José Manuel Moreira
A fortuna dos Bill Gates e os
descontos dos Belmiros irritam os muitos idiotas úteis que se dão ao luxo de
tanto apoiar políticas de fabricação de pobres como de denunciar as
desigualdades indevidas.
A vinda à Gulbenkian de T.
Piketty, autor de "O Capital no Século XXI", foi um ponto alto na
onda de indignação contra a concentração da riqueza. Onda que, com este
académico-estrela pop, deu em calhamaço de 700 páginas. A culpa é do capitalismo
e dos mecanismos de mercado, daí a exigência de aumento de impostos sobre os
ricaços para a devida redistribuição.
Os dados são discutíveis, mas
a argumentação encantou os ressentidos que desejam desalojar quem está sentado
em cima de tanto dinheiro e propriedades para dar lugar aos que se querem
sentar em cima do Estado. Um ódio aos herdeiros que justifica a crença no
"novo Marx": que presume saber quando a desigualdade é excessiva e
como "regular" o capitalismo. Estendendo a passadeira vermelha aos
homens do sistema - "o Demónio não soube o que fez quando criou o homem
político: enganou-se, por isso, a si próprio" (Shakespeare). Com aval a um
Estado perverso que, depois de endividar os filhos e os obrigar a emigrar,
sorteia carros e premeia cobradores. Sem que o escol progressista que desconfia
dos políticos, mas ama este Estado, se ocupe da relação entre a concentração da
riqueza e o excesso de intervencionismo. Ou se preocupe com o enriquecimento
dos políticos e ditadores do planeta.
Estranha-se que nas 700 páginas
Böhm-Bawerk não apareça, apesar das 70 referências a Marx que, diz-se, deixou
"O Capital" reduzido ao 1º volume depois de ter lido o
"austríaco". Escola que o levaria a não deixar tão de fora o capital
humano e a perceber como a tecnologia e a globalização obrigam os mais ricos a
dar lugar a outros. Descobrindo que o termómetro para medir a riqueza (ou a
pobreza) é a quantidade de bens e serviços que a maioria da população pode
adquirir, não a concentração da propriedade. Assim sendo, como explicar tanta
popularidade deste rock-star da economia?
O psiquiatra T. Dalrymple em
"Jardim da Inveja de Piketty" (Mises Brasil) toma o sucesso do livro
como homenagem ao nível de inveja - palavra final de "Os Lusíadas" -
que impera entre nós. Daí que a fortuna dos Bill Gates e os descontos dos
Belmiros irritem tantos idiotas úteis: que se dão ao luxo de tanto apoiar
políticas de fabricação de pobres como de denunciar as desigualdades indevidas.
Os mesmos que aplaudem o tratado sobre economia política do ressentimento numa
Fundação que não existiria se na altura o tal imposto sobre o capital de
Piketty já tivesse vingado. Um imposto global que para evitar fugas terá de ser
garantido por uma autoridade mundial com poder para o estabelecer, arrecadar e
impingir.
Uma espécie de União Europeia
gigante, que, por certo, não descuidará a necessidade da nomenklatura desse
governo supremo mundial dispor de um paraíso fiscal para lá colocar o seu
próprio dinheiro. Note-se que Cuba nem aparece na nova Bíblia e o diabo do Hollande,
que avançou e recuou no tal imposto, tem sido exorcizado pela fé progressista
que entre nós já tem 12 apóstolos e romagens a Évora:
Quiçá para pagamento adiantado
do imposto sucessório?
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