“Tenho nesta posse o gosto da despedida, pois cumprirei meu último mandato. Espero fazer toda a doação de mim mesmo para servir esta Casa, que é um pouco da minha vida, um pouco do meu amor.”
“Não desejava o encargo [de presidente do Senado], dele não pude fugir tendo o alto preço do exercício dessas funções. Tenho visão desse compromisso com as instituições, com a independência do Poder Legislativo, principalmente de nossa Casa, que jamais pode ser submissa a nenhum poder nem tampouco afastada do interesse nacional”.
A fala é acima e de José Sarney, ao assumir pela quarta vez a presidência do Senado. Eu já disse que dispenso a parte de seu sacrifício que me diz respeito. Por mim, ele fica em casa cuidando só de literatura. Sei que isso pode parecer má querença com arte tão nobre, leitor. Mas ler Sarney ainda é um ato volitivo, né? Tê-lo como presidente do Senado já parece uma maldição.
Lembrei aqui uma frase de Paulo Francis sobre este senhor. Recorrendo a uma metáfora, perguntava se ninguém enfiaria uma estaca no coração do homem. Isso lá no começo dos 90. Que nada! Ele foi se alimentando de sangue novo…Consta que ficou muito emocionado no discurso.
Como é aquele chiste sobre o Brasil? “Prostituta se apaixona, traficante vicia, e cafetão tem ciúme”. Pois é… E oligarca se amociona.
Lindo!
Imagem e Texto: Reinaldo Azevedo
Complemento de Reinaldo Azevedo em seu blogue:
ResponderExcluirContradições nativas. Ou: geléia geral
No post sobre Sarney, o “oligarca emocionado”, recorri a uma das máximas que existem por aí, segundo a qual, “no Brasil, prostituta se apaixona, traficante vicia e cafetão se apaixona”. Leitores me corrigem, atribuindo a frase a Tim Maia, quase assim, no original: “Prostituta (ele emprega outra palavra) se apaixona, traficante cheira e cafetão tem ciúme”. O leitor Victor faz acréscimos à frase que ampliei. Tudo somado, fica assim:
“No Brasil, prostituta se apaixona, traficante cheira, cafetão tem ciúme, cristão é comunista, empresário é socialista, e oligarca se emociona”.
Eis a geléia geral brasileira!
Reinaldo Azevedo