Flavio Quintela
Imagine a seguinte situação:
você contrata um arquiteto para projetar sua casa, e escolhe aquele determinado
profissional porque já viu suas outras obras, gostou do seu estilo e confia em
seu trabalho. Depois das conversas iniciais, ele apresenta o projeto para você,
e é tudo muito bonito. Animado e já ansioso pelo resultado final, você o
aprova, e a construção começa. Um certo dia você resolve visitar a obra, como
costuma fazer rotineiramente, e vê que o arquiteto colocou uma pilastra enorme
e vermelha no meio da sala. Você pergunta o porquê daquilo, mas só obtém como
resposta evasivas do tipo “confie em mim” e “esta é uma ótima pilastra, vai dar
sustentação ao teto da sala”. De nada adianta levar o engenheiro civil, que
considera a pilastra inútil, justificando que o teto da sala já está
sustentado por todo um sistema de vigas e lajes, e nem argumentar que aquilo
vai atrapalhar demais toda a utilização da casa, pois o arquiteto continua com
a ideia fixa de manter aquela monstruosidade. Felizmente você tem à mão um
recurso perfeito para esse tipo de problema: a rescisão de contrato. Você manda
seu arquiteto plantar batata no asfalto e contrata outro em seu lugar.
Pois é… Infelizmente esse
recurso não nos está disponível na política, e não podemos mandar o senador
Álvaro Dias para junto do nosso arquiteto fictício. Esse senhor, cuja atuação
parecia coerente, inclusive na contra-mão da covardia tucana, resolveu de um
dia para o outro contrariar aqueles que o elegeram e colocar uma pilastra petista
no meio de uma das salas mais importantes do Brasil, o STF. Não adiantam
argumentos lógicos e verdadeiros, despejados aos montes por pessoas bem
informadas nas postagens do perfil do senador no Facebook. Estas, que têm
levantado questões seríssimas contra Luiz Edson Fachin, estão sendo ignoradas
pelo senador Álvaro Dias, que prefere inventar todas as mentiras e desculpas
que consegue para justificar seu maior equívoco, o de apoiar a indicação de
Fachin ao Supremo Tribunal Federal.

Numa única coisa o senador foi
sincero: quando disse que o apoio à indicação de Fachin é uma postura coerente,
ele estava certo. Pode não ser coerente com o trabalho que ele vinha fazendo,
mas é coerente com o partido tosco ao qual ele pertence, é coerente com o
que seu chefe, FHC, vem pregando esse tempo todo, e é coerente com a covardia
de Aécio Neves diante das manifestações de março e abril. Álvaro Dias está
finalmente agindo como o PSDB espera, fazendo papel de falso antagonista ao PT,
ajudando a manter o Brasil nessa dualidade dos infernos, onde temos que
escolher entre o fogo e a frigideira, entre o roto e o rasgado.
Como costuma dizer um grande amigo,
que morte horrível a do senador Álvaro Dias.
Título, Imagem e Texto: Flavio Quintela, Maldade Destilada, 4-5-2015
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