sábado, 16 de fevereiro de 2013

“Paraíso na Terra – como criar prosperidade em massa”

Lydia Ellis

Para aqueles que, após cinco anos de austeridade (e aumento da dívida), se desesperam a respeito de como promover o crescimento social, ou seja, político e econômico, o livro “Paraíso na Terra” (Heavens on Earth) é indispensável como leitura de cabeceira ou de salas de reuniões. Nele, o autor J.P. Floru investiga oito países que têm transformado suas economias criando crescimento importante e duradouro. Em épocas e lugares diferentes, os métodos usados para fazer a mudança da escassez para a fartura têm sido marcadamente similares. Às vezes, o método é surpreendente: quem pensaria que existem grandes correlações entre a Revolução Industrial ocorrida na Grã-Bretanha, a revolução capitalista na China Comunista de 2013, o pós 2ª Guerra Mundial na América e a era Pinochet no Chile?
“Se Júlio Cesar tivesse conhecido George Washington em 1760, ele teria encontrado o mundo muito pouco mudado. Teria sido servido à mesa por escravos e comido comida preparada por escravos numa mansão. A expectativa de vida seria de vinte e oito a trinta e cinco anos. A apenas 250 anos mais tarde o imperador romano teria ouvido conversas sobre missões ao planeta Marte...” Então, o que aconteceu? O livro traz tais argumentos à luz com abordagens como essas.
Conhecer “Sideline Stan”, o novo Ministro do Trabalho da Nova Zelândia, quem sistematicamente se recusou a intervir em conflitos sociais em seu país. Ser apresentado a John Cowperthwaite, de Hong Kong, quem enviou estatísticos provindos de Whitehall no primeiro avião de volta para onde tinham saído: as estatísticas serviriam apenas para interferir e lesar a economia. Ao mesmo tempo, ‘Paraíso na Terra’ explica os principais conceitos econômicos que são relevantes hoje em dia: a Curva de Laffer, da Economia Austríaca, a sabedoria de Adam Smith (sem coincidência por ser J.P. Floru um membro do Instituto Adam Smith) e os trabalhos da Economia Keynesiana (ou melhor: porque eles não funcionam).
Muito embora ideias existentes bem conhecidas e citações sejam usadas, às vezes o livro exibe uma grande originalidade: “A Falência da Espiral Regulatória” é a situação bastante comum de governos centralizadores tentando corrigir fracassos de regulamentos com mais regulamentos. A “Santíssima Trindade” de governos perdulários: “taxar, emitir e pegar dinheiro emprestado” é extensivamente identificada e desancada em críticas. Como dito antes, os elos entre culturas econômicas tão profundamente diversas podem parecer surpreendentes. Alguns podem também se surpreender ao tomar conhecimento de que a preocupação com os pobres permeia todo o livro. A pobreza não é apenas um estado em que as pessoas vivem, ela tem que ser criada: é criada principalmente pela opressão econômica e a ignorância, Só o livre mercado e o investimento maciço em educação e ensino profissionalizante pode acabar com a pobreza e melhorar a cidadania e a sociedade. O que os governos têm que fazer é apenas garantir que a economia seja livre para crescer segundo suas regras próprias e empregar todos os meios a seu alcance para que as pessoas se eduquem e se tornem profissionais competentes ou mão-de-obra qualificada. A grande evolução do capitalismo ao longo do século XX foi a de, finalmente, considerar o trabalho competente tão importante quanto o capital investido na geração de riqueza.
“Paraíso na Terra” tem como subtítulo “Como Criar Prosperidade em Massa?”, e é tratado no capítulo 9º, mas não busca dar qualquer receita. O livro é completo, esclarecedor e divertido, e uma leitura para os dias em que estamos vivendo.
Título e Texto: Lydia Ellis
Tradução: Francisco Vianna

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