No último domingo, a Polícia Civil chegou ao “casarão do tráfico”, entre a Rua Joaquim Silva e a Travessa do Mosqueira, onde foram apreendidos mais de R$ 100 mil em drogas
Patricia Lima
Investigações realizadas pela Polícia Civil resultaram no fechamento de um “casarão do tráfico”, localizado no bairro da Lapa, no Centro do Rio, durante uma operação realizada neste domingo (30). No local, os agentes da 5ª DP (Mem de Sá) encontraram uma espécie de “bunker”, com direito à porta de ação de 300 kg e passagem secreta.
No imóvel, aparentemente
abandonado, funcionava uma movimentada “boca de fumo”, onde viciados em
diversas drogas faziam fila na porta para comprar os entorpecentes.
No casarão, localizado entre
as Rua Joaquim Silva e a Travessa do Mosqueira, os
policiais prenderam em flagrante Magno Cavalcanti de Barros, de 27 anos, e
Nathan Souza Resgate, de 22 anos, que vão responder pelos crimes de tráfico de
drogas, associação criminosa e resistência à prisão.
Os criminosos tinham passagem
pela polícia por tráfico e roubo. Contra Nathan Souza foi cumprido um mandado
de prisão temporária. O traficante estava foragido da Justiça desde outubro,
após ser beneficiado pela saída temporária e não retornar ao presídio.
A Travessa do Mosqueira, que liga a Rua Mem de Sá e a Joaquim Silva, foi transformada em um reduto do tráfico de drogas ligado ao Comando Vermelho. Aos muitos sobrados parcial ou completamente destruídos ali localizados, se soma um prédio estatal na esquina da Mem de Sá, na configuração de um dos pontos nevrálgicos da comercialização de entorpecentes no bairro da Lapa e adjacências.
São diversos edifícios
históricos em ruínas, sendo utilizados para a prática de toda sorte de
ilicitudes a poucos metros de um dos pontos mais emblemáticos da região: os
Arcos da Lapa.
Abandonada, a região foi
transformada em ponto de encontro de aglomerados de viciados em crack e outras
drogas, que se reúne no entorno do monumento e na Travessa do Mosqueira,
amedrontando moradores, trabalhadores e pedestres.
O abandono do patrimônio
histórico do Rio de Janeiro tem gerado infortúnios tenebrosos para a cidade,
que vão desde desabamentos, com mortes até a utilização das estruturas para a
prática de crimes diversos.
Diante dos últimos
acontecimentos, como o desabamento de uma edificação que matou um homem dentro
de um carro e a queda de parte da fachada da sede da Sociedade de
Medicina e Cirurgia do Rio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) manifestou
a intenção de desapropriar imóveis na região central que estejam em mal estado
de conservação, para a sua devida revitalização.
A Câmara Municipal do
Rio de Janeiro (CMRJ) já conta com um Projeto de Lei que
regulamenta a intervenção da Prefeitura em imóveis
particulares com risco de colapso iminente, nos casos em que o proprietário se
omitir, mesmo após notificação.
A proposta é de autoria dos
vereadores Carlo Caiado (PSD), Pedro Duarte (Novo) e Talita
Galhardo (PSDB) e regulamenta o inciso III do artigo 284 da
Lei Complementar 270/2024, que tem como objetivo evitar tragédias
decorrentes do desabamento parcial ou total de edificações em más condições de
conservação.
Pelo texto, a Prefeitura pode
intervir nas construções após a apresentação de um laudo técnico da Defesa
Civil, por meio do qual fique constatado o risco de morte, à segurança ou à
integridade física de moradores e da coletividade.
Após a autorização, a
municipalidade poderá realizar reparos emergenciais, contenções ou até a
demolição, sem a necessidade de manifestação prévia do dono do imóvel, que será
responsável pelos custos das intervenções.
Em caso de não pagamento, os
valores serão inscritos em Dívida Ativa, com posterior cobrança judicial. Em
caso de desapropriação, os débitos do imóvel, como impostos e multas, serão
descontados do valor a ser pago.
Quanto aos Imóveis tombados ou
preservados, à Prefeitura só será permitido demoli-los depois da apresentação
de um parecer do órgão de tutela competente. A exceção é para casos de risco
iminente de desabamento.
“Diante da inércia de
proprietários que, mesmo notificados, deixam de tomar providências para
corrigir problemas estruturais, é imprescindível que o Executivo tenha meios
legais para agir com celeridade”, justificaram os vereadores no PL,
que prevê a regulamentação por decreto, o qual definirá os prazos para o
cumprimento das notificações, considerando a urgência e a complexidade das
intervenções.
A matéria também assegura ao
proprietário, o direito à ampla defesa e ao contraditório, antes da execução
das medidas previstas em lei pelo Executivo municipal.
A proposta visa a ampliação
dos instrumentos legais já disponíveis para a assegurar a proteção da vida e
das boas condições urbanísticas da cidade, em conformidade com a legislações já
existentes como o Reviver Centro e a lei de Reconversão
de Imóveis.
Com a medida, o poder público
pretende preservar a vida e a segurança dos cidadãos, além de proteger o
patrimônio histórico e cultural da cidade contra a sua degradação estrutural e
de finalidade, para evitar casos como o “casarão do tráfico”, onde foram
encontradas mais de duas mil unidades de drogas, entre maconha, skank, haxixe,
pedras de crack e pinos de cocaína, totalizando um valor estimado de R$ 100
mil, segundo a Polícia Civil.
Em operações policiais
anteriores, os agentes já haviam fechado outros casarões abandonados, que
também eram usados para prática de ilícitos. O bunker do “casarão tráfico”, que
a Polícia Civil suspeita pertencer ao traficante Wilton Carlos Rabelo Quintanilha,
conhecido como Abelha, um dos chefes do Comando Vermelho, representa vários
passos à frente no desvio de finalidade do patrimônio da cidade.
No imóvel, os agentes
descobriram um quarto isolado que contava com portas de aço, com uma delas
levando a uma pequena passagem secreta, que favorecia a fuga dos criminosos. A
operação deste domingo marcou o fim da adaptação criminosa do espaço, com a retirada
das portas de aço, que pesavam mais de 300 kg, e a destruição do restante da
estrutura, segundo o G1.
Título e Texto: Patricia Lima, Diário do Rio, 1-4-2025
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