Alexandre Garcia
Previno o leitor, como os
filmes previnem: “qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da
vida real terá sido mera coincidência”. Então, vamos pensar. Em 6 de setembro
último, Adélio Bispo [foto] esfaqueia o candidato líder na campanha, que só não morre
porque foi bem atendido. Imediatamente aparecem advogados para defender o
agressor. No mesmo dia e hora em que ele esfaqueia, o nome do agressor está
registrado como visitante de algum deputado federal em Brasília. A polícia tenta
saber a origem do dinheiro que pagou caros advogados, e a OAB entra na Justiça
e impede. Preso, o agressor é declarado inimputável, mas fica guardado como
demente.
Enquanto isso, recém-reeleito,
um deputado renuncia e vai para a Europa, deixando no lugar o suplente que é
marido de um americano. O americano, meses depois, começa a divulgar produto de
uma invasão ilegal de privacidade; mensagens entre o juiz da Lava-Jato e o
procurador que coordenou as investigações. A polícia localiza e prende os autores
confessos da invasão e descobre que eles fizeram o mesmo em telefones das mais
altas autoridades da República. E descobre também uma maleta com 99 mil reais e
movimentação bancária de mais de 600 mil.
Um deles confessa que a
intermediária para chegarem ao jornalista americano foi a ex-deputada e
companheira de chapa de Haddad, Manuela d´Ávila, que alega apenas ter fornecido
o telefone. Ou seja, os hackers descobriram os telefones de todas as maiores
autoridades, só não conseguiram o do americano; então chegaram ao telefone da
ex-deputada, que lhes forneceu o número desejado. Como hackers politizados,
preferiram invadir mensagens de autoridades, ao invés de flagrar vítimas mais
endinheiradas que tenham amantes, por exemplo. Renderia mais e seriam protegidos
pelo silêncio. Fontes confessas das invasões ilegais, eles foram considerados
“fontes confiáveis” pelo receptador delas e pelos que tratam produto de crime
como notícia.
Tudo muito estranho. Vale a
pergunta: qual o objetivo? A quem interessa? Ora, o objetivo duplo é
enfraquecer a Lava-Jato e proteger corruptos. Você há de perguntar como alguém
pode aplaudir isso. Pois há quem aplauda o crime e torça contra a lei. Na
Itália também houve reação contra a operação Mãos Limpas. Aqui, a reação vem da
organização que armou um grande esquema de corrupção que saqueou estatais,
principalmente a Petrobras. Para os apoiadores desse esquema, que tiveram as
torneiras e tetas fechadas pela Lava-Jato, vale tudo. E quem olha os
acontecimentos, percebe que tudo está ligado, ou é mera coincidência.
Título e Texto: Alexandre
Garcia, Gazeta do Povo, 29-7-2019
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