Não confundamos a árvore com a floresta: o regresso do Big Brother é apenas uma anedota sem graça. O problema é que passámos a viver numa cultura televisiva dominada pelos valores do Big Brother. Três valores, para sermos exactos: o esvaziamento de qualquer respeito humanista pelo indivíduo; a transformação do fait divers em lei dominante da informação; a desresponsabilização das câmaras face às pessoas que filmam. São, aliás, valores directa ou indirectamente acautelados pela legislação, em particular pela Constituição da República. O mais chocante é que as primeiras vítimas desta pornografia televisiva (que contaminou muitas áreas do jornalismo) são as que se calam. A saber: a esmagadora maioria dos membros da classe política. No dia em que algum político tiver a serenidade de dizer o óbvio, isto é, que o pior da televisão contamina toda a nossa vida social e afectiva, nesse dia algo mudará na cena política portuguesa. E também, por certo, na relação dos cidadãos com os políticos.
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