Henrique Pereira dos Santos
Não deve passar uma semana sem
que haja um ou dois, pelo menos, anúncios da morte política de Passos Coelho,
seja por pessoas que nunca se enganaram em relação ao futuro, como Daniel
Oliveira, seja por jornalistas diversos, seja por amigos, adversários e
inimigos.
Para esse desporto nacional
contribui muita gente, com textos mais divertidos ou simples conversa de porteiras, em que cada afirmação é criteriosamente interpretada para caber na tese previamente definida.
Por exemplo, Manuel Carvalho,
há dias, era absolutamente definitivo "É oficial: o ocaso político de
Pedro Passos Coelho deixou de ser uma previsão de cartomância. É uma
realidade".
Compreendem-se bem estas
declarações definitivas quando se olha para a sólida fundamentação apresentada
por Manuel Carvalho: Rui Rio vai a jantares de Natal e Hermínio Loureiro disse
qualquer coisa. Até se poderia dizer que jantares há muitos, mas Hermínio
Loureiro dizer qualquer coisa, isso sim, é um sinal inequívoco e inegável.
"A sua solidão é sinal da
sua incapacidade para angariar lealdades com estratégia e fidelidades com
vitórias" diz, com lucidez e originalidade Manuel Carvalho.
"Passos Coelho parece
seguir cada vez mais sozinho no caminho escolhido por si... há uma divisão
cada vez menos silenciosa e mais ideológica que ameaça o PSD… "Estas
medidas pré-anunciam o divórcio entre Passos Coelho e os portugueses, mas
também entre Passos Coelho e o PSD", afirma... um ex-dirigente do
partido. Este social-democrata… está preocupado…
"Depois de criada uma
dinâmica social de contestação, incompreensão e desconfiança, um mau resultado
eleitoral nas autárquicas pode conduzir ... a uma crise política",
antecipa.".
Peço desculpa aos leitores,
distraidamente engatilhei uns artigos de jornal noutros e esqueci-me de avisar
que esta última citação é de 2012, num artigo chamado "Passos encurralado?".
O tiro ao Coelho é como a fama
da aguardente Constantino: já vem de longe.
Tal como as figuras ridículas
dos jornalistas que se repetem ano após ano, mês após mês, semana após semana,
no anúncio da morte política de Passos Coelho.
Um dia inevitavelmente
acertarão, claro, mas penso que nem percebem como no entretanto o pagode se ri
com o espetáculo do rei que vai nu.
Título e Texto: Henrique Pereira dos Santos, Corta-fitas,
29-12-2016
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