Nivaldo Cordeiro
A reação de José Dirceu e José
Genoíno à condenação pelo STF, no caso do mensalão, merece uma reflexão. Eles
não apenas repudiam a sentença, mas o julgamento em si, como se aquele tribunal
fosse de exceção e eles vítimas de perseguições políticas. A insensibilidade
moral dos réus agora apenados é escandalosa.
Para ambos, realizar o que se
chamou de mensalão não passou de ato de rotina daqueles que chegaram ao poder
pelo voto, como se isso os tornasse plenipotenciários e acima do bem e do mal.
Com o mensalão, fizeram apenas um atalho para realizar a vontade do novo
príncipe. A oposição legislativa era uma chateação e um obstáculo a ser
superado, em face das limitações que impunha ao exercício do poder. Comprar os
votos foi o caminho mais curto para fazê-lo.
Estamos aqui diante da mais
crua convicção de que os fins justificam os meios. É a mesma ética deformada
dos revolucionários que, nos anos sessenta, ousaram tomar armas contra o Estado
brasileiro. Tudo em nome da missão messiânica que foi dada a si mesmos por
eles.
É problema menor que ambos
sejam essa frieza moral petrificada, que lhes veda o sentimento de culpa. O
problema maior é perceber que parte ponderável da população endossa essa visão
vitimizada da dupla. A prova mais dura dessa realidade é a pesquisa do
Datafolha, que indica intenção de votos em Fernando Haddad, no segundo turno
para a prefeitura de São Paulo, com consagradores 47%. Aqui podemos dizer que o
crime revolucionário compensa e que os fins justificam os meios de fato.
Vemos que um dos mais
perversos frutos da revolução gramsciana que se desenvolve há décadas é esse
embotamento moral, em que as pessoas deixam de saber diferenciar o certo do
errado, o moral do imoral, o legal do criminoso. A imoralidade virou movimento
de massas no Brasil, em movimento semelhante ao que se verificou na Alemanha de
Hitler, tão belamente descrito no romance As Benevolente, de Jonathan Littell.
O Brasil, como a Alemanha de outrora, está prenhe de violência revolucionária.
Basta conversar com os partidários de Fernando Haddad sobre o mensalão e suas
consequências para se ver o ódio espumante que carregam. Essa gente com poder
total fará pior que nazistas.
A imoralidade como movimento
de massa, como desdém à ordem legal constituída e a implícita delegação para que
o partido dominante faça a sua agenda, a despeito das leis, é doença psíquica
grave, de potenciais consequências nefastas. Por sorte o STF deu demonstração
de vitalidade, dando a impressão de que a elite estamental do Estado ainda
mantém um mínimo de lucidez. Mas bem vimos ministros lamentarem ter que
infringir sentença a José Genoíno e mesmo a José Dirceu, por carregarem
supostamente uma bela biografia de revolucionários. Apavorante.
O que nos livra da barbárie
final por enquanto é a legalidade e sua implícita moralidade. Mas é uma força
frágil, que depende da inteireza moral dos governantes. Estamos vendo que essa
condição moral está sendo perdida, mormente se Fernando Haddad se eleger
prefeito de São Paulo em pleno julgamento do mensalão.
Título e Texto: Nivaldo
Cordeiro, 11-10-2012
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