quinta-feira, 14 de julho de 2016

Teremos sempre Paris 2016?

Luís Carvalho
O verdadeiro dia do triunfo não foi o de 10 de Julho mas sim a manhã do dia 11.

Aconteceu quando o emigrante em França se apresentou ao trabalho, no dia seguinte, e pode finalmente saborear o facto de patrões e colegas o passarem a olhar de um modo diferente.

Era também isto com que sonhavam quando partiram. Pena que aqueles que o fizeram na década de 60, o grosso deles, andem já pelos setenta e muitos anos. Seriam eles quem mais desfrutaria daquela manhã em que Portugal se tornou mais igual aos restantes.


O futebol português já o merecia por aquilo que deu ao Mundo nos últimos trinta anos mas acabou por ganhar por linhas tortas.

Ainda bem que fomos nós quem melhor aproveitou este novo formato mas, há que dizê-lo, um Euro a vinte e quatro equipas é uma aberração "à la Platini" e está a matar o futebol.

Duas semanas para eliminar apenas oit0 equipas. Países pequenos fizeram história? Sim, mas daqui a quatro anos o grito dos adeptos islandeses já não terá a mesma piada e mesmo ver os galeses a festejarem com os seus filhos, em pleno relvado, será um dejá vu. O que vai continuar serão os jogos que se arrastam penosamente.

Portugal esteve em pelo menos dois desses. Muita gente terá feito um esforço para não adormecer vendo as partidas contra a Croácia e Polónia.

Ganhar no prolongamento ou nos pênaltis não vale? Também vale, sim senhor, e nem sequer é coisa fácil. Agora, não podemos é esperar que o resto do mundo se recorde desta edição do Europeu como, por exemplo, daquele inesquecível da Holanda em 1988.

A nossa vitória ficará para a história num registo parecido ao da Dinamarca-em-férias de 1992. No nosso caso, seremos lembrados sempre que uma selecção de nome não somar vitórias: "Olha que Portugal só ganhou uma partida em sete, durante os noventa minutos, e ainda assim foi campeão", dirão.

Teremos sido o campeão mais pobre em termos de futebol jogado. Poderíamos trazer a Grécia em 2004 para esta discussão mas eles venceram o anfitrião por duas vezes e não apenas uma. E, para além disso, afastaram também a França. A França que era a de Zidane e Henry. E tudo isto dentro dos noventa minutos, não esquecer.

É tempo de saborear a vitória, sim, mas com a noção da realidade, num quadro mais geral.

Desta vez ganhamos nós mas, com um Euro a 24 e um Mundial que, já se fala, terá um dia quarenta participantes, as hipóteses de assistirmos a partidas de boa qualidade cada vez serão menores.

Os grandes jogadores chegam praticamente rebentados a esta última fase de uma temporada demasiado longa e não conseguem dar tudo aquilo que querem e sabem.

Quantos jogos fez Maradona em 85/86? É comparar este número com os de 2015/16 de um Muller ou Ronaldo...

É um nivelar por baixo aquilo a que se está a assistir.

A caça ao voto de Platini e Blatter deixou-nos este legado que interessa mais aos "sponsors" que ao verdadeiro adepto do futebol.

Quando mais nada nos restar, quando tudo nos tirarem, ficaremos sempre com a memória do França 2016? Para os portugueses, sim. Já para o nosso amado Futebol...
Título, Imagem e Texto: Luís Carvalho, Reflexão Portista, 12-7-2016

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