O texto que se segue é o
comentário de Miucha Baldinho na página de Maria João Marques, referindo-se ao texto “Críticas feministas às reacções da sociedade aos ataques em Colónia”
Este texto também é tão nojento que nem sei o que diga. Uma criatura
que arranca os cabelos por causa do piropo (sim, faz parte do gangue), depois
fica calada quando há agressões sexuais numa escala nunca vista e, quando fala,
é para se indignar com a instrumentalização das violações e das agressões
sexuais.
Nem sei, estive no Egipto e é
um mundo de homens, mesmo, só há homens na rua.
Das pouquíssimas mulheres que
andam na rua, a maioria anda velada ou quase, e uma minúscula minoria
descoberta (são as modernas); igualar um contexto destes com o contexto
português ou europeu é mesmo grave.
Assustador que haja mulheres
que, como eu, vivam no melhor dos mundos - porque é, é quando vamos correr a um
sábado de manhã, sozinhas, de calções por um parque sem preocupações nem
consequências; quando vamos ao café, sozinhas, e falamos e trocamos umas lérias
com o dono do café, que podemos até nem conhecer, mas com quem comentamos o
tempo ou pedimos informações ou o jornal, ou nos dirigimos à pessoa do lado no
mesmo café porque nos apetece comentar a notícia do dia (estarei louca e sou a
única a fazê-lo?!); quando vamos pela cidade num dia qualquer e abordamos um
passante ou uma passante (alguém anda a fazer distinções?) para saber indicações
ou a que horas passa o autocarro ou qualquer outra informação que precisemos;
quando vamos ao cinema sozinhas se nos apetecer; quando vamos ao mercado sozinhas;
quando saímos de casa sem medo passear o cão à meia-noite ou à uma da manhã
pelo quarteirão - mulheres que igualem este mundo em que nos movemos livremente
com uma realidade em que as mulheres não podem nem metade do que nos apetece
fazer e fazemos.
Aos pobres dos homens
portugueses e europeus que assim são tão insultados, as minhas desculpas e
obrigada ao meu pai, que apesar de machista por educação nunca me proibiu do
que quer que fosse, nem sugestão de tal.
Obrigado ao Tony, que conheci
hoje e que mudou o pneu furado do meu carro esta manhã quando entrei, sozinha,
na sua garagem deserta de gente, escura e mal-cheirosa e que ainda pediu
desculpa por não poder sair, porque estava sozinho.
Ainda bem que vivemos num país
"machista", porque eu não tenho força suficiente para pegar na
porcaria do pneu...
Texto: Miucha Baldinho, via Maria João Marques, 9-1-2016
Edição: JP
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