Tem hora que dá para se
indagar como algumas coisas ainda dão certo no Brasil. A agropecuária, por
exemplo, onde hoje a competência coincidiu com a boa vontade de São Pedro e
mercado externo favorável, é a locomotiva da economia, oferecendo um lastro de
confiança à nação, pois o que produz é a única moeda mais importante e aceita
que o dólar e o euro no mundo: alimento! E isso apesar de termos tido, ainda recentemente,
até três ministros da Agricultura em um ano. Nossas estradas e portos estão
próximos de um colapso no escoamento das safras, coisa que qualquer estudante
secundarista atencioso poderia prever, mas que os recentes e pretensiosos
governos não viram, não previram. Por falta de recursos não foi, pois estamos
financiando em mais de um bilhão um grande porto em Cuba. A bem da verdade o
problema arrasta-se, passando pela destruição de nossa malha ferroviária, como
bem colocou o Correio, em seu Editorial de 28/03/2013 “Choro amargo dos sem
trem”, salientando a submissão dos governos aos interesses rodoviários. Mas
quem não quis ver o desastre anunciado do escoamento de nossa safra, com
prejuízo de bilhões a todos, tal como os que diligenciaram o sucateamento de
nossas linhas férreas, contaram e contam com a inércia da sociedade diante de
tais traições ao seu futuro. A dita “classe política” acomoda-se mediante
satisfações que nem valem a pena serem nomeadas. As representações da classe produtora
rural parecem não estar longe disso no que se refere à acomodação, haja vista
no desastre do escoamento das safras e na infâmia da expansão de aldeias à
custa de propriedades legítimas, comumente antecipadas com invasões toleradas
pelo mesmo Estado brasileiro que, antes, garantiu a legitimidade das
propriedades. Só mesmo lembrando da expressão “país da piada pronta”, de
conhecido humorista, ao vermos a violação de direitos (invasão), se praticada
por determinada etnia (índios), servir de base para fundamentação de direitos
(identificação de terra indígena). E isso, leitor, sem lembrar que o Estado
Brasileiro sabe quem organiza e financia tais invasões, além de pretender lavar
as mãos, como Pilatos, diante do destino daqueles que Império e a República
trouxeram para nossas fronteiras para povoá-las, guarnecê-las e torná-las
celeiros para a nação e o mundo. Fato é leitor, que por um mais que estranho
gosto, não é “politicamente correto” e não obtém apoio de militâncias, a defesa
de quem produz alimento no Brasil, com competência, sob os riscos da natureza
e, cada vez mais, sob a insegurança jurídica. E estas, sob mantos politicamente
corretos e tonalidades ideológicas ultrapassadas. Sim, pois ninguém pode
esquecer das palavras do grande ídolo de lideranças no poder, Fidel Castro:
“Vamos recuperar na América Latina o que perdemos no Leste Europeu”! Enfim,
nada se dá ao acaso.
Título e Texto: Valfrido M. Chaves, Psicanalista, Pós-Graduado
em Política e Estratégia Adesg/UCDB, 30-03-2013
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