Um dos mantras padrão da
economia atual, tanto no Brasil quando no exterior, é o de que empresas e
corporações estão somente sentadas sobre montes de dinheiro e não fazem nada
com ele.
Na verdade, elas mantêm muito
capital improdutivo, como se pode observar em seus balanços e em suas
contabilidades. Tal prática parece um tipo de quebra-cabeças que deve ser
considerado como um "fator tributário" e, além do mais, essas
empresas e corporações mudaram: estão a manter estoques e contas a receber,
ambos, de forma subdimensionada...
Ora, todo mundo sabe que o
alvo "progressista" da tributação não deve ser, por um lado, o
capital investido, e, por outro, o resultado da remuneração do trabalho e, sim,
se concentrar no lucro, ou seja, no resultado da operação capitalista que é
efetuada segundo as normas de mercado e das leis vigentes no país.
Como isso nem sempre é
respeitado e observado, isso nos leva a outro mantra econômico favorito:
"há uma diferença entre 'mudança estrutural' e 'mudança cíclica'", e
é essencial que notemos essa diferença.
Por exemplo, podemos observar
a relação (seja ela qual for) entre a tesouraria das empresas nas décadas de
1970 e de 1980, bem como o comportamento corporativo subsequente para, em seguida,
tentar presumir que tipo de relacionamento elas irão ter ao longo de 2013.
Assim, portanto, que tal se
destacarmos as principais mudanças estruturais subjacentes ocorridas na
economia no período entre 1980 e 2013?
Não só, de fato, tem havido
tais mudanças como, também, temos computado de forma abrangente como elas têm
sido operadas até agora. Há muito tempo se diz que se pode ver o impacto da
informática em todos os setores da vida humana, exceto na verdade, para valer
mesmo, nas estatísticas econômicas. Parece não estar sendo obsevada a explosão
de crescimento que seria de se esperar com a adoção de uma tecnologia nova e
importante como esta de controle e armazenamento de dados.
No entanto, se pensarmos sobre
isso, poderemos ver o impacto da computação nos balanços dessas corporaões.
Para uma coisa a adoção em massa de computadores tem servido (como também o uso
do contêiner de transporte): o melhor aproveitamento do tempo. Todo mundo,
agora, está mantendo estoques muito mais reduzidos do que mantinham em outras
épocas, de qualquer meio de produção. Desde peças, peças para fabricarem peças,
máquinas e matérias-primas. O mesmo pode ser visto com o emprego de mão-de-obra.
Indústrias inteiras já operam
na base daquilo que seus clientes encomendam e efetivamente compram (a prova
disso é o código de barras que figura nos produtos), produzindo amanhã o que é
comprado e encomendado hoje.
A tamanha eficiência alcançada
hoje pelas empresas e corporações em suas linhas de produção e serviços,
deveria acompanhar uma maior agilidade no investimento de capitais acumulados
no sentido de fazer crescer e diversificar não apenas a produção mas também o
trabalho, o que levaria a um aumento contínuo da riqueza produzida.
Uma das coisas que realmente a
economia vê se esvaziando são as pilhas de estoques de insumos e partes a serem
usadas o que representa imensos capitais imobilizados, sujeitos ao risco
presumido de ser tornarem inúteis em função da vertiginosa evolução
tecnológica.
Com isso, os estoques sumiram
dos almoxarifados e seus valores aumentaram em correspondentes reservas de
capital que estão imobilizadas, sem produzir nada, apenas esperando para serem
usadas.
Daí os enormes 'saldos de caixa'
em empresas, capitais importantes que costumavam ser usado para financiar tais
estoques, máquinas, peças, e ações de melhoria de mão-de-obra e que agora não o
fazem mais, permanecendo alí, apenas como uma cifra contábil, que pode
perfeitamente ser considerado como "lucro líquido".
Tais montantes estão jazendo em contas
bancárias e aplicações meramente financeiras e especulativas ao invés de
estarem sendo aplicadas como manda o moderno capitalismo produtivo. Em algum
momento, todos vão perceber que esta é uma mudança estrutural e não apenas
cíclica, e que o dinheiro será devolvido aos acionistas.
Em que ponto desse processo
teremos corporações administrando o que, em outras épocas, se considerava uma
forma indireta de acúmulo de capital?
Tal capital parado e desviado
para a atividade especulativa meramente financeira deve ser visto como lucro e
tributado pelo estado, o que fará com que tais corporações se mexam no sentido
de aplicá-lo em outros investimentos produtivos.
Por outro lado, é fundamental
que os economistas e criadores de poíticas econômicas que trabalham para os
governos, compreendam que a tributação deve, basicamente, incidir sobre o lucro
(resultado esperado de qualquer operação capitalista) e não onerar o
investimento (capital aplicado) e a remuneração do trabalho (capital humano).
Título e Texto: Francisco Vianna, 17-02-2013
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-