quinta-feira, 24 de março de 2011

Infraestrutura: Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos

Peter Wilm Rosenfeld
O Brasil se candidatou a sediar a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e a Olimpíada em 2016!
E, para surpresa e satisfação de muitos, teve atendidas suas pretensões.                                       
O desejo brasileiro até que seria uma beleza se uma série de fatos estivesse presente. Lamentavelmente, não é nosso caso.
Não temos hoje, nem teremos daqui a três anos, a menor capacidade de preparar o País para sediar eventos da magnitude da Copa do Mundo ou no caso do Rio de Janeiro daqui a cinco anos para sediar os jogos olímpicos.
E se, por acaso, o País conseguir melhorar alguma coisa, será à custa do abandono de uma série de outras necessidades fundamentais para o bem-estar do povo.
Já citei em uns tantos artigos nossa absoluta precariedade em rodovias/ferrovias; em saúde; na previdência social; no ensino (educação); em aeroportos e portos, enfim, em toda a infraestrutura.

E não vejo nada já feito ou em andamento, para solucionar esses problemas. Fala-se muito, sem dúvida. Nisso o brasileiro é mestre, principalmente depois das tolas gabolices do ex-presidente Sr. da Silva, em seus intermináveis oito anos de mandato.
O primeiro exemplo de nossa irresponsabilidade é o de querer construir uma linha para operação de trens-bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo-Campinas, que custará uma enormidade e certamente não ficará pronta. Aliás, quanto ao custo, 20% a 30% (se não mais) do total gasto certamente será em propinas.
O Sr. da Silva ainda alardeou, há poucos dias, a “beleza” de sua administração, culminando com a frase basta comparar o País que recebi com o que entreguei, ou algo parecido.
Com exceção do dinheiro regalado a muitos milhões de brasileiros através das mais variadas “bolsas”, que aparentemente fez com que pudessem melhorar seu padrão de vida, nada mais foi feito.
Digo aparentemente porque, na realidade, esse dinheiro regalado sem qualquer exigência se não a de que o cidadão estivesse desempregado é muito apreciado pelos que o recebem mas está causando um tremendo mal ao País, como já foi comentado muitas vezes por gente esclarecida.
Voltando aos gastos, em todos os estados terão que ser construídos novos estádios de futebol que conformem com as exigências da FIFA. O País precisa disso?
O sistema de transporte de massas deverá ser implantado se não em todas pelo menos em várias cidades. E linhas de metrô não têm como ser implantadas em tão curto prazo, todas ao mesmo tempo.
Basta ver como o metrô do Rio está crescendo devagar. Além de que, o custo de implantação de linhas subterrâneas é brutalmente elevado!
Todo o sistema de comunicações terá que ser reforçado e, em alguns casos, reformulado nas cidades-sede de jogos.
Da mesma forma nenhum dos aeroportos das 10 ou 12 cidades em que se realizarão jogos de futebol tem condições de atender as necessidades demandadas por uma Copa do Mundo.
Enfim, a infra-estrutura de todas as cidades-sede de jogos da Copa e, principalmente do Rio de Janeiro que também sediará os jogos olímpicos é deficiente e/ou obsoleta.
A enormidade do dinheiro que será gasto/investido, ademais, deverá ser um fator de aumento da inflação.
O País pode se dar a esse luxo?
Sim, luxo porque não há nem havia necessidade de o Brasil se candidatar a sediar qualquer um dos dois eventos.
Ademais, quase tudo o que será construído e despendido especialmente para qualquer um dos dois eventos não satisfará nem melhorará a vida do povo brasileiro.
Talvez nem o amor-próprio e o orgulho de ser brasileiro serão afetados positivamente; no caso do futebol, se o Brasil vencer e conseguir ser hexa-campeão trará uma grande alegria aos amantes de futebol, mas em nada mudará a decepção dos enfermos, que não têm hospitais minimamente decentes (quando tiverem hospitais, a maioria não será decente...) em que se internar...
Nos jogos olímpicos seria necessária a conquista de muitas medalhas de ouro para o mesmo fim e isso não me parece que será o caso.
Os nossos governantes que resolveram candidatar o País a sediar os dois eventos já gastaram muito dinheiro para promover as candidaturas.
Provavelmente por saberem que não serão eles que terão que arcar com os problemas que esses jogos trarão para os municípios e estados em que os jogos serão disputados.
Tipicamente brasileiro esse pensamento!
Peter Wilm Rosenfeld
Porto Alegre (RS), 23 de março de 2011

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