Cesar Maia
1. Os atores econômicos e políticos já antecipam a expectativa que
têm quanto à recuperação da economia e da política brasileiras. A Bolsa de
Valores que em janeiro marcava trinta e oito mil pontos fechou a semana passada
em cinquenta e seis mil pontos, num crescimento de quase cinquenta por cento.
Nas últimas semanas foram registradas quedas contínuas do dólar em relação ao
real. Depois de atingir 10,67% no ano passado, o mercado prevê uma inflação
pouco superior a 7% em 2016, o que significará uma melhora no poder de compra
dos consumidores.
2. A eleição do deputado Rodrigo Maia para presidente da Câmara de
Deputados com 62% dos votos contra 38% de Rosso, superando a maioria absoluta,
contrariou os prognósticos que acompanharam essa eleição por toda a semana.
Esse é também um indicador de antecipação por parte dos deputados da reversão
do desmonte político-parlamentar que tem marcado os últimos quatro meses.
3. No fim de semana o Datafolha divulgou os resultados de sua
pesquisa nacional de opinião pública. “Na comparação com fevereiro, antes do
início do processo de impeachment da presidente Dilma e da posse do governo
interino do presidente Michel Temer, o Índice Datafolha de Confiança (IDC)
registrou melhora em cinco dos sete indicadores que compõem o índice geral. No
conjunto, o IDC registrou 98 pontos, uma alta de 11 pontos em relação a
fevereiro.”
4. “O maior salto, de 34 pontos entre fevereiro e agora, foi em
relação à expectativa de avanço da situação econômica do país, que passou de 78
para 112 pontos. Em relação à perspectiva pessoal dos entrevistados, o aumento
foi de 17 pontos, passando de 128 para 145. Pela metodologia do Datafolha,
índices acima de 100 são considerados positivos e abaixo disso, negativos.”
5. 50% dos brasileiros acham que o Brasil será melhor com Michel
Temer na presidência até 2018 contra 32% que preferem Dilma. A rejeição a Temer
– conceitos Ruim+péssimo – alcançou 31%, menos da metade dos 65% de
Ruim+Péssimo de Dilma antes de ser afastada. Pela primeira vez nos úlitmos
meses os que acham que a situação econômica do país – 38% – vai melhorar,
superam os que acham que vai piorar – 30%.
6. O otimismo quanto à economia, a confiança do consumidor, o
crescimento do índice Bovespa e a valorização do real vêm diretamente
relacionadas com a mudança de governo. 58% dos brasileiros querem o impeachment
de Dilma e 71% acreditam que Dilma será afastada definitivamente.
7. A reversão das expectativas ocorre sem que medidas concretas e
de impacto tenham sido adotadas. A sustentabilidade dessa reversão exige que os
fatores subjetivos venham acompanhados de fatores objetivos, vale dizer a
aprovação de medidas que reorientem a economia.
8. O fato novo é que as expectativas atuais legitimam e criam a
base para que mesmo as medidas – ditas – polêmicas, possam ser aprovadas. As
condições estão dadas para a reversão dos quadros econômico e político. Mas só
a aprovação de medidas econômicas concretas garantirão a sustentabilidade da
tendência ascendente deste quadro.
9. Como a sabedoria política
ensina que o Congresso não vota contra as “ruas”, então é questão de dar
urgência às medidas necessárias para que elas aproveitem a impulsão da opinião
pública e construam um novo quadro econômico e político para o futuro.
Título e Texto: Cesar Maia, 20-7-2016
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