Aparecido Raimundo de Souza
Com o surgimento atabalhoado da Espécie Humana, os espaços na terra
passaram a ser uma questão de pura sobrevivência. Foi uma merda só. Entrou em
cena o salve-se quem tiver a pica grossa. Pois bem. Na atualidade, mais que uma
competição degringolou feio. Essa disputa acirrada, vamos assim classificá-la,
pode ser e, de fato é, pelo alimento, pelo território, pelo emprego, pela
escola, pelo trabalho, enfim, por um cargo público, por um emprego vantajoso,
pela fêmea que queremos enfiar o cacete na bunda, pelo macho...
Logo, estamos sinalizando, sem medo de falhas, que a disputa pode
acontecer entre a mesma espécie (intraespecífica) ou de conjuntos diferentes
(interespecíficas). Em qualquer um dos casos, esse tipo de interação favorece,
acode, ampara, apadrinha e dá vida e forma a um processo seletivo que culmina,
geralmente, com a preservação das formas de vida mais bem adaptadas ao meio
ambiente e com a extinção de indivíduos com baixo poder aquisitivo. Para não
passar em brancas nuvens, os de baixo poder aquisitivo são os fodidos, os
manés, os descamisados, os que vivem não à margem da sorte, todavia, aquelas
criaturas desassistidas, metidas até os colhões, dentro da linha infame da
pobreza mais degradante.
Foto: Autoria não identificada |
Iríamos mais longe. Diríamos, surgiria uma verdadeira guerra sem
precedentes. Luta louca e insana, a golpes de mão armada, onde o ato do
exercício desproporcional do poder de sobrevivência do homem se voltaria em
face do mesmo ser humano que vive e peleja ao seu lado, diariamente, ombro a
ombro. Nessa guerra entorpecida, ficaria vivo o que fosse mais forte e tivesse
melhores condições de botar com força no cu do outro.
Vindo ao mundo pelas suas mãos e em sua forma mais original, ignora ser
ele (o homem comum) seu maior inimigo, e o que lhe reserva a marcha estafante,
rumo ao aprendizado, mercê de sua iniciativa, inteligência, astúcia e coragem,
na busca incessante de um futuro melhor e mais confortável. Entenderam? Nós
também não!
Almejamos todos um porvir, de preferência sem pedras e outros tropeços,
durante a fadigosa jornada que necessitaremos enfrentar sem medos e receios.
Todos nós, entretanto, e sem exceção, carregamos algo em comum na porra da mala
de viagem, não importando a direção que tomaremos logo adiante. Queiramos ou
não, esse caralho grosso e duro estará enroscado na nossa sombra, colado em
nosso calcanhar, como uma desgraça iminente. Por Deus, que caralho é esse? Não
é bem um caralho, porém, uma velha e degradante verdade: a negra e
desconfortante velhice.
Foto: Autoria não identificada |
Pois bem. Das espécies com vida em nosso planeta, o ser vivente é o único
bicho que definitivamente não sobrevive sozinho. Precisa coabitar em sociedade.
Formar família. Trepar, comer a mulherada, trair o vizinho, o amigo. Do seu
nascimento até a derradeira hora de embarcar na canoa de Caronte, a morte
material, o ser vivente se meterá numa
caminhada ímpar, por intermináveis e intrépidos
carreiros abertos, hora após hora,
se fornicando com o suor de seu rosto. Num todo, trilhos, cortes e
sendas essas, onde vivenciarão as calmarias e tormentas, alegrias e tristezas,
vitórias e derrotas, prazeres e dores.
Seu aprendizado nessa lida é extremamente doloroso, sua ânsia pelo saber
se torna massacrante. Chega a torná-lo, ou a deixá-lo ousado e curioso em
relação ao futuro ainda por vir. Nesse pisar incerto, o estágio se apresenta
lento e vagaroso. Em certos momentos, quase parando. Tem momentos em que o
sujeito, puto da vida, dá vontade de enfiar o dedo no cu, rasgar as pregas, ou
enfiar na cara do primeiro político que encontrar à sua beira uma bala certeira
e fazê-lo ver o diabo mais cedo.
Muitas vezes o esforço empregado se torna improdutivo, sem qualidade, por
mais que o camarada se esforce para que sua vontade férrea vá em frente e tenha
vida própria. Via igual, o tempo inexorável continua passando. Nesse mudar de
posição contrária ao homem, gerações novas simplesmente substituem as antigas
e, por ser assim, e não de outra forma, galeras diferentes, sem a oportunidade
de uma convivência harmoniosa surgem a cada novo piscar de olhos. Como baratas
saindo de um bueiro em Brasília, ou mais precisamente do banheiro do Palácio da
Alvorada, por terem visto o Michel Jackson Temer sentado na bacia da sua
privada particular cagando as tristezas de todo um povo brasileiro.
Entendemos que uma leva de gente deveria vir em auxílio da outra ou,
simplesmente, ambas em apoio mútuo, se associarem entrelaçando as
inexperiências e vitalidades juvenis irmanadas às experiências dos mais velhos,
formando, nesse contexto, um único e coeso quadro coerente. Uma parceria
indestrutível, confiável, sobretudo de ousadia, com lucidez, para juntos, de
comum acordo, alcançarem surpreendentes resultados que deixassem boquiabertos e
com caras de boiolas, os famigerados que acreditavam encontrá-los humilhados
nas valas comuns da puta que pariu.
Não achamos, senhoras e senhores, ser correto justo ou perfeito,
discriminar as pessoas, apenas e tão somente pelo fato de serem mais velhas, ou
porque já não possuem a juventude plena dos dias primevos. Rejeitarmos essas
criaturas é o mesmo que desprezarmos o aprendizado que elas trazem
consigo.
Os homens, em sua maioria, se deixam abraçar pela insensatez e egoísmo,
desamparam, desarrimam, repudiam, renegam, se esquecendo que esse sentimento de
rejeição mais cedo ou mais tarde, lhes será devolvido com maior quantidade de
violência e intensidade.
Londres, foto: Autoria não identificada |
Sendo, pois, a experiência nossa maior instrutora, mormente grande
aliada, não podemos, de forma alguma, ou
sobre qualquer pretexto, postergar, desassistir, refugar, jogar por terra esses
ensinamentos. Não importa se o nosso “próximo”, morador do lado, de frente, de
banda, de cima, de baixo, de qualquer procedência (nosso irmão, portanto,
preto, branco, amarelo, azul, cor de rosa) jamais deveremos abandoná-lo à
sorte, ao léu, sobre hipótese nenhuma.
Levando em conta o que acima dissemos, senhoras e senhores, respeitemos
os de mais idade, os que já viveram anos a fio em busca de sonhos e dias
melhores. De coração nos orgulhemos por
essas criaturas que se embrenharam por desvios, pistas e rastros, e conseguiram
com fé e coragem, chegar até aqui. Até nós.
Necessário se faz, em patamar idêntico, levarmos em conta, e não só em
conta, em alta consideração, igualmente, o fato de que foram eles, o que,
indubitavelmente, hoje somos. Por derradeiro, tenhamos em mente, uma verdade
simples, mas que define tudo o que aqui foi dito: amanhã, infalivelmente,
seremos o que são eles, agora. O nosso próprio espelho na velhice indigesta e
enrugada do tempo. E o tempo, até onde sabemos, não perdoa, fode e arregaça com
força.
Lisboa, foto: Autoria não identificada |
AVISO AOS NAVEGANTES:
SE O FACEBOOK, PARA LER E PENSAR, CÃO QUE
FUMA OU OUTRO SITE QUE REPUBLICA
MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU MEUS
ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS, PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUIDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUI-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, Vila Velha, Espírito Santo, 30-12-2016
Anteriores:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não publicamos comentários de anônimos/desconhecidos.
Por favor, se optar por "Anônimo", escreva o seu nome no final do comentário.
Não use CAIXA ALTA, (Não grite!), isto é, não escreva tudo em maiúsculas, escreva normalmente. Obrigado pela sua participação!
Volte sempre!
Abraços./-