quinta-feira, 3 de abril de 2014

Castelã da Tristeza

Altiva e coraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor.
Passa por ele a luz de todo o amor…
E nunca em meu castelo entrou alguém!

Castelã da Tristeza, vês?... A quem?...
 – E o meu olhar é interrogador –
Prescruto ao longe, as sombras do sol-pôr…
Chora o silêncio… nada… ninguém vem…

Castelã da Tristeza, por que choras
Lendo, toda de branco, um livro de horas,
A sombra rendilhada dos vitrais?...

À noite, debruçada p’las ameias,
Por que rezas baixinho?... Por que anseias?...
Que sonho afagam tuas mãos reais?...

Florbela Espanca

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