Maria João Marques
Às vezes há pessoas que me
perguntam porque embirro tanto com o islão. Algumas vezes pessoas que tenho por
sensatas e cuja opinião e postura prezo.
Tem uma resposta fácil. A
resposta curta é que o islão também não gosta de mim. E por mim digo uma mulher
ocidental, independente, livre, que não pede nem nunca pediu permissão a um
homem (fora os tempos em que os meus pais mandavam em mim) para viver a sua
vida, que se sustenta a si e aos seus filhos, que se veste de forma mais ou
menos sexy conforme lhe apetece sem dar cavaco a totalitários islâmicos, e que
de forma nenhuma aceita a moral familiar ou sexual que os expansionistas
islâmicos impõem sempre que os deixam.
A resposta comprida são
exemplos da hostilidade do islão para com mulheres como eu. Porque quando os
indefetíveis multiculturais-ai-jesus-que-vem-aí-a-xenofobia pretendem dar
lições de tolerância aos supostamente tacanhos e provincianos xenófobos,
confesso que só consigo ver ignorância, falta de mundo e paroquialismo dos
ditos tolerantes. Concluo sempre que nunca contactaram com o islão fora dos
jornais militantes ou dos circuitos turísticos onde os islâmicos fazem o seu
papel para vender e receber gorjetas, incluindo simpatia, respeito aparente
pelas mulheres e a eterna graçola ‘quantos camelos quer por ela?’.
Na primeira pessoa só tenho
experiências inócuas, nada que se compare com quem viveu em países muçulmanos
com os reiterados assédios. Por exemplo uma tarde em Argel a adolescente Maria
João, vestida com uma camisa e uns jeans largos, a ser olhada por todos os
homens com que me cruzei de uma forma que misturava nojo com uma voracidade
sexual agressiva que ainda não esqueci, só porque era novinha e andava na rua
(acompanhada dos meus pais, note-se, com a minha mãe aflita a agarrar-me a
roupa; ainda hoje, passados vinte e cinco anos, se incomoda com esta
lembrança). (E a propósito, esta forma que os muçulmanos têm de olhar para as
mulheres como gado, mesmo quando não dizem nada, é muito mais agressiva do que
qualquer piropo, ordinários incluídos, que tenha ouvido por cá.)
Já tive um grupo de
muçulmanos, no Forte Vermelho de Delhi, a cuspirem no chão à minha frente,
olhando para mim, vociferando zangados sabe-se lá o quê, porque eu estava de
mão dada (mão dada!) em público com quem me acompanhava. Os pequenos atos de má
educação deliberados – empurrões para passar numa porta ou numa fila,
comentários garatujados com ar agressivo em língua incompreensível, um largo
etc. – que recebi de muçulmanos são incontáveis. Miucha Baldinho contava-me no facebook que o Egito ‘é um mundo de homens, mesmo,
só há homens na rua, das pouquíssimas mulheres que andam na rua, a maioria anda
velada ou quase e uma minúscula minoria descoberta (são as modernas)’.
Claro que nem todos os
muçulmanos são energúmenos. Uma vez em Cantão ao entrar (sozinha) para o
elevador do hotel fui empurrada por um grupo de árabes, enquanto me chamavam o
que deviam ser todas as variações de ‘prostituta’ na sua língua. O senhor mais
velho do grupo achou este comportamento um ultraje, começou aos gritos com os
seus companheiros, fê-los saírem todos do elevador, travou a porta para eu
entrar e só depois deixou os exaltados regressarem ao elevador.
Mas só uma minoria de
muçulmanos se sabe portar de uma forma que na Europa consideramos adequada
perante uma mulher. E só não vislumbra isto quem se esforça por deturpar a
realidade ou não conhece o mundo.
A imigração muçulmana é uma
ameaça evidente para aquilo que devia ser pilar europeu fundamental: a
igualdade entre os sexos, a liberdade feminina e o escrupuloso respeito pelos
direitos humanos das mulheres. Pela minha parte, ando há anos qual Santo Amaro
a advertir para os perigos. Como era mais que esperado, o recebimento de
refugiados – no meio de histeria e de lirismo de gente interessada sobretudo em
provar bom coração – sem qualquer cautela potenciou calamidades. Só agora se
viu a necessidade de informar refugiados das regras de conduta europeias entre
os sexos ou alargar possibilidade de deportação de criminosos.
E assim chegámos à noite de
passagem de ano em Colónia, e em Helsínquia e noutras cidades. Desde há vários
anos que entre o sacrossanto multiculturalismo e os esfarrapados direitos das
mulheres, se coroou o primeiro e se desbarataram os segundos. A forma como se
abafou vários casos de abusos sexuais por muçulmanos e as respostas deficientes
da polícia – no norte de Inglaterra, no verão de 2014 e 2015 na Suécia, e agora
também na passagem de ano – tiveram mensagem muito clara: os imigrantes e
refugiados que façam o que quiserem às mulheres, que acima de tudo não queremos
que nos chamem xenófobos.
Que feministas de esquerda
tenham feito parte dos que estiveram silenciosos perante Colónia (e o resto)
fica certamente para a história negra do século XXI. A desculpa oferecida de
não quererem ser instrumentalizadas para ataque aos refugiados mostra às
escâncaras que a denúncia de violência sexual contra mulheres veio em segundo
lugar (eu denuncio venha de onde vier). Há quem tenha até, fingindo sensatez,
inquirido se os refugiados queriam roubar (o que interessa?!) mas, pobres
rapazes comandados pelas hormonas e pela confusão cultural, entusiasmaram-se.
Pelas redes sociais, mulheres que eu só posso desconfiar estarem sob influência
de substâncias estranhas pareciam comparar, para pior, a relação dos homens
europeus com as mulheres (incluindo o entediante piropo, que teimam em
equiparar a violência sexual; e desde quando termos agressores sexuais europeus
nos obriga a receber agressores estrangeiros?). Chegou-se mesmo a negar às
vítimas a capacidade de contarem a sua história de forma verdadeira (no caso, a
origem dos agressores), sendo que eu não vejo como uma feminista pode não
respeitar a verdade que uma vítima de violência sexual transmite. De resto não
é de agora este estranho enlevo das feministas de esquerda por uma cultura que
renega tudo aquilo por que supostamente se batem. Julie Bindel (ela própria
feminista e de esquerda) dias antes das notícias de Colónia dissertava sobre o
assunto na Standpoint.
Pelo que podem queixar-se à
vontade do aproveitamento que a extrema-direita faz destas agressões sexuais. A
extrema-direita só está a aproveitar a receita explosiva que a esquerda
multiculturalista com irresponsabilidade criminosa cozinhou. E pagaram as
mulheres.
Título e Texto: Maria João Marques, Observador, 13-1-2016
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