar
Tommy' ou algo muito parecido com isso, já faz algum tempo", uma fonte no
Reino Unido, que eu vou chamar de Scheherazade me confidenciou no final da
manhã de sábado.
A aparente justificativa para
a prisão de Robinson é que ele estava gozando do benefício da SURSIS Penal. Em
maio do ano passado, ele foi colocado em prisão preventiva enquanto reportava
do lado de fora de um tribunal em Kent, onde outro grupo de réus muçulmanos
estava sendo julgado, também acusado de fazer parte de "gangues de abusadores
de crianças". Essa prisão também foi injustificada. Pelo menos Robinson
gozou da SURSIS Penal. Desta vez, ao que tudo indica, foi determinado que o
mero ato de reportar de novo em frente de outro tribunal constituía uma
violação dos termos da sua SURSIS Penal.
O cinismo oficial neste caso é
flagrante. Scheherazade realçou uma questão vital: que muitas vezes, quando um
desses julgamentos de "gangues de abusadores de crianças" está em
andamento, as famílias e amigos dos réus ficam do lado de fora do tribunal e
"hostilizam e intimidam" as vítimas do estupro, bem como suasfamílias
e simpatizantes. "Eu tenho relatos de crianças de até cinco anos que
atiraram pedras em familiares das vítimas", ressaltou Scheherazade.
"Essa intimidação
perpetrada por grupos de familiares da comunidade dos réus também compreende ir
às residências e assediar as pessoas". Ela já ouviu falar de testemunhas
de acusação que precisaram de proteção policial para usarem o banheiro dentro
de um tribunal. Desnecessário dizer que este assédio e intimidação
raramente é denunciado e jamais punido.
Um aspecto, ao que tudo
indica, positivo nessa grotesca reviravolta inesperada na evolução dos
acontecimentos é que ela chamou a atenção de pessoas que deveriam ter observado
o que está acontecendo há muito tempo. Scheherazade observou que muitos de seus
contatos no Twitter "estavam tuitando que eles não necessariamente
apoiavam Tommy em tudo, mas ficaram chocados com o fato de alguém ter
denunciado esses crimes (gangues de abusadores de crianças) ter sido
preso". Alguns de seus conhecidos, segundo ela, "estão estupefatos e
aflitos". No sábado, milhares de simpatizantes de Robinson se aglomeraram
em Westminster. Esses protestos farão alguma diferença?
Um ex-policial britânico reagiu ao encarceramento de Robinson com um vídeo exortando os compatriotas não apenas a marcharem ou se aglomerarem, mas para se juntarem ao partido de Ann Marie Waters For Britain e fazer pela liberdade de expressão na Grã-Bretanha o que o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) fez para tirar os britânicos da UE.
Um ex-policial britânico reagiu ao encarceramento de Robinson com um vídeo exortando os compatriotas não apenas a marcharem ou se aglomerarem, mas para se juntarem ao partido de Ann Marie Waters For Britain e fazer pela liberdade de expressão na Grã-Bretanha o que o UKIP (Partido da Independência do Reino Unido) fez para tirar os britânicos da UE.
Scheherazade tinha mais
informações interessantes. Enquanto Robinson está sendo punido por chamar a
atenção para as gangues de estupradores muçulmanos, a Sikh Awareness Society,
que também denunciou os julgamentos dos "estupradores", é deixada em
paz. "Eles são uma dádiva de Deus", disse Scheherazade, "porque
eles não têm papas na língua, ainda assim não são intimidados como Tommy ou
pessoas como ele o são". Obviamente, a polícia britânica não ousaria
prender um homem barbado usando turbante. Scheherazade também mencionou um imã
que foi preso recentemente e logo liberado assim que "um grupo enorme de
simpatizantes exigiu sua libertação". Pelo menos um policial reconheceu
que o imã havia sido liberado porque, do contrário, "haveria distúrbios em
todo o país". Scheherazade resumiu a atual abordagem das autoridades
britânicas em relação à situação islâmica da seguinte maneira: perderam o
controle... e estão do lado daqueles que eles acham que darão menos dor de
cabeça. O valentão da sala de aula aterrorizou o professor que acabou punindo
as crianças que sofrem o bullying dele".
Supõe-se que as autoridades
acreditam que perpetrar esse tipo de injustiça de alguma forma manterá a paz.
Se eu fosse uma autoridade não teria tanta certeza. As pessoas naquela
concentração em Westminster no sábado estavam com raiva. Quantos súditos
britânicos sentem a mesma raiva? Scheherazade manifestou preocupação de que a
situação neste verão na Grã-Bretanha poderá se tornar incontrolável. Bem,
talvez tudo isso seja positivo.
De minha parte, por mais que
eu me esforce, não consigo entender porque ninguém com certa notoriedade ou com
alguma influência em todo o Reino Unido não se apresentou para contestar os
maus-tratos dispensados a Tommy Robinson e por tabela defender a liberdade de
expressão.
Será que o establishment
britânico virou um bando de covardes? Acho que teremos a resposta a essa
pergunta em breve, se é que ainda não a temos.
Título e Texto: Bruce Bawer, Gatestone Institute, 29-5-2018
Bruce Bawer é o autor do
novo romance The Alhambra (Swamp Fox Editions). Outro livro escrito por ele
While Europe Slept (2006) foi best seller do New York Times e finalista do
National Book Critics Circle Award. Alguns livros de sua autoria: A Place at
the Table (1993), Stealing Jesus (1997), Surrender (2009) e The Victims
'Revolution (2012). Nascido em Nova Iorque, mora na Europa desde 1998.
Activist Jailed for Reporting on Pedophiles in UK, Gov’t Bans Media From Reporting It
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