segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

[Aparecido rasga o verbo] O inverso do simétrico

Aparecido Raimundo de Souza

Cláudio Melo Filho, ex-vice presidente de Relações Institucionais da Odebrecht disfarçado de papagaio, depois de ter relatado ao Ministério Público Federal (MPF) que Michel Jackson Temer pediu a ele a ínfima quantia de R$ 10 milhões de reais para campanhas do PMDB (Entenda PMDB como Partido dos Machos que dão Bandeira - quando ainda era vice da jumenta Dilma), passeava com seu disfarce feito às pressas pelas imediações dos Palácios da Alvorada e Planalto,  quando, de repente, ao cruzar por sobre um dos muros de uma bem cuidada mansão (parecia, mas não era a Casa da Dinda do Fernandinho do pó, esta estupenda choupana fica na SML ML 10 Conjunto 15 23 – Setor de Mansões do Lago Norte) se surpreendeu com um velho amigo da sua família, um legítimo Psittacidae em carne e osso, que não via fazia tempo. Se não estava enganado, desde maio de 2014. De chofre, estancou perplexo. Quase não acreditava no que seus olhos enxergavam. O camarada, ou melhor, aquela criatura, ao lado da piscina, não era nenhum Kakapo, tampouco um Nestor ou Agapornis encontrado por aí, a torto e a direito. Todavia, levado pela curiosidade, voou para perto. Queria se certificar que realmente se equivocara e aquele troço desengonçado não se tratava do seu conhecido companheiro de outrora, dos tempos em que, vice-presidente da empreiteira gozava de excelente relacionamento com o Planalto, e, de contrapeso, com outros vagabundos, entre eles Eliseu Padilha. Cônscio da distância que poderia ser perfeitamente ouvido extravasou, na lata, na bucha.


- Meu pai do céu, cara! Que diabo é isso? É você mesmo ou preciso caçar óculos com lentes mais fortes?

- Cláudio, seu delator filho da puta.  É você mesmo? Espera aí.  Que foi? Que espanto é esse? Nunca viu uma coisa assim tão perfeita?

- Caraca! Então é você mesmo, Michel Jackson Temer? Por favor, me dá aqui umas boas beliscadas no lombo. Não acredito ainda no que tenho diante de mim!

Michel Jackson Temer se desquebrou se desmunhecou todo e fez cara de zanga. Esbravejou muito sério.


- Temer não! Agora meu nome é Presidenta! Muito prazer em revê-lo, seu cachorro safado! Delator de merda. E por favor, use a excelência ao se dirigir à minha pessoa.

Cláudio, o bico aberto, os olhos estatelados deu um passo atrás.
- Sai prá lá, Temer. Enlouqueceu? Usando um batom no bico, vestido com as cores da bandeira do Brasil, brasão da república pintado de rosa... e ainda por cima ser rotulado de excelência? Penso que merdecelência lhe cairia melhor...

- Excelência, meu caro. Agora, confesse: estou linda, não estou? Fala a verdade! Seu delator despeitado...

- Você não é mais aquela ave simplória que conheci nos primevos da Faculdade de Direito em Itu, quando eu ainda era um calouro e pertencia aos cuidados  do velho Reitor.

- Aqueles idos se perderam no tempo, seu pilantra.

- Vai de retro, meu chapa. Vai de retro. Depois dessa sua pose maluca, quando voltar a falar de você de novo, se voltar, claro (estou aqui por alguns dias com meu novo senhor), a primeira coisa que farei será atirar na lata do lixo o seu livro “Território Federal Nas Constituições Brasileiras” que me autografou. Valha-me Santo Simplório do Telefone Gigante!

- Pois é. Os tempos são outros... evoluíram... saiba, seu vagabundo, que estou pê da vida com você. Que história é essa de dizer que eu pedi R$ 10 milhões de reais para a campanha do PMDB? Como é que você joga uma titica desse tamanho no ventilador, seu sem vergonha? E ainda envolvendo o Padilha?
                                         
- Temer, meu prezado, deixa dizer uma coisa. Essa mecha das suas penas tingidas de loiro... kikikikikiki... Lembra o Lula.

- Faça-me o favor, Cláudio. Por tudo quanto é mais sagrado. Compare a minha doce e frágil figura a qualquer outro personagem, não ligo a mínima. Menos a esse sujeito cujo nome (ai, ui!) nem ouso repetir. Quanto às penas, seu imbecil, não reparou que fiz luzes?

- Dá pra perceber...

- Então, agora voltando aos R$ 10 milhões de reais, seu delator feito nas coxas, você vai se ferrar comigo. ESPERA. Dá um jeito de voltar ao MPF e desdizer tudo que vomitou a meu respeito e ao Padilha com relação a eu ter pedido essa grana. Repudio veementemente essas falsas acusações. Saiba que todas as doações feitas pelo empreiteiro Marcelo, seu ex-chefe, ao PMDB foram declaradas ao TSE.

- E o caixa dois?

- Vagabundo, salafrário, não existe, nunca existiu caixa dois. Sou um sujeito transparente. Não comungo com falcatruas. Você, ao contrário, continua sendo um ladrão por baixo dos panos.

- O que tem a me dizer do ex-ministro Geddel Vieira Lima?

- Não sei de nada que o desabone. Na verdade, mal o conheço...

- Moreira Franco?

- Nunca ouvi falar.

- E o núcleo de atuação do PMDB no Senado encabeçado pelo líder do governo, Romero Jucá?

- Prove...
- O que me diz da OAS e Alusa Engenharia?

- Nada a ver comigo...

- Me fale das empresas de fachada GFD, Labogen e Sanko Sider...?

- Chega, delator do diabo.

- Nossa, Michel, não se irrite. Olhe seu coração. Até onde sei, você e Renan Calheiros estão no bolo.

- Quero ver alguém ter aí provas concretas, robustas e cabais.

- Temer, pare com isso. Um dia tudo vem à tona. Eu fiz minha parte. Você conseguiu abocanhar os R$ 10 milhões. Seu amigo Padilha, ou melhor, seu preposto (Padilha é seu preposto) alocou R$ 4 milhões e você, o bonzinho, kikikikikik, botou as mãos em R$ 6 milhões, do próprio Marcelo, numa operação que não entendi muito o funcionamento, onde apareceu, em cena, a figura do senhor Paulo Skaf. Esqueceu do ilustre Paulo Skaf?! Até onde sei ele era, ou é, o Presidente da Fiesp e candidato derrotado do PMDB ao governo de São Paulo, em 2014. Agora que meteu a grana nos bolsos quer posar de santinho? Malvado!

- Cale essa boca, seu ladrão incompetente. Você mamou a comissão, aliás, uma polpuda comissão. Concorda?

- Minha vez de devolver o que disse  ainda agora. Prove. Não há nada que me ligue a qualquer tipo de comissão. Quer saber, Michel Jackson Temer, você está horrível. Além do que, ficar ai se rebolando, com traços acentuados de gay, falando com essa voz fina de bicha menstruada, baitolando as asas... querendo tirar o seu da reta. Falei mesmo. Contei tudo. Quero ver você se livrar dessa. Quero ver se esse carguinho de presidente deste país de Manés e Otários vai ajudar a limpar sua barra. Mudando da Odebrecht para outra empreiteira a Camargo Correia que também liberou “uma graninha”, pra você, por debaixo dos tapetes, posso, ao menos, saber o que aconteceu com você? Por que esse ultraje à nossa linhagem?



- Vou responder, Marcelo traidor safado, delator dos infernos, porque, apesar de tudo, hoje estou com o humor nas alturas. Num dado momento histórico, eu cansei de ser uma simples ave emplumada. Uma Cacatua sem eira nem beira, uma Strigopidae sem teto, ou pior, uma sem vergonha de uma Agapomis à cata de uma bolsa floresta. Sempre almejei voar alto, ganhar espaços novos, fuçar terras e rincões distantes, gozar da fama, ter dinheiro e poder. O poder é como um beijo de língua tipo os que as atrizes das novelas da Globo tascam naqueles gatos espadaúdos. Tudo me excita, me deixa mais, como diria -, mais eloquentemente pra cima, literalmente feminina, dos pés a ponta do bico. Hoje delator dos quintos posso dizer sem medo de errar que, além da conta bancária cheia, recheada, eu tenho a força. Lembra do He-Man?

- Temer, Temer estou pasmo! Com todas as letras.

Michel Jackson Temer se irritou, ficou nervoso. Fez vozinha doce. Requebrou, numa dança fora de esquadro, gingou pra lá e pra cá, bamboleou em câmera lenta.

- Cláudio, seu safado, não é Temer. É Presidenta. Olha o brasão, olha o brasão! Você me respeita. Agora tenho poder, dinheiro, a mídia aos pés, moro bem, vivo às mil maravilhas, o povo brasileiro me adora. Viu as últimas pesquisas? No final do meu mandato, pretendo mamar por mais quatro ou oito anos.  Depende. Por derradeiro, mudei de um poleiro velho, o Palácio Janucú para um senhor e respeitado último tipo com todas as comodidades de um rei. Fica aqui ao lado, ao longo da Via Presidencial. Deixei de apenas existir, para simplesmente ser...

- Quem diria! Quem te viu quem te vê!

- Pois é. Minha casa, agora, tem até nome pomposo. ALVORADA...

- Que nome esquisito, ou melhor, escroto!

- Dobre a língua. Resido aqui em Brasília, no Palácio da Alvorada, desde que meti o pé na bunda da Dilma. Alvorada entendeu? A, ÉLE, VÊ, Ó, ERRE, A DÊ, A. E tem mais, seu bandido desqualificado, dirijo este país de bobocas de um outro palácio, o Palácio do Planalto. 

- Prefiro minha velha alcandora... sou mais feliz dentro  dela. E quer saber? Não troco meu cantinho por nenhum palácio. Ainda mais com esse nome estrambólico, Alvorada.  Brasília lá tem alvorada? Só se for a alvorada dos porcos chafurdando no lamaçal do Congresso e do Senado. Onde já se viu?

- Você pensa pequeno. Aliás, seu delator desgraçado,  sempre pensou como uma ameba. Desde o tempo em que era vice da Odebrecht. 


- Prefiro pensar pequeno a me transformar em... esquece...

- Não Cláudio, continue...

- Deixa pra lá. Explica, do fundo do seu coração. O que realmente aconteceu com você?

Temer coçou o queixo, como a procurar uma saída viável. Antes de satisfazer o zelo do agora inimigo, abaixou a cabeça e nesse momento se viu em meio a um coro orquestral cantando as glórias divinas do patamar alcançado. 

- Ok. Quer mesmo saber, mísero papagaio de periferia?

- Sim, fale. Só peço, por gentileza, comece do princípio. Convença seu velho papagaio aqui que tudo o que fez está certo, e que essa performance careta atrelada a esse desempenho maluco foi, de sorte, a melhor escolha... estou pois, ao seu inteiro dispor, para ouvi-lo...

- É muito simples, delator pilantra. Achacador amaldiçoado. Cansei desse negócio de ficar dando só o pé...

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Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista, Vila Velha, Espírito Santo, 26-12-2016

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