O Brasil, os direitos humanos no Irã, a “sensibilidade feminina” e a carta indecorosa de Celso Amorim

Comentando a sua entrevista, escrevi então:
O discurso é, sem dúvida, de alguém neófito na área, mas melhor do que aquilo que se tem hoje. A presidente eleita disse não concordar com “as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres” e que não fará “nenhuma concessão em relação a isso”. Afirmou ainda: “Não sou a presidente do Brasil, mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir.”
A questão, obviamente, não era “de gênero”. Isso é bobagem. Um homem não teria por que se sentir “mais confortável”. Fez-se, agora, o certo e o óbvio.
A crítica à postura brasileira tinha dois fundamentos:
a) há, claro, a questão de princípio — o Irã é um óbvio violador dos direitos humanos, e cumpre ao Brasil deixar claro com quais valores se alinha;
b) se a intenção do país era — e é — obter, um dia, uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, seus votos atuavam contra a sua pretensão.
a) há, claro, a questão de princípio — o Irã é um óbvio violador dos direitos humanos, e cumpre ao Brasil deixar claro com quais valores se alinha;
b) se a intenção do país era — e é — obter, um dia, uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, seus votos atuavam contra a sua pretensão.
Na era Lula-Celso Amorim, a loucura foi grande. No fim de julho do ano passado, o Itamaraty enviou uma carta a todos os países-membros da ONU defendendo que o organismo evitasse condenar os países por violação dos direitos humanos. Segundo Amorim, a condenação é contraproducente. Deve-se buscar sempre o diálogo. No documento, sustenta o Itamaraty:
“Hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU vai diretamente para um contencioso (…). Elas [as condenações] servem aos interesses daqueles que estão fechados ao diálogo, já que lhes dá uma espécie de argumento de que há seletividade e politização”.
“Hoje, o Conselho de Direitos Humanos da ONU vai diretamente para um contencioso (…). Elas [as condenações] servem aos interesses daqueles que estão fechados ao diálogo, já que lhes dá uma espécie de argumento de que há seletividade e politização”.
O Itamaraty precisa agora revogar aquela carta. Se Antônio Patriota, o substituto de Amorim, não o fizer, o Brasil ficará por conta da “sensibilidade feminina” de Dilma…Não se esqueçam de que o Brasil se negou a condenar até o governo patologicamente homicida do Sudão pela morte de 400 mil pessoas em Darfur.
Reinaldo Azevedo
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