Cristina Miranda
…confesso que já não suporto
mais ouvi-lo dizer que tudo está bem. Que temos estabilidade. Que o país está a
crescer… Deste governo que nos mente descaradamente para se manter no poder,
não esperava outra coisa. Mas de um Presidente da República que dizem ser de
afectos pelo seu povo, decididamente não!
Portugal, a partir de 2016,
aumentou a dívida em mais 14 mil milhões. São 51 milhões de euros POR DIA contra
19 milhões em 2015, que outros estavam a baixar. Como pode dizer que o país vai
bem, de sorriso rasgado na cara, se com crescimento quase nulo, quase
triplicamos a dívida, só com despesa directa do Estado? Como pode também
encobrir o embuste do défice, feito à conta do registo dos gastos directamente
na dívida, sem passar pelo orçamento? Porque teima, juntamente com eles, nos
iludir?
Eu sou mãe. E sei que afecto é
dizer “não” no momento certo. Que um “puxão de orelha” faz parte de “pôr no bom
caminho”. De si, esperava que obrigasse a corrigir a trajectória de quem nos
empurra, de novo, para o abismo de 2011. Que ao invés de passar a mão na cabeça
de quem governa sem responsabilidade, lhes retirasse algum ar naqueles egos
inflados que, com sua benção, não se importam com a herança que deixam de
miséria aos nossos filhos. Se viajasse mais cá dentro, saberia que os hospitais
estão em ruptura financeira. Que as escolas também. Que os transportes parecem
dum país do 3 mundo. Que 99% do tecido empresarial são PME privadas sufocadas
por impostos e caucionadas por falta de tesouraria graças às cativações grotescas
do Estado, que finge ter tudo controlado. Que a classe média suportou no OE2016
um aumento obsceno de impostos e vai voltar a suportar mais um no OE2017 só
para manter vivas e de boa saúde, as clientelas deste governo. Viajar pelo
Mundo, quando se tem um país como este, moribundo, não é afecto. É abandono.
E seu afecto infelizmente, não é pelo seu povo. É pelos ilusionistas deste governo, que já por tradição, nos penhoram a vida sem vergonha na cara. Quem nos vai valer a seguir? Que vai dizer aos credores de Portugal, aqueles que nos põem comida na mesa e que tanto desprezam, quando lhes faltar a paciência? Que podem continuar a nos emprestar mais dinheiro porque somos um povo afetuoso apesar de não cumprir acordos? Quando a estabilidade não depende só de nós, não devemos brincar com ela. Porque este país não é a Legolândia e nós, Presidente Marcelo, não somos bonecos.
Se a presidência é como ser um
árbitro, permita que lhe diga: está a deixar marcar golos com as mãos. E isso é
batota que vai sair cara ao orçamento doméstico de cada português. Mais uma
vez.
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 21-12-2016
Título e Texto: Cristina Miranda, Blasfémias, 21-12-2016
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