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No centro da mesa, a Presidente Dilma Rousseff no 13º Congresso do Partido Comunista do Brasil |
José Carlos Sepúlveda da Fonseca
Talvez o título deste artigo leve algum leitor otimista, desavisado ou ingênuo a considerar que, tratar do “perigo vermelho” nos dias que correm, é coisa ultrapassada, sem base séria na realidade.
Afinal, dirá esse hipotético
leitor, o comunismo acabou e combatê-lo é exercício supérfluo e anacrônico.
Curiosamente, dito seja de passagem, esse mesmo leitor não achará fora de tempo
combater o nazismo, embora o regime de Hitler tenha sido deglutido pela
história há bem mais tempo. Como um dos fatores mais perniciosos nos debates de
idéias são as confusões, aproveito para esclarecer que não sou daqueles que
contrapõem o nazismo ao comunismo; pelo contrário acho-os bem próximos, em suas
ideologias nefastas e assassinas.
Mas, prossigamos. Aviso, desde
já, que o título que encabeça este texto não é meu. Apenas o tomei emprestado
de um artigo – que transcreverei a seguir – de autoria de alguém bem conhecido
no Brasil e sempre ligado às hostes da esquerda, inclusive da esquerda
revolucionária. Logo, alguém bem insuspeito.
Grande equívoco: o fim
do comunismo
Um dos maiores equívocos de
nossa época é confundir a ruína do mundo soviético com o fim da ideologia
comunista. Um fato não implicou o outro. É claro que o desmoronamento do
mundo soviético e a queda da Cortina de Ferro acarretaram
inegáveis mutações geopolíticas na cena internacional. Mas daí a dizer que a
ideologia socialo-comunista se extinguiu e deixou de ser importante, é um
engano.
Como bem alertou Plinio Corrêa
de Oliveira – um dos mais proeminentes líderes católicos anti-nazistas e
anti-comunistas – o comunismo apenas se metamorfoseou.
E os fatos têm se encarregado de confirmar este alerta. Basta olhar para o Continente sul-americano onde a experiência do socialismo do século XXI ameaça fazer alastrar a destruição política, institucional, econômica e social – hoje reinante na Venezuela – a diversas outras nações; ou então constatar como a ditadura comuno-castrista, da ilha-prisão, continua a ser adulada e a servir de paradigma para tanta esquerda latino-americana, inclusive a “esquerda católica”.
A fotografia que encima este
texto, uma fotografia de divulgação do PC do B, também fala por si. A
Presidente Dilma Rousseff discursa no 13º Congresso do Partido [foto ao lado],
no final do ano passado. Sob a figura de Lênin e de Marx (na outra ponta
do palco), ela saúda os “companheiros” do PC do B, numa tribuna em que uma
bandeira comunista vai cobrindo e sobrepujando a bandeira do Brasil.
Crenças socialistas,
sonhos bolchevistas
Como afirmei acima, o título que encabeça meu artigo não é meu. É de Arnaldo
Jabor. E o artigo escrito por ele, publicado nos jornais “O Estado de S.
Paulo” e “O Globo” (07.jan.2014), merece ser
conhecido, não apenas pelo título, mas pela realidade que descreve sobre a
esquerda petista atualmente no poder, seus “sonhos” (pesadelos!) bolchevistas,
suas crenças socialistas, seus métodos leninistas e estalinistas e pelas
catástrofes às quais nos poderá conduzir esse “perigo vermelho”:
· “Retiraram o corpo de João Goulart da
sepultura para examiná-lo. Coisa deprimente, os legistas examinando ossos de 40
anos atrás para saber se foi envenenado. Mas, havia também algo de um
ritual de ressurreição encenada. Jango voltava para a turma que está no poder e
que se considera vítima de 1964 até hoje. Só pensam no passado que os
“legitima” com nostalgia masoquista de torturas, heranças malditas, ossadas do
Araguaia, em vez de fazerem reformas no Estado paralítico e patrimonialista.
· Querem continuar a “luta perdida” daqueles
tempos ilusórios. Eu estava lá e vi o absurdo que foi aquela tentativa de “revolução”
sem a mais escassa condição objetiva. Acuaram o trêmulo Jango, pois até para
subversão precisavam do Governo. Agora, nossos governantes continuam com
as mesmas ideias de 50 anos atrás. Ou mais longe. Desde a vitória bolchevique
de 1921, os termos, as ilusões são as mesmas. Aplica-se a eles a frase de
Talleyrand sobre a volta dos Bourbons ao poder: “Não aprenderam nada
e não esqueceram nada”.
· É espantosa a repetição dos erros já cometidos,
sob a falácia do grande “teólogo” da História, Hegel, de que as derrotas não
passam de “contradições negativas” que levam a novas teses. Esse pensamento
justificou e justifica fracassos e massacres por um ideal racional. No PT e em
aliados como o PC do B há um clima de janguismo ou mesmo de “brizolismo”,
preferência clara da Dilma.
· Brizola sempre foi uma das mais virulentas e
tacanhas vozes contrárias ao processo de desestatização.
· Mas, além dessas mímicas brasileiras do
bolchevismo, os erros que querem repetir os comunistas já praticavam na época
do leninismo e stalinismo: a mesma postura, o mesmo jargão de palavras, de
atitudes, de crimes justificados por mentiras ideológicas e estratégias
burras.Parafraseando Marx, um espectro ronda o Brasil: a mediocridade
ideológica.
· É um perigo grave que pode criar situações irreversíveis
a médio prazo, levando o país a uma recessão barra pesada em 2014/15. É
necessário alertar a população pensante para esse “perigo vermelho” anacrônico
e fácil para cooptar jovens sem cultura política. Pode jogar o Brasil numa
inextrincável catástrofe econômica sem volta.
· Um belo exemplo disso foi a recusa do Partido
Comunista Alemão a apoiar os socialdemocratas nas eleições contra os nazistas,
pois desde 1924 Stalin já dizia que os “socialdemocratas eram irmãos
gêmeos do fascismo”. Para eles, o “PSDB” da Alemanha era mais
perigoso que o nazismo. Hitler ganhou e o resto sabemos.
· Nesta semana li o livro clássico de William
Waack “Camaradas”, sobre o que veio antes e depois da intentona comunista de
1935 (livro atualíssimo que devia ser reeditado), e nele fica claro que há
a persistência ideológica, linguística, dogmática e paranóica no pensamento
bolchevista aqui no Brasil. A visão de mundo que se entrevê na terminologia
deles continua igual no linguajar e nas ações sabotadoras dos aloprados ao
mensalão — o fanatismo de uma certeza. Para chegar a esse fim ideal, tudo é
permitido, como disse Trotsky: “a única virtude moral que temos de
ter é a luta pelo comunismo”. Em 4 de junho de 1918, declarou
publicamente: “Devemos dar um fim, de uma vez por todas, à fábula
acerca do caráter sagrado da vida humana”. Deu no massacre de
Kronstadt, em 21.
· No Brasil, a palavra “esquerda” continua o ópio
dos intelectuais. Pressupõe uma “substância” que ninguém mais sabe qual é, mas
que “fortalece”, enobrece qualquer discurso. O termo é esquivo, encobre erros
pavorosos e até justifica massacres. Temos de usar “progressistas e
conservadores”.
· Temos de parar de pensar do Geral para o
Particular, de Universais para Singularidades. As grandes soluções impossíveis
amarram as possíveis. Temos de encerrar reflexões dedutivas e apostar no
indutivo. O discurso épico tem de ser substituído por um discurso realista,
possível e até pessimista. O pensamento da velha “esquerda” tem de dar lugar a
uma reflexão mais testada, mais sociológica, mais cotidiana. Weber em vez de
Marx, Sérgio Buarque de Holanda em vez de Caio Prado, Tocqueville em vez de
Gramsci.
· Não tem cabimento ler Marx durante 40 anos e
aplicá-lo como um emplastro salvador sobre nossa realidade patrimonialista e
oligárquica.
· De cara, temos de assumir o fracasso do
socialismo real. Quem tem peito? Como abrir mão deste dogma de fé religiosa? A
palavra “socialismo” nos amarra a um “fim” obrigatório, como se tivéssemos que
pegar um ônibus até o final da linha, ignorando atalhos e caminhos novos.
· A verdade tem de ser enfrentada: infelizmente ou
não, inexiste no mundo atual alternativa ao capitalismo. Isso é o óbvio. Digo e
repito: uma “nova esquerda” tem de acabar com a fé e a esperança — trabalhar no
mundo do não sentido, procurar caminhos, sem saber para onde vai.
· No Brasil, temos de esquecer categorias
ideológicas clássicas e alistar Freud na análise das militâncias. Levar em
conta a falibilidade do humano, a mediocridade que se escondia debaixo dos
bigodudos “defensores do povo” que tomaram os 100 mil cargos no Estado.
· Além de “aventureirismo”, “vacilações pequeno
burguesas”, “obreirismo”, “sectarismo”, “democracia burguesa,” “fins
justificando meios”, “luta de classes imutável” e outros caracteres leninistas
temos de utilizar conceitos como narcisismo, voluntarismo, onipotência,
paranoia, burrice, nas análises mentais dos “militantes imaginários”.
· Baudrillard profetizou há 20 anos: “O
comunismo hoje desintegrado tornou-se viral, capaz de contaminar o mundo
inteiro, não através da ideologia nem do seu modelo de funcionamento, mas
através do seu modelo de des-funcionamento e da desestruturação brutal”, (vide
o novo eixo do mal da A. Latina).
· Sem programa e incompetentes, os neobolcheviques
só sabem avacalhar as instituições democráticas, com alguns picaretas-sábios
deitando “teoria” (Zizek e outros). Somos vítimas de um desequilíbrio
psíquico. Muito mais que “de esquerda” ou “ex-heróis guerrilheiros” há
muito psicopata e paranoico simplório. Esta crise não é só politica — é
psiquiátrica.“
Título, Imagens e Texto: José Carlos Sepúlveda da Fonseca, ABIM, 25-04-2014
Título, Imagens e Texto: José Carlos Sepúlveda da Fonseca, ABIM, 25-04-2014
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