A morte do caudilho venezuelano, chorada pelos socialistas e festejada
pelos demais, pode ser vista como tragédia para os primeiros ou como uma dádiva
divina pelos últimos, uma espécie de "solução biológica" que, com a
inestimável ajuda da incompetente e atrasada medicina cubana, que o país
recebeu da Graça de Deus e que poderá propiciar à Venezuela a sua recuperação
política e econômica do inferno socialista em que foi jogado pelo regime
chavezista.
O câncer de Hugo Chávez sempre
esteve envolto em grande mistério e sabe-se hoje ter se tratado de um
rabdomiossarcoma, um tumor muscular de baixa malignidade, localizado no músculo
psoas-ilíaco esquerdo, que, todavia, não foi diagnosticado com acerto pela
medicina cubana, o que levou a erros de tratamento e uso de terapêutica
inadequada que acabou por produzir metástases para a coluna vertebral, ossos da
pelve e finalmente pulmonares. Tivesse sido tratado adequadamente, no Brasil ou
nos EUA, estaria vivo e bem de saúde hoje.
Não são poucos os que
acreditam, na Venezuela, que Hugo Chávez Frías regressou de Havana – para onde
viajou em 8 de dezembro último para se submeter a mais uma cirurgia – já morto,
numa situação de “vida” vegetativa (entubado e respirando por aparelhos). Nesse
meio-termo, o vice-presidente Nicolás Maduro se apossou ilegalmente do poder –
quando pela Constituição do País, o Presidente da Assembleia Nacional, Diosdado
Cabello, é que teria que assumir a presidência interina do país em virtude da
incapacidade física de Chávez de tomar posse de seu quarto mandato consecutivo
e convocar novas eleições presidenciais num prazo de trinta dias.
Mas, ao que parece, Cabello
colaborou com a cúpula chavezista bem como com os chefes militares com os quais
Chávez havia "aparelhado" as forças armadas do país, com esse golpe
constitucional comandado por Maduro.
A decisão, considerada como
irracional pelos constitucionalistas venezuelanos, gera dúvidas sobre se Chávez
poderia ou não declarar-se presidente eleito ou presidente 'funcional'. Ela
criou um vazio de poder que será difícil de preencher, e poderá suscitar uma
crise política, caso Nicolás Maduro não consiga garantir a continuidade do
chavezismo. Maduro, é um ex-sindicalista do metrô de Caracas (amplamente
financiado por Brasília através do BNDES), e enfrenta o desafio de arranjar
outro presidente carismático, tão populista e demagógico quanto Chávez, que
"fale a língua das classes populares ignorantes e viciadas com o
distributivismo estatal do regime" para ganhar base eleitoral.
Outro desafio para o
chavezismo é o de contornar a feroz crise econômica no país, causada pela fuga
de capitais do país e de mão-de-obra qualificada (esta responsável pela maioria
das dificuldades que atravessa a PDVSA) e o desabastecimento intenso que atinge
a população venezuelana, mormente a de menor poder aquisitivo.
Chávez tinha regressado de
Havana em 18 de fevereiro, sem ser visto ou ouvido por quem quer que seja até o
anúncio de seu falecimento. Durante todo esse tempo, reinou a incerteza e a
desconfiança entre os venezuelanos, a quem lhes foi mostrado apenas umas poucas
fotos do outrora onipresente mandatário ainda em seu leito hospitalar em Havana
e rodeado por suas filhas, fotos que muitos dizem ser montagens grosseiras de
Photoshop.
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Foto de Chávez com as suas filhas em seu leito hospitalar em Havana, que muitos consideram uma grosseira montagem… |
O anúncio da morte do caudilho
só ocorreu depois que os chefes militares fiéis ao movimento comunista
bolivariano se declaram em apoio à continuação do regime pelo governo de
Maduro, embora persistissem na exigência de novas eleições presidenciais para
breve.
Para distrair a atenção do
povo ignaro e mal politizado (por longo tempo sofrendo a catequese comunista de
elementos cubanos fortemente disseminados no serviço público do país) chovem
"denúncias" de que "a Venezuela tem sido alvo frequente de
conspirações dos Estados Unidos", desculpa essa que, no entanto, parece
desmoralizada no país, uma vez que os EUA são os principais parceiros
econômicos de Caracas. Prudentemente, Barak Obama disse que “pretende manter
com Caracas um ‘relacionamento construtivo’”, mesmo em face da expulsão
pirotécnica de um diplomata americano acusado de conspiração contra o
regime.
A paranoia antiamericana
chegou ao cúmulo de fazer com que o próprio Maduro afirmasse que "o câncer
de Chávez foi 'inoculado' pelos 'inimigos' do país”. “Não temos dúvida nenhuma
de que o comandante Chávez foi atacado com esta enfermidade por agentes
norte-americanos, tal como ocorreu com Yasser Arafat […] E já temos pistas o
bastante sobre isso e que serão usadas para a devida investigação", disse
Maduro. Segundo algumas investigações do Instituto de Radiofísica do Hospital
de Lausane, na Suíça, a morte de Arafat pode ter sido causada por um envenenamento
com Polônio 210, uma substância altamente radioativa encontrada em seus objetos
pessoais.
Tudo, na Venezuela, leva a
crer que, havendo novas eleições presidenciais, uma eventual vitória de
Capriles, não significará uma passagem de poder tranquila, mesmo que a
ocorrência de outro golpe acarrete a saída do país do MERCOSUL por imposição da
"cláusula democrática" do bloco, a mesma que ocasionou o afastamento
do Paraguai.
O anúncio do falecimento de
Hugo Chávez causou em todo o mundo, e principalmente na América latina, reações
antagônicas de alegria e alívio para uns e de dor e tristeza para outros.
Enquanto isso, o governo do
Irã decretou um dia de luto pela morte de seu aliado, com Ahmadinejad exaltando
a figura de Chávez como "anti-imperialista" e herói da América
latina.
Ao mesmo tempo, a presidente
Dilma Roussef, tomando o cuidado de ressaltar que "nem sempre o governo
brasileiro concordou inteiramente com Chávez", veio em cadeia de TV se
desmanchar numa sequência de elogios formais chamando Chávez de "amigo do
Brasil", onde ficou evidente o interesse ideológico da mandatária em
assumir tal posição.
A morte de Hugo Chávez Frías
demonstrou um homem que tinha mais medo da morte do que se podia esperar de um
ateu comunista, que nos últimos momentos de aferrou à imagem de Jesus Cristo,
talvez mais por explorar a intensa religiosidade do povo venezuelano do que por
qualquer razão íntima de fé verdadeira.
O certo é que a chamada
"solução biológica", com uma mãozinha valiosa da incompetente e
atrasada medicina cubana, está sendo vista por muitos como uma dádiva divina
capaz de fazer com que a Venezuela se recupere e consiga sair do escuro e
profundo buraco em que foi jogada pelo chamado "socialismo do século
XXI".
Título e Texto: Francisco Vianna, 06-03-2013
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