segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Pela liberdade, resistir ao lobby LGBT

André Azevedo Alves

O ódio que move os radicais do lobby LGBT deve aliás começar por enojar e causar repulsa às próprias pessoas com tendências homossexuais que não partilham do radicalismo dos activistas.

Nos dias que correm, defender a liberdade implica, cada vez mais, resistir à ofensiva do poderoso lobby LGBT. Para que não haja confusões, importa começar por explicar que denunciar a ameaça do lobby LGBT não equivale, naturalmente, a ter qualquer hostilidade para com as pessoas em função da sua orientação sexual. Não se trata sequer necessariamente de denunciar quem defende posições ditas “progressistas” nestas matérias. Há, felizmente, muitos exemplos de pessoas que defendem essas posições e com as quais é possível ter debates produtivos e mutuamente enriquecedores.

O que está aqui em causa é denunciar uma minoria activista de pendor claramente totalitário que visa usar o poder do Estado para moldar a sociedade na exacta medida dos seus planos de engenharia social pervertida. O perigo dessa minoria é directamente proporcional à sua ampla influência nas estruturas políticas (em especial nas transnacionais), na comunicação social e nos sistemas de ensino e investigação: veja-se, por exemplo, o império dos chamados “estudos de género” e a orientação dominante – para não dizer hegemónica – desse tipo de estudos.

O ódio que move os radicais do lobby LGBT deve aliás começar por enojar e causar repulsa às próprias pessoas com tendências homossexuais que não partilham do radicalismo dos activistas. Um bom exemplo desse ódio foram as reacções contra declarações do insuspeito Ricardo Araújo Pereira, em que este se terá queixado da crescente opressão do politicamente correcto nestes domínios. Um exemplo irónico porque RAP tem sido desde há anos um instrumento útil nas campanhas do lobby mas também paradigmático porque, como a história política dos movimentos radicais amplamente demonstra, chega sempre o momento em que a Revolução decapita os seus filhos pródigos.

No contexto das reacções, este artigo de Isabel Moreira merece destaque por ter a virtude de dissociar explicitamente a esquerda (ou pelo menos a esquerda na qual Isabel Moreira e outros activistas similares se inserem) da defesa da liberdade, colocando-se euforicamente no campo anti-liberal.

Como explicou Maria João Marques:
A defesa da liberdade não é de esquerda. De esquerda é a igualização (à força, se preciso) dos indivíduos. E são Isabel Moreira e seus amigos (os deuses nos livrem e guardem) que sabem aquilo em que devemos usar a nossa autocontida liberdade. Não é de esquerda a defesa da liberdade de expressão, tal como não é de esquerda a defesa da liberdade de cada um de nós dar o destino que bem entende ao dinheiro que ganha com a sua profissão. Também conhecida como liberdade de não sermos continuamente e crescentemente abalroados na conta bancária por via fiscal.”

É a esta ofensiva anti-liberal que urge resistir, organizando meios de resistência que devem unir todos quantos defendem a liberdade contra o ódio e a intolerância do radicalismo do lobby LGBT. A recente criação em Espanha da Plataforma por las Libertades é um bom exemplo mas está quase tudo por fazer neste domínio, ainda para mais considerando a magnitude dos poderes e interesses que é preciso enfrentar.

Chegados a este ponto, importa recordar uma passagem da importante palestra dada pelo liberal Hayek na conservadora Heritage Foundation no início dos anos 1980, intitulada “Our Moral Heritage” (pedindo desde já desculpa por não arriscar uma tradução rápida do eloquente original):

If you look at the present world, you will find that, with the exception of communism, all the worldwide religions (whether the monotheistic creeds of the West, or the exotic religions of the East) support the two principles of private property and the family. Even though thousands of religious founders have reacted against this and have advocated religious beliefs opposed to these two institutions, their religions have not lasted very long. ‘Not very long’, in this sense, means not more than roughly a hundred years. I think that we are presently watching one such experiment already in the state of decline before its hundred years are over. Communism is, of course, one of these religions, which are anti-property, and anti-religion, which had its time, and which is now declining rapidly. We are watching one instance where the process of the natural selection of religious beliefs disposes of yet another mistaken one, and restores the basic beliefs in property and the family.”

Embora o comunismo – pelo menos na sua versão “científica” clássica – se encontre hoje quase completamente desacreditado, o testemunho da guerra contra a família passou nos nossos dias para o lobby LGBT e para os defensores da agenda radical “do género”. Tal como aconteceu múltiplas vezes no passado, importa que todos quantos valorizam a preservação e continuidade da civilização europeia e ocidental e da sua ampla matriz de liberdades se posicionem solidamente do lado certo.

Votos de um Santo Natal para todos os leitores. 
Título e Texto: André Azevedo Alves, Professor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa,  Observador, 24-12-2016

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