quinta-feira, 14 de outubro de 2010

1808 : há dois séculos Portugal também estava na falência

Em 1808, à semelhança de 2010, Portugal também estava na falência.

Laurentino Gomes
O livro 1808 de Laurentino Gomes publicado no Brasil em Setembro de 2007, e em Portugal em Fevereiro de 2008, explica o motivo do país estar na falência, a fuga dos governantes, as transformações no Brasil e o significado de  Queluz  na história de Portugal e do Brasil.

Riqueza de Portugal "era resultado do dinheiro fácil" e de "dívidas"
O escritor e ex-jornalista brasileiro refere que "a riqueza de Portugal era resultado do dinheiro fácil, como os ganhos de herança, casinos e lotarias. Muitas pessoas importantes, nobres e outros dignatários, viviam de uma mesada da Coroa." Quem "realmente lucrava com as riquezas levadas à Europa por Portugal" eram os países receptores das riquezas do Brasil, a Europa do Norte. "Lisboa funcionava como um entreposto comercial - um intermediário de menor importância" - "que cada vez mais se afundava em dívidas."
Na época, "com algumas excepções, quem era rico em Portugal não tinha conquistado a sua posição com investimentos, negócios, ou produção," escreve Laurentino Gomes.

D. João tinha três opções face ao bloqueio continental: escolheu fugir

Em 1808, no bloqueio continental que finalmente envolvia finalmente Portugal, percebe-se que D. João, filho de D. Maria, teve três opções: ceder a Napoleão e bloquear a Inglaterra e por conseguinte Portugal/Colónias eram ocupadas por Inglaterra; ficar em Lisboa e lutar contra Napoleão com o apoio de Inglaterra; ou fugir para o Brasil com o apoio de Inglaterra.
O príncipe-regente optou pela terceira via - fugir - o que mais tarde veio a demonstrar-se errado. O exército francês veio a ser derrotado antes de chegar a Lisboa. Mas para o Brasil foi a melhor escolha da corte portuguesa. Até à chegada da corte ao Brasil, aquela colónia era uma fazenda com vários territórios desagregados e sem identidade. Os portos brasileiros só faziam trocas comerciais com Portugal. Assim que a corte portuguesa chegou, os portos abriram-se às trocas com outros países e o Brasil passou a existir no mercado mundial.
Laurentino Gomes recorda que na fuga para o Brasil partiram 10 a 15 mil pessoas de uma Lisboa com cerca de 200 mil habitantes. Apenas D. Maria I não quis abandonar o país, mas dada como louca acabou por ser "levada ao colo." Nos sete anos que se seguiram, "mais de meio milhão de portugueses fugiria do país, morreria de fome ou tombaria numa sequência de confrontos que se tornaria conhecida como a Guerra Peninsular."

Palácio de Queluz era albergue da megera e da louca da corte
No Palácio de Queluz vivia a rainha D. Maria I, a louca, e Carlota Joaquina, a megera de Queluz, ambas afastadas de quem governava, o príncipe-regente D. João, marido da megera e filho da louca. D. João vivia afastado de Carlota Joaquina, sua esposa, com quem  teve um "mau casamento." A megera de Queluz é retratada por Laurentino Gomes como "uma espanhola irascível e mandona com quem  [o príncipe]  tivera nove filhos."
Já a sua mãe, D. Maria I, era perseguida por demónios. Os seus gritos de terror ecoavam nas madrugadas frias do Palácio de Queluz." D. Maria I tinha sido "declarada incapaz de governar por insanidade mental" e "vivia trancada no Palácio."

Palácio Nacional de Queluz
Livro indisponível na biblioteca de Queluz 
Apesar deste livro ser imprescindível na história da cidade de Queluz, a biblioteca municipal não o tem. Em alternativas pode lê-lo nas bibliotecas municipais de Lisboa ou doutro concelho.
Cidadania Queluz, 13-10-2010

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