O Ministério das Relações Exteriores
parece mesmo empenhado em rebater a campanha de desinformação sustentada pelo
PT
O Ministério das Relações
Exteriores parece mesmo empenhado em rebater a campanha de desinformação
sustentada pelo PT para difundir no exterior a ideia de que o processo de
impeachment configura um “golpe” contra a presidente Dilma Rousseff. Ao menos
três embaixadores do Brasil se manifestaram recentemente na defesa da
legalidade do afastamento da petista, como resposta a críticas feitas nos
países em que atuam, em geral baseadas em franca ignorância, quando não em
má-fé, a respeito do funcionamento das instituições brasileiras.
Faz muito bem o governo em
responder, de bate-pronto, às mentiras e distorções sustentadas por políticos e
ativistas de outros países que se dispõem a plantar dúvidas sobre a lisura do
processo contra Dilma e que, infelizmente, têm encontrado espaço para emplacar
suas teses esdrúxulas na imprensa estrangeira.
No mais importante desses
episódios até aqui, um grupo de 33 deputados democratas, correligionários do
presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, enviou ao secretário de Estado
John Kerry uma carta em que expressa “inquietação” com os recentes
acontecimentos no Brasil e pede que a Casa Branca “exija o respeito à
democracia constitucional brasileira”.
O manifesto, endossado por
sindicatos e organizações de direitos civis, afirma que o impeachment é
“politicamente motivado”, é capitaneado por políticos interessados em “conter
as investigações de casos de corrupção nos quais estão envolvidos” e se presta
a “substituir uma administração progressista e representativa por uma formada apenas
por homens brancos e que anunciou planos para impor uma agenda social de
extrema-direita”.
Não é a primeira vez que
políticos de outros países se arvoram em paladinos da democracia no Brasil. Há
pouco mais de 10 dias, 28 parlamentares franceses divulgaram um manifesto em
que chamaram de “manobra parlamentar” o processo contra Dilma, colocando em
dúvida a independência e a lisura do Congresso e do Judiciário brasileiros para
lidar com o impeachment.
No caso dos Estados Unidos, o
embuste foi prontamente rebatido pelo embaixador do Brasil em Washington, Luiz
Alberto Figueiredo Machado. Em carta aos congressistas, o diplomata, que
exerceu o cargo de chanceler no governo Dilma, informou que caracterizar o
impeachment como ameaça às instituições democráticas é “completamente
equivocado”. Figueiredo lembra o óbvio – que o processo está sendo conduzido
“rigorosamente de acordo com o que manda a lei brasileira” e sob a “supervisão
vigilante do Supremo Tribunal Federal”. Para o embaixador, como para qualquer
pessoa sensata, é “inaceitável” que o processo contra Dilma seja qualificado de
golpe. “Tais afirmações sem base revelam falta de conhecimento do sistema legal
brasileiro”, escreveu Figueiredo. Ele encerra a carta dizendo que “o Brasil tem
robustas instituições e um regime democrático consolidado”, razão pela qual
“rejeita qualquer tentativa de desacreditar suas instituições ou de questionar
a retidão com a qual um instrumento constitucional como o impeachment é
aplicado”.
A atitude exemplar de
Figueiredo não foi isolada. Dois outros diplomatas brasileiros, os embaixadores
da Costa Rica, Fernando Magalhães Pimenta, e da Bósnia e Herzegovina, Manoel
Gomes Pereira, se apressaram a esclarecer as autoridades e a imprensa daqueles
países a respeito do impeachment, deixando claro que tudo está sendo feito
conforme manda a Constituição. Segundo reportagem do jornal O Globo, a
iniciativa baseou-se em instruções do Ministério das Relações Exteriores.
A reação imediata e firme da
diplomacia brasileira é importante por pelo menos duas razões: a primeira é que
é preciso deixar claro para o resto do mundo que o Brasil tem leis e as
respeita; a segunda, como consequência da primeira, é que o País, ao conduzir
com tranquilidade institucional um processo político tão traumático como o
impedimento de seu presidente, mostra-se digno da confiança internacional.
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