João César das Neves
Karl Marx voltou a este mundo. Fiel aos seus hábitos, foi sentar-se na sala de leitura da Biblioteca Nacional, como há 150 anos no British Museum, lendo jornais e outras publicações, para se actualizar acerca da situação sócio-económica. Ao fim de algumas semanas foi reconhecido por um repórter do Destak, que tentou entrevistar o grande economista.
Karl Marx voltou a este mundo. Fiel aos seus hábitos, foi sentar-se na sala de leitura da Biblioteca Nacional, como há 150 anos no British Museum, lendo jornais e outras publicações, para se actualizar acerca da situação sócio-económica. Ao fim de algumas semanas foi reconhecido por um repórter do Destak, que tentou entrevistar o grande economista.
Não foi fácil a abordagem,
pois o génio irascível recusava interrupções, mas acabou por prestar
declarações: «Pelo que vejo, meu jovem, as coisas não mudaram muito neste
século que perdi. O capital continua a explorar, as massas são oprimidas, e os
governos, mesmo republicanos, mantém-se reaccionários. Não admira que o meu
nome seja tão assustador como sempre foi. A luta continua.
”Uma coisa me espanta. Os protestos
laborais de hoje são muito diferentes dos do meu tempo, coisa que os marxistas
actuais não parecer perceber. Quem faz greve e manifestações são privilegiados
para proteger benesses do Estado. Os trabalhadores das empresas privadas não se
atrevem a protestar, com medo de perder emprego, e ainda têm de suportar faltas
de transportes e outros serviços por causa das greves dos que as podem fazer.”
“Que isto aconteça não me
surpreende, porque a burguesia e seus lacaios foram sempre assim. O que me
revolta é que isto seja feito em meu nome, por partidos que se dizem de
Esquerda e usando a linguagem que lhes ensinei. Não entendo como pessoas que se
dizem marxistas podem andar a defender os interesses de burgueses mascarados de
proletários. Eis a grande contradição”.
Título e Texto: João César das Neves, Destak, 04-10-2012
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