Aparecido Raimundo de Souza
Minhas senhoras e meus senhores, confessamos, publicamente, nunca
conseguimos entender, ou melhor, nunca digerimos ou absorvemos, menos ainda
trituramos, ou remoemos, como um bife com batatas fritas, essa história sem pé
nem cabeça, idiota e vilipendiada do conhecido “horário de Brasília”. Ora, se
moramos em São Paulo, o horário pelo qual deveríamos nos direcionar, seria o de
São Paulo. Mesmo pensar, se nosso domicílio fosse no Rio de Janeiro, o nosso
relógio deveria estar em sintonia meridiana com o horário do Rio de Janeiro.
Assim por diante, em todas as capitais, Roraima, Maranhão, Ceará, Amapá,
Pará, Goiás, Santa Catarina, Paraná,
Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Acre, Amazonas, Espírito Santo e Tocantins, entre outras. Apesar de termos lido um monte de textos
expressivos disponíveis na Internet, não entendemos bulhufas. Temos uma ideia
bastante clara de que o horário, para todos os brasileiros, deveria ser o horário
local. Aquele (daquela capital, ou cidade) onde o cidadão reside. Em outras
palavras, onde temos nossas casas, nossos amigos, nossas famílias, nossos
empregos, onde vivemos o nosso ad
aeternum cotidiano. Por que os nossos relógios devem estar emparelhados ou
mancomunados com o de Brasília? Brasília que se foda, que vá para a casa do
Carvalho, em falta de residência mais apropriada e digna, humilde como a de
Michel Giló.
Se Brasília, ao menos, fosse uma cidade decente, sem manchas, sem nódoas,
sem resquícios de sujeiras, sem ratos, sem baratas, ou escorpiões, sem
lagartos, usque pilantras, mafiosos, enganadores do povo,
falsos profetas, vândalos a dar com o pau, sem caixas pretas, sem esgotos a céu
aberto... enfim, se Brasília estivesse divorciada, apartada, de corpo e alma
desses insetos peçonhentos que a infestam, que a abraçam, até faríamos uma
acirrada campanha para que a população tirasse o chapéu. Com certeza, muita
gente aderiria acredito, inclusive, aqueles caraminguás lá dos cafundós de
Eduardo Cunha que, entre outras coisas, no lugar da cabeça ostentam a altura da
testa, um belo e lustroso par de chifres.
Todavia, senhoras e senhores, Brasília é uma merda, um poço de bosta, um
zero enorme elevado ao quadrado. Uma peça fora da engrenagem, destoada do jogo.
Pelo menos do nosso. Porém, tem gente que engalana o Distrito Federal, rotulando
o planalto de berço. Berço até poderia ser (das grandes decisões nacionais,
jamais), contudo, esse berço não vai além de uma enxerga paupérrima, feita por
um carpinteirozinho mixuruco, cego dos
ouvidos e surdo dos olhos, assim como a Justiça, de roldão, uma vagabunda sem
escrúpulos, vexada, melindrada, comprometida e acanhada com os escândalos
emanados de si mesma.
A justiça, no geral, abrindo um parêntese, se apresenta à sociedade
hipócrita que a contempla (e quando mencionamos sociedade hipócrita, nos
incluímos nela), com uma venda nos
olhos. Aliás, nós (os eternos Zés Bundinhas), adoramos a venda nos olhos.
Exatamente para não vermos nada, como Mula não viu enquanto governava, e
depois, Dilma, brincando de tricotar com o rabo sentado na sua bicicleta
presidencial dando “pedaladas” pela Exporrada dos Ministérios. Amamos de paixão
a venda para não darmos opinião, para não melindrarmos o “goenfermo”. Esse paninho na fuça, ou venda,
em Brasília, embora pequeno na tez pélrica da Amada Justiça, pela
sua escassez de tira de cabra-cega, se torna grande e imenso, ultrapassa,
inclusive, a bulferia do que conhecemos ou entendemos como venda, tomando,
pois, ares e características de uma birosca fútrica (não confundir com futrica)
de periferia.
É isso, meus amados. Fechando o parêntese aberto e voltando ao foco do
horário e mandando a justiça lamber o saco do sinistro Terrorisa a VASP, olhamos para Brasília como
uma bodega de terreiro, um lote cheio de estrumes, estercos e imundícies onde
se congregam os búgrios, os chardos, os cumênicos, os espertalhões, os
poderosos de colarinho branco e seus discursos para doutor nenhum botar
defeito.
Brasília é um saco preto de leões de unhas afiadas, onde se aglomera de uma
só vez as sanhas das lavagens de dinheiros, das contas nos paraísos fiscais,
das cuecas com cofres, das calcinhas com câmeras escondidas e alarmes contra
roubo (menos) na hora de se passar pela checagem alfandegária do Aeroporto Internacional Juscelino Deu o Cheque.
Coitado, Juscelino assinou o documento,
estava sem fundos e morreu sem conseguir resgatar o voador. Tocando sem querer, em voador, Brasília (como
um grande avião pousado no Assalto Central, jamais decolou) nos transmite a
visão dos infernos, onde proliferam as gravatinhas e pisantes de
marcas, os bárbaros e desumanos, os inclementes e os párias que, em nome do
Poder, pelo Poder, e com o Poder, nos transformam, dia após dia, em bobos da
corte, em arlequins, devidamente vestidos de bobocas, ou babacas, em
foliões, evidentemente parafernalizados com os fólicos narizes
vermelhos, as dríchias cartolas, os coletes, os malabares, os
salopetes, culminando, claro, com os tradicionais e não menos importantes
largos e bem chamativos sapatos de palhaços. Sem os sapatos, os títeres
ficariam manietados e incompletos. Como o Brasil, neste momento, à beira de um
ataque de novos impostos nas cacundas dos Manés, intencionando (mentirosamente)
cobrir o rombo da previdência e aumentar (verdadeiramente) os salários dos
nossos representantes na Câmara, no Senado, no Judiciário. Para a turma de
vagabundos de Brasília, em resumo, somos como aqueles antigos touros nas arenas
da Espanha, onde os animais irracionais eram maltratados pelos poderosos. Esses
algozes seguem nos espezinhando em nome de uma súcia de covardes travestidos de
parlamentares que, diga-se de passagem, sobrevive em face de nossas desgraças
mais prementes.
Voltando, ao sórdido, asqueroso, indigno e cambalachado horário de
Brasília, observem, meus amigos, que tudo se guia, tudo se trombeteia por ele. “Hoje
teremos um pronunciamento do excelentíssimo senhor ministro do Ministério das
Misteriosas Confusões, Roberto Pega Quatro, às vinte horas, HORÁRIO
DE BRASÍLIA”, ou a novela “Come dorme e fodem os veados e transexuais”
excepcionalmente, neste sábado, irá ao ar às quatorze horas e quarenta minutos,
HORÁRIO DE BRASÍLIA.
Que tal nosso mundinho de histórias da carochinha não girasse no horário
de Porto Alegre, ou horário de Camamú? Por que não da Colômbia, França, Canadá,
ou mesmo dos Estados Unidos? Norte
igual, o que vocês nos diriam se pontilhássemos tudo pelo horário sagrado, qual
seja, o horário do instante em que Jesus Cristo ressuscitou? Seria, inclusive,
mais leal, mais digestivo, mais saboroso, mais humano. Poderíamos passo
idêntico, nos orgulharmos em propagar aos quatro cantos do mundo que nosso
horário, acima de qualquer suspeita, É UM HORÁRIO GENUINAMENTE SAGRADO. Não
confundam senhoras e senhores, com cagado. Cagado é o horário de Brasília.
“Daqui a pouco – vejam que lindo, que meigo.
Vamos assistir a sessão das dez, horário de Jerusalém, ou mais precisamente, no
horário sagrado em que Jesus ressuscitou”. De Brasília?! Por que Brasília, indagamos, insatisfeitos,
virados no bicho, putos da vida? Meus amigos, lá em Brasília, só
temos comes e dormes, dispomos em grande quantidade de golpistas e sanguessugas. Gente que não faz nada, que vegeta às nossas
custas, que nos impõe impostos e mais impostos. Que nos enfiam bananas goela
abaixo, como se fossemos um bando de macacos tentando chegar aos Estados Unidos
disfarçados de ”deuputados”, ou “senahorrores”,
dando o fora da boa terrinha, em face da monstruosa e arrasadora, ou
assustadora “Operação lava gatos”.
Em Brasília, meus amados, repetindo o óbvio, só nos deparamos com
vampiros amaldiçoados que, boca e dentes rilhados, não despregam dos nossos
pescoços nem por reza braba. Horário de Brasília, pois, que vá para o raio que
o parta, ou que os partam. Uma perguntinha final, para os amigos que nos leem:
que ligação platônica há por detrás
desse horário de Brasília com essa frase célebre: “Todo foder emana do
polvo e em seu nome é enxerido?!”.
Com essa história de horário de Brasília, cremos até que os aparelhos que
usamos nos pulsos deixaram de ser confiáveis, honestos, pelo menos depois da
Era Fula. Imaginem meus consanguíneos, relógios corruptos, os ponteiros dos
minutos metidos com a MMC-AUTOMÓVEIS, subsidiária da Mitsubishi no país, GRUPO
CAOA (fabricante de veículos Hyundai) e por que não, igualmente com a tramoia
dos trinta e seis caças supersônicos, modelo sueco Gripen-NG (Não Garantimos)
adquiridos por US$ 4,5 bilhões a serem pagos no distante 2023??!!
Imaginem mais: os ponteiros dos segundos e os milésimos de segundos de
mãos dadas com os trapaceiros da Petrobosta e outras operações escalafobéticas
de nomes engraçados, como Zelotes, Pinotes, Timóteo Albatroz, Centurião,
Navalha, Carta Marcada, Esfinge, Decadência Total, Pororoca, Midas, Pau Duro,
Caronte, Galiléia, Peida Que Cheiramos Unidos, Pinto No Rego Pobre e outras
mais. Ia ser um caos. Ou dito de outra forma, já é um caos. Maior até do que
esse em que a nossa Pátria Amada Brasil tão querida (de Juliana Alves, Quitéria
Chagas, Taís Araújo, Sheron Menezes e outras musas de looks sensuais) como uma
gorda porca de chiqueiro, chafurda em campo minado.
AVISO AOS NAVEGANTES:
SE O FACEBOOK, PARA LER E PENSAR, CÃO QUE FUMA OU OUTRO SITE QUE REPUBLICA
MEUS TEXTOS, POR QUALQUER MOTIVO QUE SEJA VIEREM A SER RETIRADOS DO AR, OU MEUS
ESCRITOS APAGADOS E CENSURADOS, PELAS REDES SOCIAIS, O PRESENTE ARTIGO SERÁ
PANFLETADO E DISTRIBUIDO NAS SINALEIRAS, ALÉM DE INCLUI-LO EM MEU PRÓXIMO LIVRO
“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título, Imagens e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, 63 anos, jornalista, Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro, 18-12-2016
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