Maria João Marques
A culpa é dos indivíduos que escolhem
matar e violar, bem como da religião e da ideologia que a tal os inspira. Mas
têm cúmplices, que os tratam como crianças inimputáveis e ainda dão lições de
moral.
É daquelas pessoas que dá
palmadinhas compadecidas nas costas do muçulmano que violou a rapariga
ocidental de minissaia, afinal veio de uma cultural onde é normal maltratar
mulheres, e por cá está desempregado? Acha, como Ana Gomes, que a culpa dos
atentados terroristas na Europa é da austeridade? Defende que os pobres diabos,
sejam violadores ou terroristas, têm de ser compreendidos, assimilados, receber
muito dinheiro dos estados sociais europeus e, sobretudo, desculpados?
Considera que os vilões verdadeiros são os que denunciam que os costumes
islâmicos são aberrantes, concretamente para a condição feminina, e não podem
ser tolerados na Europa? De cada vez que há denúncia de vilanias islâmicas,
prefere escrutinar o mensageiro para tentar repudiar a mensagem? Vê como de uma
lógica cristalina clamar contra o patriarcado e o heteropatriarcado e,
simultaneamente, recusar aceitar que as comunidades islâmicas na Europa têm
propensão para violar e brutalizar mulheres, e acumular com defesa de regimes
que enforcam ou afogam gays? Repete vinte vezes por dia o mantra ‘o islão é uma
religião de paz’?
Pois bem, é conveniente
reconhecer que as pessoas iluminadas que responderam sim a dez por cento destas
questões são cúmplices do caldo culpabilizante das vítimas que propicia os
crimes dos islâmicos. Duvido que o à vontade criminal fosse tão grande se não
notassem a solidariedade dos iluminados. Se não desconfiassem que a sua origem
os vai livrar de investigações ou acusações mal um idiota útil grite xenofobia.
Se não percebessem que a sociedade europeia se deixa vitimizar.
Vamos rever a matéria. O mais
importante religioso muçulmano de Portugal é acusado pela mulher (que aparece
com a cara ensanguentada em fotografias – certamente foi contra uma porta, como
é costume) de violência doméstica. O que sucede? Os jornais param rapidamente
de falar sobre o assunto e o presidente da república dos afetos escolhe fazer
na mesquita do acusado uma cerimónia no início do seu mandato.
Na Suécia, as violações por
imigrantes de primeira e segunda geração, sobretudo de origem islâmica, são de
tal ordem que o país já é conhecido por ‘capital de violações do Ocidente’. Mas as autoridades escondem tanto quanto podem a
origem dos violadores e chegam a culpar as mulheres por serem violadas: é que
as desmioladas adotam comportamentos não tradicionais ao papel do género
feminino. Há até uma política sueca de esquerda – Barbro Sorman, em gritante necessidade de transplante
cerebral – que defendeu no twitter que uma violação feita por um sueco é mais
grave do que outra cometida por um imigrante. Afinal é ‘normal os refugiados
quererem violar mulheres’ e que aos suecos se exige que cumpram ‘standards mais
altos que os imigrantes’.
Deixemos de lado o tom
colonialista deste discurso: são uns selvagens que não cabem nos altos padrões
da civilização ocidental. Iluminemos antes uma política de esquerda de um país
europeu que vê como menos grave um imigrante não querer cumprir o articulado
legal para crimes violentos do país que o acolhe – e os jornalistas que não
incomodem mais os violadores muçulmanos.
Na Alemanha os abusos sexuais na passagem de ano foram abafados tanto quanto se pôde:
os números, a origem dos abusadores, a existência dos crimes. No norte de
Inglaterra a polícia preferiu conviver com adolescentes abusadas e prostituídas
a investigar homens de origem paquistanesa.
Estamos nisto. Os atentados
terroristas são culpa de George W. Bush e Tony Blair e Durão Barroso e da
invasão do Iraque – esta é a tese desse
equívoco parlamentar do PS que se chama Tiago Barbosa Ribeiro. Que França seja
particularmente visada pelos terroristas, quando de forma ostensiva criticou e
se distanciou e não participou da invasão do Iraque, não atormenta estas almas
intelectualmente desafiadas.
(Que se lembre que o 11 de
setembro de 2001 venha antes da dita invasão em 2003 também só se pode atribuir
a picuinhice de gente islamofóbica da minha extração.)
As violações e os abusos
sexuais são culpa das mulheres, claro, que não se tapam nem facilitam nesta
tarefa de permitir aos homens islâmicos lidar com as mulheres na Europa da
maneira como estavam acostumados nos países de origem das suas famílias. Não
somos acomodatícias e é bem feito que sejamos punidas por isso.
Um muçulmano que batia na
mulher mata dezenas com um camião na Promenade des Anglais em Nice. Não teve
nada a ver com ser islâmico: o pobre coitado devia sofrer com o patrão e tinha
objeção de consciência ao fogo-de-artifício. Um refugiado afegão de 17 anos
mata uns tantos num comboio na Alemanha. Apesar da surpreendente coincidência
de ser islâmico (ninguém estava à espera), aposto que não foi religiosamente
motivado, devia enjoar quando anda de comboio, ou o maquinista não o deixou
visitar a locomotiva ou outra razão semelhante. E já temos um muçulmano (hein?
quem diria?) a esfaquear uma mulher e meninas porque estavam com roupa
escassa. Mas – novamente – não houve motivações religiosas nenhumas, ora essa,
deve ter sido algum caso de bikinifobia.
A culpa, evidentemente, é dos
indivíduos que escolhem matar e violar, bem como da religião e da ideologia que
a tal os inspira. Mas têm cúmplices, que os tratam como crianças inimputáveis e
ainda dão lições de moral. Pessoalmente não estou acima de sugerir a atribuição
vitalícia de bolsas compulsivas para estudarem pinguins de Humboldt (nas ilhas
de guano) a quem me periga a segurança e os direitos elementares com a apologia
do islão na Europa.
Título e Texto: Maria João Marques, Observador,
20-7-2016
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