João Bosco Leal
Atualmente as pessoas dizem que querem um compromisso sério e que ninguém mais quer isso. Que todos só querem “ficar”, “curtir”, mas assumir compromissos, não.
Atualmente as pessoas dizem que querem um compromisso sério e que ninguém mais quer isso. Que todos só querem “ficar”, “curtir”, mas assumir compromissos, não.
Com todas as mudanças
culturais, educacionais e liberalizações ocorridas nas últimas décadas,
realmente fica difícil imaginar que um jovem – que muitas vezes já passou dos
trinta anos e ainda mora na casa dos pais -, queira trocar essa vida de
liberdade, casa, cama, comida e roupa lavada, por uma de responsabilidade,
trabalho e compromissos diversos que a vida de um casal exige.
Mas isso não está ocorrendo
somente entre os mais jovens, pois entre as pessoas que se mantiveram
solteironas, ou que se tornaram viúvas, separadas ou divorciadas, a reclamação
é a mesma. Ninguém mais quer assumir compromissos com ninguém.
Com as facilidades
tecnológicas atuais, conhecem-se mais pessoas virtualmente do que pessoalmente
e passou a ser comum com elas trocar centenas de informações antes de realmente
encontra-las fisicamente.
Recentemente ouvi um jovem
universitário dizer que não sabia qual moça havia mordido seu lábio que estava
bem marcado, pois na “balada” da noite anterior beijara tantas, que nem
percebera quando isso ocorrera. Durante esse tipo de festa os rapazes – e
outros já com bem mais idade que também as frequentam -, beijam todas por quem
passam, como se isso fosse extremamente natural.
Entre esses jovens o assunto
mais comum dos dias posteriores a essas festas é contar quantas “pegou” – termo
utilizado para dizer que beijou, abraçou e “apalpou” -, durante uma única
noite. E o mais surpreendente é que as jovens também saem contando por quantos
foram “pegas”.
Claro que isso se torna um
círculo vicioso, pois quando o rapaz se cansa dessa vida e começa a pensar em
determinada estabilidade emocional, família e filhos, não consegue assumir
nenhum compromisso mais sério com quem ele já pegou e já viu ser pega por
muitos, por mais que seja uma moça bonita, simpática, educada e com ela tenha
curtido momentos de bastante prazer.
Esse compromisso implica em
algo bem mais abrangente, com muita amizade, companheirismo, cumplicidade,
sonhos e projetos comuns, e para assumi-lo ele quer alguém que, como ele,
busque algo duradouro, com perspectiva de futuro.
Uma pessoa que realmente
esteja disposta a dividir sua vida com outro, abrir-se para milhares de novas
possibilidades desde que sempre compartilhadas com quem não terá segredos,
detalhes desconhecidos, ambições, interesses ou sonhos que não poderão ser
contados.
Em decorrência disso, em
relacionamentos assim, a liberdade é total. Ninguém se preocupa com o fato do
outro, se eventualmente necessário, atender seu celular ou abrir sua página
social, pois quando há transparência não existem segredos e a confiança é maior
que a dúvida.
Os que desejam partilhar
totalmente sua vida com outro, sabem que em bem pouco tempo os desejos mútuos
serão conhecidos numa simples troca de olhar, e muitas vezes rirão do tamanho
dessa intimidade e conhecimento.
Compromisso é permitir que o
outro entre plenamente em nossa vida. Sonhar junto sem se sentir ameaçado,
marcar um horário sem se sentir controlado, dividir o espaço sem se sentir
invadido.
Assumir um compromisso não é perder a liberdade, mas exercitá-la, na
escolha de estar com alguém.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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