domingo, 31 de julho de 2016

Imigrantes latinos deveriam favorecer Hillary Clinton na disputa eleitoral americana?

Rodrigo Constantino

Já de volta a Weston, conheci um casal de venezuelanos ontem e ficamos algumas horas conversando. Ele era fazendeiro e proprietário de empresas na Venezuela, mas teve de abandonar tudo, vendeu apenas seus carros, e com essa quantia veio para cá iniciar nova vida, como tantos cubanos fizeram antes. Ela tem vários diplomas, mestrado na área de exatas. Ambos inteligentes, viajados, e lutando há um ano num recomeço praticamente do zero. Ela disse que prefere Hillary Clinton e teme Donald Trump.


Não é incomum. E política definitivamente não é sua praia, como admitiu. Deixa-se guiar por emoções, disse que chegou a chorar num discurso de Barack Obama sobre “raças”, e também quando Michelle Obama disse que sua família negra hoje vive numa casa construída por escravos. E, como imigrante, alegou ter muito medo da retórica de Trump, que lembra a ela o estilo de Hugo Chávez. Acha que os Democratas são melhores para os imigrantes, e reconheceu que é muito caro e difícil para os venezuelanos se estabelecer legalmente aqui.

Escutei, e liguei depois a metralhadora giratória. Joguei muitos fatos que eles desconheciam completamente, por só acompanhar notícias pela CNN, nunca pela Fox News. Falei do livro que acabara de ler, The War on Cops, de Heather Mac Donald, que pretendo resenhar em breve, e que mostra com ampla base de dados que a polícia não é racista, e sim que há um problema de maior criminalidade na comunidade negra, principalmente pela falta de estrutura familiar. Perguntei se ela não achava importante o pai e a mãe juntos na educação, já que o casal está junto há anos com seus filhos, e expliquei que mais de 70% dos negros americanos nascem de mães solteiras.

Sobre imigração, aleguei que entendia seu ponto, que os Estados Unidos foram criados com imigrantes, que a retórica de Trump podia incomodar mesmo, mas que ao menos ele tocava em pontos importantes e ignorados por populismo pelos Democratas. O estado de bem-estar social, com seus “food stamps”, Obamacare e tudo mais, cria uma “carona grátis” que irrita quem paga a conta e sente seu emprego ameaçado por imigrantes ilegais. As “sanctuary cities” protegem criminosos, muitos mexicanos na California, o que era um absurdo. Ela desconhecia isso tudo.

Trump não era nem de perto o melhor nome Republicano, mas é melhor do que Clinton, o que não é difícil. Os Republicanos não são contra os imigrantes em si, e muitos, como Marco Rubio, que é da Flórida, falam que é importante reduzir os custos e burocracia na imigração legal. Mas o problema da imigração ilegal existe, é um fato, e os Democratas exploram isso de forma demagógica, de olho nos votos das “minorias”. O caminho não pode ser esse. Não pode ser “abrir geral” e ainda dar vantagens e privilégios para quem já chega burlando as leis.

Mostrei que Hillary não é moderada, mas uma discípula de Saul Alinsky, autor de um livro sobre o radicalismo de esquerda, dedicado a Lúcifer (ela arregalou os olhos, e falei para não confiar em mim, mas na busca do Google).

Mostrei que Obama é igualmente radical, não um moderado, mas alguém que pretendia mudar fundamentalmente a América, inspirado também em gurus radicais marxistas, como o terrorista Bill Ayers, o que a imprensa mainstream sempre lutou para ocultar do público.

Após alguns minutos dedicados ao tema político, regado a vinho, confesso que achei melhor mudar o rumo da prosa, até porque era uma festinha de criança. Também era too much, e o casal teria de absorver tanta informação cuspida assim, de uma só vez. Quem não acompanha de perto a política americana, e vê apenas a CNN, jamais terá uma impressão acurada de Obama ou Hillary. Terá sua opinião formada pelo filtro ideológico da imprensa, majoritariamente de esquerda. Quando nosso anfitrião endossou meu ponto de vista, o casal ficou espantado: então eu não era o único maluco a dizer que Trump era mesmo menos pior do que Clinton?!

screvo tudo isso para mostrar como é difícil lutar contra a campanha avassaladora da imprensa, que lida com caricaturas. Trump, que é mesmo um tanto bufão, vira um “fascista”, um “xenófobo”, e ignora-se que ele está tocando em pontos sensíveis para a população americana e ignorados pelos Democratas. Hillary, que é uma mentirosa compulsiva, uma esquerdista radical, é tratada como moderada e sensata, e agora até de família estruturada eles falam, como se ela não fosse a mesma que engoliu as aventuras sexuais de seu marido “predador” de olho apenas na política, com frieza ímpar digna de uma psicopata.

O mais curioso de tudo foi a venezuelana falar em Chávez. Ora, o comuna era de esquerda, e são os Democratas que mais se aproximam dessa ideologia. Bernie Sanders, que apoia Hillary mesmo depois de descascá-la e apontar para seu elo com Wall Street, é um socialista que passou a lua de mel na União Soviética! Obama teve vários gurus marxistas, como já disse, e chamou Lula de “o cara”. Seus discursos emocionam porque são demagogos, falam de “minorias”, mas na prática seu governo aumentou a tensão racial no país.

A narrativa de “primeiro presidente negro”, seguida da narrativa de “primeira presidente mulher”, não deveria seduzir tanto assim. Mas seduz, pois política não é feita com argumentos e fatos, e sim com simbolismos. Nós brasileiros temos algumas coisas para falar sobre esse troço de “primeira presidente mulher”, ou pior, “presidenta”. Como recordar é viver, não vamos esquecer que Hillary, quando foi ao Brasil como secretária de estado, foi só elogios a Dilma, e o mais irônico, no que tange ao combate à corrupção:

No último dia de visita ao Brasil, a secretária de estado americana, Hillary Clinton, se reuniu com a presidente Dilma Roussef, em Brasília. E um dos assuntos do encontro foi o combate à corrupção.

Segundo ela, a presidente Dilma Rousseff está estabelecendo um padrão mundial na luta contra a corrupção. Ainda segundo a secretária, a transparência é a cura para a corrupção. As duas participaram de um encontro em que se discutiu como tornar públicas as informações sobre gastos públicos.

Pois é. Do que adianta focar no gênero? Expliquei que Thatcher era uma mulher que merecia ser glorificada, mas que isso as feministas jamais fariam. Dei outro exemplo: Condoleezza Rice, minoria dupla, negra e mulher. Mas com um pecado mortal: conservadora. E isso as feministas jamais aceitariam também. Afinal, o feminismo não é sobre a mulher, mas sobre o socialismo. E quem não entendeu isso ainda, não entendeu o feminismo moderno.

E agora a Venezuela chega ao patamar cubano de opressão, com seu governo déspota obrigando o trabalho forçado no campo. Alguém acha mesmo que essa realidade, comum a todos os experimentos socialistas, está mais próxima de Trump do que de Sanders, que apoia Clinton? Não estou, com isso, dizendo que Hillary já é uma comunista que quer transformar os Estados Unidos no próximo país bolivariano. Mas quero dizer, isso sim, que sem dúvida quem fugiu da Venezuela deveria saber que é o Partido Democrata que mais se assemelha ao esquerdismo populista latino-americano que vem destruindo nossos países. Trump não é a maior ameaça aqui.

Infelizmente, o que fica são as belas palavras do demagogo Obama, que levam às lágrimas, e a imagem de Hillary construída com muito esforço pela imprensa de esquerda. Eles são amigos dos imigrantes, principalmente dos ilegais. E, na prática, eles usam essa gente como mascote para ir destruindo os principais valores que sempre fizeram da América esta grande nação livre: responsabilidade individual, livre iniciativa, ética do trabalho, família estruturada, império das leis. Não esmolas estatais, welfare state, privilégios para “minorias” e proteção a criminosos. Essas são características de um Chávez, de um Lula, da esquerda que conhecemos tão bem, e queremos longe da gente. 
Título, Imagem e Texto: Rodrigo Constantino, 30-7-2016

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