Inúmeras são as ocasiões em
que, durante a vida, nos machucamos física ou emocionalmente, mas nos
levantamos e continuamos a caminhada.
Nessa estrada muitos são os
que se acomodam, decidem permanecer onde estão e desistem de uma nova
tentativa, mas há os que, por maior que seja a queda, não se intimidam e
continuam, sem parecer terem sido afetados, o que não significa que não tenham
sentido, se esfolado, arranhado ou mesmo se machucado, muitas vezes de forma
irreversível.
Um acidente ou uma doença
grave – mesmo quando não deixou sequelas ou foi curada -, normalmente
transforma o comportamento das pessoas, que passam a ter muitas apreensões,
preocupações, dúvidas e medos.
A morte de um ser querido
muito próximo, por exemplo, provoca uma dor indescritível nos que ficaram e
permanecerá, machucando-os diariamente, a cada minuto, durante toda a sua vida.
Uma simples foto que não conheciam ou uma que reveem, podem provocar
lembranças, emoções, lágrimas e sentimentos de saudades. Imagine, então, a dor
daqueles que perdem alguém que – pelo menos cronologicamente -, ainda não
deveria ter partido.
Isso, entretanto, não lhes dá
o direito de ficar se lastimando, porque os trabalhos, tropeços, quedas e dores
de cada um são exclusivamente seus, indivisíveis e devem ser suportados
individualmente. Apesar de muitos serem os que se oferecem para ajudar, ninguém
é obrigado a partilhar a carga alheia.
Em diversas ocasiões pelas
quais passei, repetia inúmeras vezes em minha mente: “não é nada, logo
vai passar” o que me ajudou a superar as dores que sentia, pois apesar
da consciência de que muitas dores jamais passarão, naquele momento, esses
pensamentos me permitiam sair da pior fase.
A fé sempre me ajudou muito,
pois sempre imaginei que, se como pai nunca daria a um filho uma
responsabilidade ou tarefa que ele não pudesse realizar, sendo eu filho de
Deus, creio que Ele jamais me daria algo que não tivesse forças para carregar,
o que me capacita a suportar todas as cargas e dores que a vida me apresentar.
Assim, sabendo que vou
suportar, acredito no “não é nada” e não me acovardo diante
das situações ocorridas ou – simplesmente por ter sofrido um acidente -, deixo
de fazer o que antes me proporcionava prazer.
A cada momento, durante toda a
vida, temos de tomar os mais diversos tipos de decisão e erros de percepção,
julgamento e análise dos riscos podem ocorrer, mas tentando evita-los, muitos
possuem excesso de cuidados e com isso deixam de viver experiências
maravilhosas, pois se esquecem de que não há como se prevenir contra tudo e
todos.
As dores sofridas, físicas,
mentais ou emocionais, também podem nos fazer enxergar coisas, opções e até
pessoas, que antes só víamos.
Só com nossas experiências ou
de outros, adquirimos sabedoria, que diferentemente de tudo o que é material,
jamais nos será tirada ou perderemos, e, com ela, poderemos perceber, analisar
e julgar melhor cada situação.
Diariamente estamos
envelhecendo e a única coisa que nos resta é um futuro finito, mas eternamente
incerto. Portanto, devemos aceitar os limites que a idade nos impõe e viver
tudo o que pudermos.
A vida, com seus altos e
baixos, alegrias, tristezas, riscos e dores, deve ser vivida sem medos.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal, 25-04-2014
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