Na Venezuela, oposição teme
que Maduro suspenda as eleições municipais de dezembro, um passo decisivo para
uma ditadura aberta e direta, ao estilo cubano.
Francisco Vianna
Dirigentes da oposição
venezuelana disseram, na passada sexta-feira, que acham que o regime autoritário
de Nicolás Maduro vai suspender as eleições municipais de dezembro em face do
prognóstico de que sofreria uma derrota acachapante.
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Uma eleitora deposita seu voto
em Caracas nesta imagem de arquivo. Foto: STR/AFP/Getty Images
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Os pronunciamentos ocorrem no
momento em que o país se vê imerso em rumores de que o chavezismo já decidiu
internamente que não tem condições de competir no pleito eleitoral, e que, para
evitar uma coça humilhante, não terá alternativa senão a de suspender as
eleições.
Segundo o Deputado William
Barrientos, falando de Caracas, “o governo sabe que vai perder na grande maioria
das cidades e, inclusive, as prefeituras que tinham como “seguras”, dentro de
seu prognóstico”. “Há um descontentamento generalizado que vai traduzir-se num
voto-castigo e perante tal situação se tenta criar um esquema para ver como
fazer para suspender o evento eleitoral”.
Fontes governamentais disseram
que a suspensão das eleições é uma alternativa que está sendo considerada
seriamente dentro do chavezismo.
E a possibilidade de que tente
levar isso adiante está sendo debatida internamente dentro da coalizão de
partidos da oposição arregimentada sob a Mesa da Unidade Democrática, explicou
o deputado William Dávila.
“Essa é uma possibilidade que
não podemos ignorar, uma vez que, praticamente, já vivemos uma ditadura civil.
Este é um regime que não vai abrir mão do poder de modo pacífico e
institucional e, para isso, não hesitará em contrariar a Constituição ou
qualquer outra lei. E, do jeito que as coisas vão, vão consolidar a sua
hegemonia política a qualquer custo”, disse Dávila.
Essas eleições ganharam uma
importância extraordinária pela possibilidade que terão de demonstrar
conclusivamente qual dos lados “realmente” ganhou as eleições presidenciais de
abril último, onde a diferença de Maduro para Capriles foi irrisória (1,5
pontos percentuais), não tendo o chavezismo atendido a veemente solicitação da
oposição de uma auditoria internacional sobre o pleito, em função de Capriles
te impugnado o certame alegando milhares de irregularidades que, de fato,
alteraram o resultado a favor de Maduro.
Segundo os cálculos da
oposição, Capriles ganhou a eleição com pelo menos uma margem de meio milhão de
votos. Mas essa vantagem teria sido muito maior numa nova eleição diante da
acelerada deterioração da popularidade do chavezismo registrada nos últimos
meses em meio da agudização da crise econômica em que o “socialismo
bolivariano” mergulhou o país. “Todas as pesquisas mostram que Maduro tem um
índice de rejeição de 61 a 64 por cento, com mais de 50 por cento considerando
a sua gestão como ruim ou muito ruim”, comentou o Deputado Barrientos. “Sabem
que, das 335 prefeituras que estão em disputa, o governo estaria perdendo más
de 240 e isso é muito perigoso para eles”, acrescentou.
A queda na popularidade
ocorrer em meio a uma crise econômica feroz que se traduz por uma altíssima
inflação, com projeções de que se converta este ano na mais alta do mundo com
uma taxa superior a 50 por cento ao ano, e agudos problemas de desabastecimento
que mantêm as prateleiras dos supermercados vazias e estão levando os venezuelanos
a brigar entre si por produtos nos pontos de venda.
Por outro lado, a falta de
recursos do governo tem levado o chavezismo a abandonar os programas sociais,
conhecidos como ‘Grandes Misiones’, que previamente favoreciam os eleitores
chavezistas dentro dos sectores populares.
E o que é pior, o chavezismo
também está registrando muitas deserções dentro do governista Partido
Socialista Unido da Venezuela (PSUV) que faz com que futuras vitórias
eleitorais tenham opções cada vez mais distantes.
O dirigente oposicionista
Pablo Medina disse recentemente numa entrevista que as deserções do chavezismo
foram provocadas pelo favoritismo e pela arbitrariedade com que Maduro designou
seus candidatos municipais para as eleições. “Há uma rebelião nacional de militantes
do PSUV que estão descontentes pela intervenção de Maduro ET caterva, quando
impuseram a dedo mais de 47 por cento dos candidatos a prefeito em toda a
Venezuela”, explicou Medina.
“Não respeitaram a decisão das
bases e passaram por cima do que chamam de ‘democracia participativa’.
Demonstraram as suas bases que a “democracia protagonista” era uma grande
fraude”, acrescentou.
A decisão de Maduro fez com
que dezenas de seus dirigentes comunais se separassem do movimento criado pelo
finado Hugo Chávez e a competir contra os candidatos do PSUV.
Segundo Medina, 126 dirigentes
chavezistas de importância em nível municipal já decidiram romper com o PSUV e
o também governista Polo Patriótico para competir diretamente contra os
candidatos impostos pelo politiburo revolucionário “bolivariano”.
Título e Texto: Francisco Vianna, (da Mídia
internacional), 14-10-2013
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