sexta-feira, 25 de março de 2011

Incursão no Iraque e na Líbia: a diferença

Fernando Bihari
Ontem, ou melhor, hoje (22 de março) de madrugada aqui (eram 2 da manhã por aqui... 22h00 no Brasil) eu assistia na TV Al-Jazeera (http://english.aljazeera.net/watch_now/) um documentário sobre o que estava acontecendo no Egito antes da "queda" do Mubarak. No documentário faziam comparações com o que aconteceu no Iraque e o que vem acontecendo em outros países do Oriente Médio (Líbia, Bahrein, Yemen, Siria e Arabia Saudita). Por outro lado estou lendo um livro muito interessante: "MOSSAD - Le guerre segrete di Israele" de Benny Morris e Ian Black. Juntando os dois, documentário e o livro, é possível começar a entender o que se passa nos países árabes constituídos, em quase ou em sua totalidade, de governos sob ditadura nas quais, com raras exceções, existe uma liberdade de imprensa nascente.
A diferença é do momento. Quando da incursão no Iraque, sob a mesma autorização da maioria do Conselho de Segurança da ONU, o momento ainda pegou a populaçào não inteiramente desejosa de dar fim ao tirano de plantão, Sadam Hussein. Na Líbia, como no Egito, a população se levantou antes da intervenção da ONU, principalmente no Egito em que tal intervenção não se fêz necessária devido ao melhor nivel, na média, de instrução e de facilidade na comunicação atraves de jornais (maior número, maior liberdade de expressão e maior número de leitores) e da Internet (maior acessibilidade) do que em comparação com a Líbia. Além disto por ter os Estados Unidos, na ocasião, um presidente republicano que é mais conservador e que tocava em maiores sensibilidades na alas esquerdistas (seja lá qual o título que queiram: "socialistas" ou "comunistas") o clamor contrário foi muito maior e as críticas mais abundantes, como são até hoje, mesmo com a retirada gradativa das forças armadas dos Estados Unidos, Inglaterra, etc...
A postura agora também é proclamada como de não "conquista territorial" e até o momento todos os países envolvidos negam objetivos de enviarem forças terrestres a Líbia.

Porém, o quadro político que estamos vendo no Brasil, com uma exuberante pleiade de partidos das diversas tendências "socialistas" e a quase completa ausência de vozes de partidos (?) de centro, centro-direita e direita fazem com que qualquer ação, mesmo quando os Estados Unidos não é o principal iniciador de tal ação, êste é o principal "culpado" da ação, logo intitulada, "imperialista".
Isto me faz lembrar os anos 60, quando em plena adolescência, eu ouvia diàriamente as Rádios Moscou, Praga e Pequim com os mesmos slogans que se ouviram quando da recém-visita do presidente americano, Barack Obama, ao Brasil. Poucos dos que gritam tais slogans de "anti imperialismo", por esquecimento ou ignorância, não se lembram do "imperialismo soviético" durante a Revolução Hungara de 52 e 56 ou da Primavera de Praga.
Basta ver a figura de Putin em sua declaração atual e o voto de abstenção da Rússia e da China quando ambos poderiam ter vetado a resolução do Conselho de Segurança da ONU de intervenção tanto no Iraque quanto na Líbia. Se ambos estivessem contra que vetassem, por que então se absteram de votar?
Para os menos esclarecidos, Putin foi o último chefe da KGB!!!
Não sei se consegui explicar as diferenças entre o ocorrido no Iraque e na Líbia...
Texto: Fernando Bihari
Título e Edição: JP
Bandeira do Iraque. Foto: Ali Al-Saadi/AFP
Antiga bandeira da Líbia. Foto: Patrick Baz/AFP
Atual bandeira da Líbia, criada por Kadhafi em 1977

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