segunda-feira, 28 de março de 2011

Ícaro

Ícaro fora avisado pelo seu pai, Dédalo, de que não poderia voar perto do sol. As asas que o pai lhe construíra eram de penas coladas com cera, e o calor do sol poderia derretê-las. Embalado pelo prazer do voo e deslumbrado pela beleza do firmamento, Ícaro esqueceu os conselhos do pai e voou muito alto. A cera derreteu e ele despenhou-se no Mar Egeu.
Dédalo sabia o que dizia. Ele tinha construído o labirinto de Creta para aprisionar o Minotauro, esse monstro que nascera dos amores proibidos da rainha Pasifae. Inventor inveterado, ele tinha inventado outras coisas, como o fio que deu a Ariadne para libertar Teseu do labirinto. Dizem também que ajudou Parsifae a disfarçar-se de vaca para ser possuída pelo touro divino, pai do Minotauro.
Dédalo era um mortal comum, roído pela inveja e pela culpa. Não se preocupava com as consequências das suas invenções e não resistia a ajudar os amores caprichosos de uma mulher. Por isso, o rei Minos mandou encerrá-lo, com o seu filho, no labirinto que ele próprio construíra. As asas serviram aos dois para fugir da prisão.
Parece que Dédalo, ao contrário do filho, voou baixinho e conseguiu chegar à Sicília, onde alcançou os favores e a protecção do rei Cócalo. Dizem ainda que o rei, ao saber que Minos vinha à Sicília para perseguir Dédalo, preparou a morte do visitante numa banheira de água a ferver. Dizem, mas não é seguro. O que ficou para a posteridade, foi a trágica e grandiosa queda de Ícaro. E o sonho de voar perto do sol.
J. L. Pio Abreu, Destak, 24-03-2011

Dédalo e Ícaro, tela de Charles Paul London, 1799

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.

Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.

Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-