Jurandir Dias
Aristóteles dividia os
homens em três categorias, de acordo com a vida que levavam: a vida de prazer,
a vida de políticos e a vida contemplativa.[1] Excetuando a vida de políticos,
que segundo ele era a classe de homens honrados e virtuosos — muito
diferente de nossos dias! — podemos dizer que essa classificação pode ser
aplicada hoje. “Os homens de tipo mais vulgar — diz o filósofo
— parecem identificar o bem ou a felicidade com o prazer, e por isso
amam a vida dos gozos.” [2]
Como sabemos, os
contemplativos são aqueles que levam a vida sozinhos, fazem orações, louvam a
Deus, estudam e fazem sacrifícios etc., como são (ou deveriam ser) os de
algumas ordens religiosas. Contudo, muito diferente desses religiosos, surgiu
nos últimos anos a categoria dos que preferem viver sozinhos.
Mais de 8,2 milhões de pessoas
no Brasil moram sozinhos em casas ou apartamentos. Segundo uma senhora de 82
anos de idade, ela mora sozinha porque “faz tudo o que tem vontade”. Outra
solitária diz: “Estou em paz comigo mesma, então eu não preciso de
ninguém. Eu converso com os meus gatinhos.”[3]
Quase 40% das pessoas que
moram sozinhas têm mais de 60 anos de idade. Tais pessoas, em sua grande maioria,
já foram casadas, ficaram viúvas, ou se divorciaram e mandaram seus filhos para
fora de casa.
Segundo a FIPE — Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas — 46% das pessoas que compraram imóveis na
capital paulista, nos últimos anos, pretendiam morar sozinhas. Esta tendência
contraria a história da humanidade, como observa o filósofo Pondé: “A
história da espécie (humana) é muito voltada para a necessidade de viver juntos
compartilhando o combate aos riscos.” Poderíamos acrescentar que contraria
também o natural instinto de sociabilidade da natureza humana.
Já o jurista Luiz Flávio Gomes
comenta: “Isto de morar sozinho vai na linha da cultura vigente desde
os anos 80 e que é uma cultura individualista e não mais o coletivo. Ademais,
os relacionamentos hoje são líquidos, é passageiro e fugaz, num instante se
vai.”
São Gregório Magno, citado por
Santo Tomás de Aquino, diz que “a vida contemplativa preserva o amor de
Deus e o amor do próximo com toda a nossa força, e repousa da atividade exterior
de tal modo que agora, não mais lhe agradando a atividade exterior, e tendo
desprezado os cuidados terrenos, a alma é consumida pelo desejo de ver a face
de seu Criador“. [4]
Há uma diferença fundamental
entre as pessoas que vivem sozinhas e a vida contemplativa descrita pelo grande
Santo, pois boa parte delas quer ficar sozinha por puro egoísmo, sem nenhuma
referência a Deus. Aliás, estas pessoas levam uma vida como se Ele não
existisse. Outras vivem sozinhas porque durante muitos anos praticaram o
controle da natalidade e com isso não têm filhos que as possam ajudar. Ou então
porque os educaram mal e os filhos se tornaram pessoas desalmadas que não se
preocupam com os pais.
Título, Imagens e Texto: Jurandir Dias, ABIM,
25-7-2016
Referências:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-