
A piada foi readaptada para os dias atuais,
contando que o Presidente Obama, dos EUA, teria perguntado à Presidente Dilma
se “não era um exagero ela governar com trinta e nove ministérios?”. A resposta
da presidente teria sido a de que “assim
com Ali Babá chefiava quarenta ladrões, ela já estaria chegando quase lá”...
Agora, leio na Folha de São Paulo, uma entrevista concedida ao jornal pelo empresário Jorge Gerdau dizendo que “O Brasil está no limite da burrice
governamental, com um estado paquidérmico, ineficiente, travado pela corrupção
e pela incompetência e falta de competitividade e produtividade”.
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter é filho de
Curt Johannpeter e Helda Gerdau Johannpeter. É bisneto de Hugo Gerdau, fundador
da Gerdau. Atualmente é o presidente do Conselho de Administração da Empresa e
trabalha na Organização desde 1954. Em 1983, assumiu o cargo de
diretor-presidente da empresa. Sob sua liderança, a Companhia iniciou seu
processo de internacionalização.
Jorge Gerdau Johannpeter também tem forte atuação
na busca pela eficiência e qualidade da gestão nos setores público e privado.
Atualmente participa do Movimento Brasil Competitivo (MBC), resultando em
aumento de produtividade e melhoria da capacidade de gestão em diversas
organizações públicas do Brasil, e é membro da Academia Brasileira da Qualidade
(ABQ). Além disso, foi coordenador da Ação Empresarial, um dos mais ativos
movimentos para a busca da execução de reformas estruturais necessárias para o
crescimento brasileiro.
Nas áreas de educação e cultura, é presidente do
Conselho de Governança do Movimento Todos Pela Educação, voltado para melhoria
da qualidade da educação básica no Brasil. Preside a Fundação Iberê Camargo, o
Conselho da Fundação Bienal do MERCOSUL e é membro do Conselho da Fundação
Bienal de São Paulo.
É membro do Conselho do Instituto Aço Brasil, do
qual foi presidente durante duas gestões. Faz parte do Conselho de
Administração e Comitê de Sucessão e Remuneração da Petrobras, do Conselho
Superior Estratégico da FIESP e do Conselho da Parceiros Voluntários. A partir
de 2009, passou a integrar o conselho consultivo do escritório brasileiro do
David Rockfeller Center for Latin American Studies, mantido pela Universidade
de Harvard. Além disso, é presidente da Câmara de Políticas de Gestão,
Desempenho e Competitividade do Governo Federal.
Gerdau sabe, pois, muito bem das coisas que
acontecem no submundo da política nacional e, mais especificamente, na política
de Brasília. Há quase dois anos à
frente da “Câmara de Politicas de Gestão”, Jorge Gerdau diz que o trabalho
mais pesado foi feito na Casa Civil com o PAC, uma estrutura que se propunha a
trabalhar dentro da Casa Civil, mas acabou indo, burocraticamente, para o
Ministério do Planejamento. Foi preciso reorganizar tudo para dar condições de
gerência eficaz e para que a presidente pudesse acompanhar a execução de todos
os projetos. O PAC está totalmente informatizado e sofreu avanço em diversas áreas,
tais como a da saúde, da logística, da compra de remédios, na de transportes,
etc.
Questionado sobre os resultados objetivos, o
empresário disse que o Ministério da Saúde ampliou sua capacidade de
atendimento de 40 para 80% - prevista para junho – da demanda.
Outro exemplo de bons resultados com mudanças de
de gestão foi o do aeroporto de Guarulhos, que tinha uma capacidade de atendimento
de 900 pessoas por hora e agora atente algo em torno de 1500 e, no entanto, o
atendimento dos terminais é ainda por vezes caóticos. O maior aeroporto
internacional do país está subdimensionado e não é maior nem melhor do que
qualquer aeroporto de cidade de porte médio dos EUA ou da Europa.
Instado sobre se a política atrapalha ou não a
gestão governamental, o empresário foi taxativo: “dentro da estrutura
brasileira, o conceito de política atrapalha bastante a gestão. Mas nós temos
que encontrar os caminhos dentro das realidades em que vivemos e ter em mente
que as funções e interesses de estado, as de governo, e as de administração,
constituem patamares diferentes de gestão. País adiantado e civilizado troca de
ministro e muda duas, três pessoas de relação pessoal. A administração não
muda. A estrutura de governança pode ter modificações de decisão política.
Costuma mudar o partido, a cabeça do líder. No Brasil, só há quatro ou cinco
instituições em que a estrutura de meritocracia e profissionalismo funcionam:
Banco do Brasil, Banco Central, Itamaraty e Exército. E ai tem ainda o BNDES.
Sobre os trinta e nove ministérios de Dilma, o
empresário foi enfático: “é burrice, não deveriam existir. Apenas meia dúzia
deles seria mais do que necessário. Além do mais, muitas áreas podem ser
gestadas por meio de agências reguladoras e algumas até terceirizadas”.
Agora, ao contrário, com o
aumento do número de partidos políticos, muitos esperam que o número de
ministérios também aumente. “Mas tudo tem seu limite, inclusive a estupidez. Quando a burrice, ou a loucura, ou ainda a
irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento. Nós
provavelmente estamos no limite disso vir a acontecer”. Do jeito que está, a presidente tem até o poder para reduzir o número
de ministérios, mas como o número de partidos vai crescendo cada vez
mais, isso é quase impossível. O que a presidente faz é trabalhar com meia
dúzia de ministérios realmente chaves e o resto é apenas um processo de
cabidagem de emprego cujas delegações têm menos peso nas decisões mas oneram da
mesma forma o erário.
Explicou ainda que a administração pública federal tem hoje uns 20 mil cargos de confiança e
que isso é absolutamente excessivo e abusivo. Numa estrutura
meritocrática, as funções de Estado, de governo e de administração esse número
cairia para cerca de um terço com evidente aumento da eficiência, com o restante
dos cargos sendo ocupados por servidores de carreira com base na competência,
folha corrida e dedicação ao serviço público.
“Sobre isso já conversei com a presidente Dilma e
a resposta que ela me deu foi a mesma que dei a você. O processo é angustiante,
mas a maturação desse processo de busca de meritocracia e maturação tecnológica
é um trabalho de anos. É um processo desenvolvido na universidade americana de
Harvard e consiste em definir as metas principais sob uma visão estratégica.
Depois, sob uma visão financeira e, finalmente, sob uma visão de viabilidade
de recursos financeiros e humanos. Assim se define claramente a missão de uma
dada organização. É um instrumento para que todo mundo que trabalha naquele
ministério entenda para que esse ministério existe e quais são as suas
metas”.
Perguntado sobre como o Brasil poderá sair do
impasse de ter um mercado superaquecido com salários que pressionam governo e
setor privado com demanda e consumo em alta, Gerdau disse que “a saída é a
busca por soluções de competitividade e de produtividade. Cada vez menos, nas
principais nações do mundo de hoje, ganha-se de forma estática por uma função
fixa. Tudo aponta a remunerar melhor a quem é mais eficiente, proficiente,
confiável, persistente e dedicado. Isso se aplica ao setor privado e ao estatal
igualmente. Ora, a não competitividade do produto brasileiro e a falta de produtividade
do trabalhador em todos os setores são bem conhecidas e um problema que
encontra uma dificuldade adicional de ser resolvida no âmbito estatal: a
política.
Essas duas coisas deveriam ser analisadas
separadamente. Na Gerdau, empresa com patamares de produtividade homem/hora semelhantes
aos melhores do mundo, no entanto, um operário no custa para a empesa quase o
dobro do que paga a ele, pelo que tem que recolher de ‘obrigações
trabalhistas’... Em outros países isso não ocorre. No Chile, por exemplo, um
operário leva para casa quase 85% do que recebe nominalmente da empresa. Nos
EUA, os custos empregatícios adicionais são extremamente baixos. Poucos países
usam a folha de pagamento como instrumento de arrecadação estatal e o certo
seria que a relação contratual entre a empresa e empregado se vinculasse apenas
naquilo que é a relação de trabalho e remuneração.
Para sair do labirinto de falta de competitividade
e de produtividade em que se encontra, o país necessita urgentemente de uma reforma
trabalhista que desonere a empresa e permita que o trabalhador contribua para
ter serviços públicos essenciais realmente decentes e de bom padrão
internacional. A presidente e o PT
já estão há dez anos no poder e ao que parece esse não foi ainda um tempo
suficiente para mudar esse cenário, pois há motivações ideológicas que
prejudicam as distintas visões de liderança.
O PAC criado por Dilma é um instrumento do estado
para controlar o que investe no país, instrumento esse que frequentemente se
mostra ineficiente nesse controle, com a maioria de suas obras custando
significativamente muito mais do que seus orçamentos iniciais. E isso não quer
dizer que vai conseguir eficiência operacional em todos os ministérios.
Para o país vir a ter um planejamento competitivo
e produtivo em todas as frentes, acredito que precisará de um trabalho
continuado de mais de uma década”.
Assim como o empresário Antônio Ermírio de Moraes,
do Grupo Votorantim, Jorge Gerdau e outros poucos grandes empresários e
generais competentes e patrióticos estariam altamente qualificados a começar
uma revolução meritocrática no país.
Mas, quase sempre limitam-se a falar, mostrando
sua indubitável experiência e competência, mas são incapazes de vir para a
arena política em busca de ocupar uma possível posição de liderança nacional
que lhes possibilitasse montar a estrutura que não cansam de recomendar.
E sabem por que isso não acontece? Porque o
cidadão que vota e é votado não tem o lustro mínimo sequer do segundo grau da
escolaridade, como condição que caracterize uma cidadania de melhor qualidade
para o Brasil. Numa contenda eleitoral, é bem possível que perdessem a eleição
para um Tiririca qualquer, ou para um beócio de nove dedos com esperteza
suficiente para tirar proveito pessoal dessa esdrúxula situação.
E, enquanto isso, o Brasil que se exploda na
escoriocracia atual em que vive.
Título e Texto: Francisco
Vianna, 19-03-2013
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