segunda-feira, 4 de maio de 2015

Álvaro Dias e sua banana aos eleitores

Flavio Quintela
Imagine a seguinte situação: você contrata um arquiteto para projetar sua casa, e escolhe aquele determinado profissional porque já viu suas outras obras, gostou do seu estilo e confia em seu trabalho. Depois das conversas iniciais, ele apresenta o projeto para você, e é tudo muito bonito. Animado e já ansioso pelo resultado final, você o aprova, e a construção começa. Um certo dia você resolve visitar a obra, como costuma fazer rotineiramente, e vê que o arquiteto colocou uma pilastra enorme e vermelha no meio da sala. Você pergunta o porquê daquilo, mas só obtém como resposta evasivas do tipo “confie em mim” e “esta é uma ótima pilastra, vai dar sustentação ao teto da sala”. De nada adianta levar o engenheiro civil, que considera a pilastra inútil, justificando que o teto da sala já está sustentado por todo um sistema de vigas e lajes, e nem argumentar que aquilo vai atrapalhar demais toda a utilização da casa, pois o arquiteto continua com a ideia fixa de manter aquela monstruosidade. Felizmente você tem à mão um recurso perfeito para esse tipo de problema: a rescisão de contrato. Você manda seu arquiteto plantar batata no asfalto e contrata outro em seu lugar.

Pois é… Infelizmente esse recurso não nos está disponível na política, e não podemos mandar o senador Álvaro Dias para junto do nosso arquiteto fictício. Esse senhor, cuja atuação parecia coerente, inclusive na contra-mão da covardia tucana, resolveu de um dia para o outro contrariar aqueles que o elegeram e colocar uma pilastra petista no meio de uma das salas mais importantes do Brasil, o STF. Não adiantam argumentos lógicos e verdadeiros, despejados aos montes por pessoas bem informadas nas postagens do perfil do senador no Facebook. Estas, que têm levantado questões seríssimas contra Luiz Edson Fachin, estão sendo ignoradas pelo senador Álvaro Dias, que prefere inventar todas as mentiras e desculpas que consegue para justificar seu maior equívoco, o de apoiar a indicação de Fachin ao Supremo Tribunal Federal.

A postura do senador tem ganhado ares de histeria; ele insiste em repetir e repetir e repetir que Fachin é uma pessoa digna, confiável e sem vínculos com o PT, enquanto deixa sem resposta as centenas de pessoas que não param de lhe deixar comentários recheados de dados e argumentos, esses sim verdadeiros. Não fosse Álvaro Dias um político de longa carreira, a quem não se pode atribuir ingenuidade, eu ficaria tentado a pensar que ele não para de repetir suas mentiras para tentar ele mesmo acreditar nelas. Mas um senador da república não chega nesse nível sendo ingênuo, e nem bobo. Ele defende sua posição porque tem alguma razão muito forte para isso, e o faz descaradamente, afrontando os mesmos eleitores que lhe garantiram a cadeira do Paraná no Senado Federal, e que sentem-se impotentes, pois não podem demiti-lo e nem mesmo reclamar para seu chefe. Álvaro Dias chutou seus eleitores no traseiro e lhes deu o dedo do meio. Sim, eleitor paranaense, você levou uma banana do senador. 

Numa única coisa o senador foi sincero: quando disse que o apoio à indicação de Fachin é uma postura coerente, ele estava certo. Pode não ser coerente com o trabalho que ele vinha fazendo, mas é coerente com o partido tosco ao qual ele pertence, é coerente com o que seu chefe, FHC, vem pregando esse tempo todo, e é coerente com a covardia de Aécio Neves diante das manifestações de março e abril. Álvaro Dias está finalmente agindo como o PSDB espera, fazendo papel de falso antagonista ao PT, ajudando a manter o Brasil nessa dualidade dos infernos, onde temos que escolher entre o fogo e a frigideira, entre o roto e o rasgado.
Como costuma dizer um grande amigo, que morte horrível a do senador Álvaro Dias.
Título, Imagem e Texto: Flavio Quintela, Maldade Destilada, 4-5-2015

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