sábado, 9 de janeiro de 2016

A liberdade da mulher ocidental: “Ainda bem que vivemos num país ‘machista’, porque eu não tenho força suficiente para pegar na porcaria do pneu...”

O texto que se segue é o comentário de Miucha Baldinho na página de Maria João Marques, referindo-se ao texto “Críticas feministas às reacções da sociedade aos ataques em Colónia

Este texto também é tão nojento que nem sei o que diga. Uma criatura que arranca os cabelos por causa do piropo (sim, faz parte do gangue), depois fica calada quando há agressões sexuais numa escala nunca vista e, quando fala, é para se indignar com a instrumentalização das violações e das agressões sexuais.


Nem sei, estive no Egipto e é um mundo de homens, mesmo, só há homens na rua.

Das pouquíssimas mulheres que andam na rua, a maioria anda velada ou quase, e uma minúscula minoria descoberta (são as modernas); igualar um contexto destes com o contexto português ou europeu é mesmo grave.

Assustador que haja mulheres que, como eu, vivam no melhor dos mundos - porque é, é quando vamos correr a um sábado de manhã, sozinhas, de calções por um parque sem preocupações nem consequências; quando vamos ao café, sozinhas, e falamos e trocamos umas lérias com o dono do café, que podemos até nem conhecer, mas com quem comentamos o tempo ou pedimos informações ou o jornal, ou nos dirigimos à pessoa do lado no mesmo café porque nos apetece comentar a notícia do dia (estarei louca e sou a única a fazê-lo?!); quando vamos pela cidade num dia qualquer e abordamos um passante ou uma passante (alguém anda a fazer distinções?) para saber indicações ou a que horas passa o autocarro ou qualquer outra informação que precisemos; quando vamos ao cinema sozinhas se nos apetecer; quando vamos ao mercado sozinhas; quando saímos de casa sem medo passear o cão à meia-noite ou à uma da manhã pelo quarteirão - mulheres que igualem este mundo em que nos movemos livremente com uma realidade em que as mulheres não podem nem metade do que nos apetece fazer e fazemos.

Aos pobres dos homens portugueses e europeus que assim são tão insultados, as minhas desculpas e obrigada ao meu pai, que apesar de machista por educação nunca me proibiu do que quer que fosse, nem sugestão de tal.

Obrigado ao Tony, que conheci hoje e que mudou o pneu furado do meu carro esta manhã quando entrei, sozinha, na sua garagem deserta de gente, escura e mal-cheirosa e que ainda pediu desculpa por não poder sair, porque estava sozinho.

Ainda bem que vivemos num país "machista", porque eu não tenho força suficiente para pegar na porcaria do pneu...
Texto: Miucha Baldinho, via Maria João Marques, 9-1-2016
Edição: JP

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