O que vem a ser o termo
absoluto? A palavra vem do latim: ab+solutus (ab=sem, desprovido;
solutus=solução; portanto, sem solução): genericamente, significa aquilo que
não se deixa determinar por limites, ou definir (pôr um fim); é independente,
existe por si mesmo; não é causado por outra coisa, é causa de si mesmo. Daí a
noção de Deus como o Absoluto, adotado pelas religiões, do qual se diz ser
infinito, independente, causa de si mesmo, etc... A filosofia também se
interessa pelo Absoluto em suas especulações. As religiões, para chegar a Deus,
se firmam pela fé, e a filosofia pela razão.
O filósofo idealista alemão
Hegel, em sua obra “Fenomenologia do Espírito”, acha que conseguiu chegar a
Deus, ou ao Absoluto, via razão. Até então, a filosofia viu-se impedido a tal
façanha. O próprio Kant, em sua obra “Crítica da Razão Pura” já afirmara que a
razão não é capaz de provar a existência de Deus. Quem quiser admitir sua
existência deverá fazê-lo pela via da fé e não racionalmente.
No entanto, Hegel, um estudioso
e crítico de Kant, toma outro viés e elucida em seu sistema filosófico que o
Absoluto (Deus) é uma substância racional e, portanto, sujeito, o que os
sistemas filosóficos até então não se propuseram; no Absoluto não há uma
confrontação entre sujeito e objeto, há uma realidade só – uma unidade na
diversidade que se expressa dialeticamente. É nesse sentido que Hegel diz que
“o real é racional, e o racional é real”. Há, pois, uma identidade: sujeito e
objeto se identificam. Assim, o Absoluto – a realidade total - é Razão. Ou
seja, Deus é Razão.
Sendo o Absoluto de Hegel
substância racional, ele é, por conseguinte, sujeito por excelência do qual
pode-se predicar qualidades, mas permanece sempre o mesmo, não é determinado
pelo exterior, mas auto determina-se; portanto, livre. Ele, como razão,
realiza-se na história da humanidade como Espírito Absoluto.
O Deus hegeliano, pois, é o
Espírito Absoluto que cavalga no lombo da História e imprime sua marca através
da humanidade. Todo o cabedal de cultura (arte, religião, filosofia,
instituições...) da humanidade são os resultados dessa trajetória do Espírito
Absoluto.
Assim, Hegel considera a
Filosofia acima da Religião, pois chegou ao entendimento que o Espírito
Absoluto vive como espírito através dos homens e se realiza imanente e
historicamente, sem a transcendalidade como na religião judaico-cristã,
cultuada através da fé.
A História é um processo
racional do Espírito Absoluto, diz Hegel. A rigor, o Deus hegeliano não é a
realidade estanque e passiva, mas realização, realizando-se na história, tendo
a humanidade como pano de fundo.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 18-1-2019
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