Cesar Maia
1. Uma questão tem intrigado os estrategistas e marqueteiros dos
candidatos a prefeito do Rio. Que tema ou temas serão destacados pelas
candidaturas? Não é tarefa simples, especialmente numa conjuntura de enorme
desgaste dos políticos e crise abissal.
2. A segurança pública, que ficou fora de foco nas 5 últimas
eleições municipais, volta com força, seja pelo aumento da criminalidade, seja
pelo terror externo que cria uma sensação de insegurança interna, seja pela
sensação de insegurança existente.
3. A saúde pública, destacada nas pesquisas pelos eleitores como o
maior problema de todos, abre a eleição sem vocalizador. A privatização da
saúde pública através das OSs não mudaram esse quadro e a crise estadual na
saúde não permite o cidadão diferenciar responsáveis, apesar das tentativas
municipais.
4. A educação pública que, em geral, tem interlocutores pela
esquerda, não deve ter, pois os problemas do magistério ganham prioridade na
comunicação dos candidatos em relação à política educacional.
5. A mobilidade urbana (transportes), apesar dos grandes
investimentos realizados, enfrenta uma situação paradoxal. A prioridade dada
aos BRTs objetivando a reestruturação do transporte radial de massa, em curto
prazo, produziu um enorme desconforto nos passageiros em relação ao transporte
porta a porta de ônibus e vans. A linha 4 do metrô será inaugurada parcialmente
e só após as eleições poderá servir de fato como alternativa. Ou seja, um
imenso investimento sem capitalização eleitoral para este ano.
6. Mais uma vez - vide 2008 - a concentração de gastos e atenção
exigidos pela Olimpíada produzirá uma sensível queda de qualidade na
conservação nas regiões Norte e Oeste, que concentram 75% da população, e que
reagirão como ocorreu em 2008 a este desconforto.
7. A capacidade administrativa, que é uma prioridade num momento de
crise, não combina com os perfis dos candidatos apresentados. A insegurança do
servidor público em relação ao alcance das medidas que estão sendo analisadas
nacional e estadualmente vem amplificada com a crise que chegou à previdência
municipal.
8. Os valores da família e da vida inevitavelmente terão destaque
pelo perfil do candidato que lidera todas as pesquisas, e a força do discurso
dos que vêm a seguir dele. As fragilidades de candidatos em relação a esse tema
serão aproveitadas nos debates.
9. A questão social, que em várias eleições anteriores destacava as
políticas de inclusão social, nesta eleição traz como carro chefe a taxa de
desemprego, especialmente dos mais jovens e a dificuldade de propostas
municipais surgirem como alternativa, num momento pós Olimpíada.
10. A corrupção, destaque nacional com a Lava-Jato, pousará na
eleição municipal em função dos grandes investimentos e sua qualidade com os
exemplos que a imprensa vem sublinhando.
11. Finalmente, uma eleição apresentada como re-reeleição, coloca
uma difícil disjuntiva, seja pelo natural "desgaste de material"
depois de 8 anos, seja pela referência estadual do mesmo partido, seja pelo
declínio de avaliação. Numa eleição com TV 35 dias e sem a concentração de
tempo de TV das 2 eleições anteriores e o desvio de foco provocado pela
Olimpíada, a tarefa dos estrategistas e marqueteiros será complexa, pelo menos
complexa.
Título e Texto: Cesar Maia, 22-7-2016
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