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Petrobras? "Coitada". |
Francisco Vianna
Vamos chamá-la pelo que ela é,
pois não? A Petrobras (PBR) é o
patinho feio das empresas multinacionais de petróleo.
Alguns dizem que ela não
deveria ser assim. Em 2007, ela descobriu uma reserva na plataforma continental
estimada em 40 bilhões de barris de petróleo cru. Novas descobertas se
sucederam quase anualmente, embora de jazidas muito menores. A empresa é uma
das mais capacitadas em extração de petróleo em águas profundas das Américas.
E, graças a isso, o Rio de Janeiro acha que o recém- encontrado petróleo pela Petrobras pode, um dia, transformar o Oceano Atlântico num Mar
do Norte ou da Noruega.
Aliás, a Petrobras tem sido
uma enorme decepção para os investidores. Se você possui quotas MSCI Brasil (EWZ) do fundo de
ações negociáveis na bolsa, o grosso das perdas de capital ocorridas ao longo
do ano passado se deve às ações da Petrobras. Apenas neste ano (2012), as ações
da Petrobras caíram 16,92 por cento. A percentagem não abrange todo o petróleo
nas Américas, evidentemente. Mas o Índice Petrolífero S&P tem tido um
aumento de 7 por cento ao ano até agora.
E o que dizer da competição?
Bem, para os iniciantes, a Petrobras na verdade não tem nenhuma no Brasil, nem
de empresas nacionais ou muito menos de empresas estrangeiras. Mas os
investidores em busca de empresas com grandes reservas de petróleo costumam
considerar a PBR uma se suas favoritas. Pelo menos, esse era o caso dos
passados dias de glória do verão de 2008, quando a Goldman Sachs estabeleceu
que a ação da estatal brasileira valia 60 dólares. Hoje, esse valor não passa
de 16 dólares.
Ei, a Chevron (CVX) está no
Brasil. E o índice dela é superior a 6,67 por cento. A Royal Holandesa Shell (RDS.A) também está lá, mas suas ações só caíram
algo em torno de 3 por cento. Pode-se achar que uma das mais odiadas
multinacionais petrolíferas do pós-vazamento de óleo no Golfo do México, a British Petroleum (BP), mas, na
verdade, a empresa tem importantes investimentos no Brasil, a maioria deles em
terra firme. Suas ações tiveram alta de 2,79 por cento. As da ExxonMobil (XOM)
também tiveram a mesma alta. É difícil achar uma empresa que prospecta gás e
petróleo, que esteja envolvida ao mesmo tempo em prospecção, extração e refino
de petróleo, que possa estar indo tão mal quanto a Petrobras. Até a REPSOL
espanhola, relegada aos balancetes no vermelho, está indo melhor para os seus investidores,
com uma valorização de 3,6 por cento de suas ações.
Na semana passada a BARCLAYS
CAPITAL (BARCAP) recomendou que o peso empresarial da Petrobras fosse
equalizado em sua posição, citando suas previsões de uma boa valorização de
suas ações no longo prazo, mas advertiu que haverá uma depressão no vaor da
ação no curto prazo. A BARCAP tinha superestimado a ação em junho último. A
desvalorização do papel caiu em torno de 34 por cento no ano. A única vez que a
Petrobras teve uma ação sobrevalorizada foi no quarto quadrimestre. Mas entre 30
de setembro e meados de janeiro do ano em curso, a ação da Petrobrás chegou a
perder mais de 20 por cento do seu valor de mercado.
Tudo isso é passado, papai,
passado.
Pedi a alguns leitores da
Forbes no Twitter que expressassem o que achavam da Petrobras. Eis algumas
opiniões:
A Petrobras não é uma empresa que visa lucro. Mas, por outro lado, a estatal está sentada num mar de petróleo. Não está disponível qualquer avaliação de longo prazo para investimento em ações da Petrobras.Tais papéis não são tampouco para a especulação de compra e venda. A Petrobras é também usada como um ‘mecanismo de controle da inflação’ pelo governo. Os preços da gasolina e do diesel praticados pela PBR são decididos pelo governo, que possui a empresa e tem sob seu controle o oligopólio do petróleo no país. E sabendo que a inflação real no Brasil está atingindo sua meta máxima, (acima de 6%), imaginamos que o governo estará relutante em aprovar qualquer aumento de preço dos produtos da Petrobras aos consumidores. O governo quer que a Petrobras faça tudo e aí é que está o problema. Mais especificamente, a ação governamental tem indiretamente causado impacto negativo sobre o fluxo de caixa da estatal, ao mesmo tempo em que os incentivos do governo têm motivado os brasileiros a comprar mais carros e portanto consumir mais petróleo. O problema é que a produção da Petrobras não pode suprir o consumo interno e ela necessita importar petróleo para evitar o desabastecimento. Não é preciso dizer que sem aumentar os preços, a Petrobras está importando petróleo mais caro do que o que lhe é permitido vender aos consumidores nacionais. Vejo isso como um investimento especulativo. A quantidade de reservas do pré-sial (bacia de Santos, no Oceano Atlântico) são impressionantes, mas a questão é saber quando e como a extração desse petróleo novo irá se materializar”. – Stephan Zanga, Sócio fundador da SZA Projeta Ltd., uma empresa de pesquisa de mercado para butiques,com base em São Paulo. Analista financeiro registrado na Comissão Brasileira de Câmbio e Seguridades.
Idiossincrasias à parte — que não são poucas — acredito que as ações da
Petrobras se encaixam no grande quadro pintado para as ações brasileiras ao
longo dos últimos anos: a maioria dos investidores fez com que acreditassem
numa nova era de crescimento acelerado com grandes lucros no país, para logo
ficar provado que estavam errados num par de anos. Acredito que este tipo de
investidor está gradualmente abandonando suas aplicações no Brasil, o que, decerto,
está forçando os preços de suas ações para baixo. A contrapartida disso é a de
que eu acho que as ações agora estão em mãos mais fortes, com expectativas mais
realistas e a preços médios melhores. No caso específico da Petrobras, uma
tonelada de más notícias já está incorporada aos preços atuais de suas ações,
que a maioria dos entendidos considera grosseiramente baixos e que faz a
maioria dos investidores individuais especuladores a se desfazer dela. Nessa
fase, a oferta excessiva tende a manter os preços baixos e é hora para os
investidores reais – os do longo prazo – comprá-las. A situação se assemelha a
um caso clássico de contrários, mas não se trata senão da aplicação da mais
importante lei da economia: a da oferta e da procura. O governo, também, tem
percebido que não pode deixar a maior empresa do país e também maior
investidora esfomeada por dinheiro. O aumento mais recente nos preços de combustíveis
combinado com alguma valorização da moeda deverá aliviar as dificuldades da
estatal. - Luciano Ribeiro Sobral,
gerente de portfólio da FRAM Capital em São Paulo.
Tradução: Francisco Vianna
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