Luis Dufaur
No Natal, os britânicos
preparam o tradicional “pudding” [foto ao lado], oriundo da Idade
Média e que segundo instrução da Igreja Católica, “deve ser feito no
domingo 25, após a Trindade”.
Por sua vez, os belgas
degustam os chamados “cougnoles”, ou “cougnous” [foto
abaixo], pães do tipo brioche cujo tamanho varia entre 15 e 80 cm,
com a forma de um presépio que acolhe uma imagenzinha do Menino Jesus.
Os alemães preparam o “Christstollen” [foto
abaixo], bolo muito denso perfumado com especiarias e recheado com frutos
cristalizados e passas, cozinhado numa forma especial.
Os espanhóis no Natal preferem
o “turrón”, uma massa feita com amêndoas e mel. Ele tem muitas variantes: com
chocolate, nozes, frutas secas, etc.
Os franceses comemoram com a “bûche de Noël” [foto abaixo], imitando um pedaço de lenha, que suscita todo ano um verdadeiro concurso para disputar quem é o pâtissier que concebe a variante mais criativa.
Porém, nesse ponto os
italianos acabaram passando à dianteira de todos os outros com o universalmente
conhecido e cobiçado “panettone” [foto abaixo].
Origem do “panettone”
Discute-se calorosamente na
Itália sobre a sua origem. Todos concordam que nasceu na região de Milão.
Segundo uma versão, o panettone nasceu
em fins do século XV num banquete oferecido pelo tempestuoso duque Ludovico
Sforza, dito “o Mouro”.O ajudante de cozinha de nome Toni, encarregado de
vigiar o forno durante a preparação da sobremesa, teria dormido… E quando
acordou ela estava queimada!
Para se salvar da ira do
colérico duque? O Toni então reuniu tudo o que estava sobrando na cozinha e
misturou, para produzir um pão “enriquecido”… Esse delicioso manjar foi
saboreado por todos, que ficaram encantados.
Assim, essa obra-prima passou
para a posteridade com o nome de “pão de Toni”, que acabou dando em
“panettone”.
Mas há outra versão: um certo
Ughetto degli Atellani, jovem nobre que queria casar com Algisa — filha do
padeiro Toni — teria conseguido ser contratado pela padaria, onde concebeu o
famoso pão de Natal para conquistar a moça.
Outra versão ainda é aquela
segundo a qual Sóror Ughetta — cujo nome significa uva-passa —
teria comprado com suas últimas moedas algumas passas de uva e frutas
cristalizadas para acrescentar a seu pão de Natal, a fim de alegrar as irmãs de
seu convento.
O fato histórico incontestável
é que, entre outras coisas, na Idade Média nasceu o costume de comemorar o
Natal com um pão que fosse melhor que o quotidiano.
Até 1395, os fornos de Milão
só podiam assar esse pão no período natalino. Com frequência o “panettone” era
marcado com uma cruz.
Há também o “panettone” glacé
e com amêndoas de Turim. E o “pandoro” de Verona [foto abaixo], que é muito alto, pesa aproximadamente um 1 kg, com sabor de
baunilha, uma massa muito leve e que é servido num pacote feito com açúcar
cristalizado que é também comestível.
Em Veneza, o “panettone” vem
acompanhado de um creme de frutas cristalizadas.
E, além do mais, há o
“pandolce” de Genova, um pouco mais compacto; o “panforte” de Siena, feito com
especiarias e sem farinha, com a massa consolidada com mel, pimenta e canela.
No sul da Itália aplicou sua
inspiração ao panettone, que vinha do Norte, e acrescentou delícias inéditas
nas regiões frias: laranja, limão, pistache, bergamota e o licor limoncello.
O de Nápoles é feito com
laranjas cristalizadas de Amalfi e limoncello.
Em Siracusa, ele vem com
chocolate, pistaches, laranjas cristalizadas da Sicília e passas de
Pantelleria. Todos eles em geral têm preços acessíveis.
Foi somente entre as famílias
do mundo católico que a ação multiforme da graça do Espírito Santo inspirou uma
tão larga variedade de pães simples, mas deliciosos, próprios a elevar os
espíritos e fortalecer o corpo nos gaudiosos dias do nascimento do Redentor.
Procure-se entre os amargados
protestantes calvinistas ou nos decaídos países pagãos e veja se eles criaram
uma variedade análoga de uma delícia pura e inocente, tão de acordo com o
espírito sobrenatural do Natal católico.
Título, Imagens e Texto: Luis Dufaur, ABIM,
dezembro de 2016
Viva o Natal!
ResponderExcluirMais do que isso! Viva o panetone!! Ou seja lá o nome que quiserem dar a ele.
ResponderExcluirlp