Aparecido Raimundo de Souza
PERGUNTAS:
Como resolver esse problema
nos ônibus? Teria jeito de pôr fim à bandidagem?
RESPOSTAS:
As indagações acima são fáceis
de responder. Qual seria a solução viável, imediatista e legítima para frear
tamanhas disparidades? Em virtude da poderosa endemicidade que criou forma de
maneira irrefreável (e aqui podemos, infelizmente, rotular de trágica e
crônica), só existe, a nosso ver, uma saída concreta na qual necessitaríamos
nos agarrar de unhas e dentes. Num primeiro momento, seria necessário que nossos
representantes da segurança pública colocassem policiais militares dentro dos
coletivos. Policiais fardados.
Disfarçados de passageiros, de vendedores de picolés, ou de cachorros com
distintivos da guarnição, não resolveriam
a pendenga.
Entendemos que a presença
constante e maciça desses servidores da ordem, inibiria, com certeza, os
vagabundos que se acostumaram a pular as roletas e, pior, a assaltar e saquear
os passageiros ou a lhes tirar o bem maior, a vida. Seria criada, em torno
disso, uma espécie segura de atmosfera de medo ao inverso, ou seja, veríamos,
num repente, o oposto dos fatos. O quadro que hoje nos amedronta, nos
aterroriza, teria outra convergência na cabeça dos mundanos. Assim como os rios
correm para o mar, esses meliantes (que hoje surgem do nada, refinados e donos
de si) pensariam mil vezes antes de se aventurarem a meter os pés pelas mãos.
Num segundo momento, daremos
como certo, alguns imbecis sob a égide desfigurada da imbecilidade galopante
questionarão: mas a Polícia Militar não dispõe de um efetivo robusto e temeroso
para preencher esse sonho utópico. Impossível realizar tal proeza. Vamos,
então, em busca de outra alternativa, o chamado e conhecido “plano b”. Nesse caso qual seria o “plano b”?
Para o impacto ser perfeito, o
exército entraria em cena. Sem mais
delongas. Desse modo nos ônibus, em horário de rush (para quem não sabe o que é
horário de rush, é o mesmo que
horário de ponta, ou horário de pico) uma dupla com fuzis e metralhadoras,
mudaria toda a situação. Na mesma teoria, em sistema de rodízio, cidadãos da
marinha e, depois, da aeronáutica, substituiriam no mesmo trabalho de
lavanderia.
Cada dia, ou cada semana, ou
mês, uma dupla dessas instituições que apregoam “viver para nos defender”
sairiam das coxias e se colocariam em posições de vistos e notados. Duvido que
algum bandido se atrevesse a assaltar ou a pular as roletas, ou, ainda, no
contra factual dos casos, a tentar qualquer artimanha como válvula de escape
para não perder a viagem. Em outro olhar menos deformado, eu seria mico de
circo, se essa rapaziada sem educação (que usa aparelhos celulares se
aventurasse a viajar com aquelas músicas nojentas e asquerosas em volume acima
do normal, melodias que nem o capeta suportaria ouvir) não debandasse em busca
de outros terreiros.
Para essa criança nascer forte
e robustecida, se faria necessário que tivéssemos antes de qualquer coisa,
autoridades consideradas competentes. As alcunhadas de “acima de quaisquer
suspeitas”, sobretudo que honrassem os colhões no meio das pernas, que agissem
como HOMEMS DE VERDADE COM AGÁS MAIÚSCULOS, e não balançassem os rabinhos, como
cachorrinhos de madames, ou vaquinhas de presépios. Certamente, essas poucas
vergonhas, essas canalhices ficariam, de vez, esquecidas nos cafundós do
passado.
Raciocinem comigo senhoras e
senhores. Temos uma chusma de parasitas,
aquartelados, Brasil afora, comendo e bebendo às nossas expensas, fazendo
treinamentos. Treinamentos para quê? Sabemos que o mundo é controlado pelos
Estados Unidos. São eles que ditam as ordens.
Se o sujeito, que tem sob seus cuidados, a vigia da maleta preta,
acordar de mau humor, lá no meio das cuecas de Obama (porque a mulher dele não
liberou a racha cheirando a perfume importado) resolver apertar o botão
vermelho, o planeta inteiro irá se esborrachar em questão de segundos como se
vítima de uma hecatombe. Por assim, o exército, a marinha e a aeronáutica
servem para que? Entendo, em face de minha púlvia inteligência,
exclusivamente se favorecerem esses órgãos no sentido de ocuparem terrenos opíparos e
lautos, tornando-os literalmente improdutivos. Nessas terras a se perderem de
horizontes, poderiam ser construídas casas populares para pobres de baixa
renda. Acabaríamos com a pobreza. Quem sabe as favelas, de roldão, deixassem de
existir. Até prova em contrário, esse
trio de supostos guardiões da Nação não vai além de figuras de enfeite
ornamentando as fuças de toda uma legião de abestalhados com falsas promessas
de vigilância vinte e quatro horas em nossas fronteiras, para que, segundo
eles, não fiquem desguarnecidas. Balela. Conversa mole.
Proliferam em nossos limites
(acobertados, inclusive por quem deveria coibir esses tipos de crimes
hediondos) todos os tipos conhecidos de contrabandos e descaminhos, ora
entrando ora saindo do território brasileiro. As patrulhas guardiãs fazem vistas grossas. O país está na
verdade, à deriva, desviado da sua rota normal, sem rumo certo, ao sabor de
quadrilhas internacionais que agem sem nenhum tipo de constrangimento. É
emergencial deixar claro, as três forças existentes exército, marinha,
aeronáutica, nos assessoram unicamente para que nossos filhos percam um ano
inteiro trabalhando (trabalhando??!!) para um bando de pilantras da pior
espécie. Uma súcia de malandros que não fazem porra nenhuma, a não ser viver
como “burrocratas” encastelados atrás de belas mesas, lustrando cadeiras com
suas bundas gordas, assinando memorandos, discutindo fotos de mulheres peladas
de revistas nos moldes da norte-americana Playboy. A utilidade, pois, das
forças armadas se constitui em resumo, num único particular: tirar do seio
familiar nossos rebentos, em nome da defesa nacional de uma pátria despatriada,
coberta por gangues e seviciadas por politicagens de cunhos internacionais.
Em vista disso, uma sugestão
para os ilustres e pufridos fazedores de leis idiotas lá de Brasília, criadores
de preceitos vazios, fomentadores de prescrições lésbicas e divorciadas da
nossa realidade. Igual norte, lequeadas para os ispélicos prefeitos, para os
putibundos governadores, e, claro, para o nosso querido e fuscólico presidente
dessa republiqueta esdrúxula, ou outra “artoridade” aqui não mencionada, mas
que se enquadre de alguma forma, se a carapuça lhe servir de cabresto. Se faz
necessária uma reforma urgente em nossos ordenamentos jurídicos. É preciso por
termo, de uma vez, com essas leis macias, brandas, que não fazem outra coisa a
não ser favorecer a meia dúzia de larápios de colarinhos brancos.
Enquanto isso não ocorre, meus
amados e amadas, coloquemos essa galera de “vadios entre parênteses” nos
coletivos. O povo não aguenta mais viver esse estado de intranquilidade (quando
menciono o povo, falo evidentemente de quem trabalha para ganhar o pão de cada
dia). Não faço referencia aos pilantras que mamam e não só boqueteiam, vegetam,
de cu pra cima, as expensas dos nossos bolsos e do nosso suor. Se não der certo, essa teoria, ai sim,
partiremos para o tudo ou nada.
E o que seria, nessa altura do
campeonato, o tudo ou nada? ARMAR O
POVO. Prover o cidadão de bem, cumpridor de seus deveres, com paus, pedras, revólveres, bolinhas de
gude, garrafas, facas, garfos, pás, picaretas, estilingues, vergonha, sobretudo
vergonha e coragem. Sem esses ingredientes, vergonha e coragem, os Manés da
vida poderão ter um arsenal à disposição, entretanto, sem a vergonha atrelada a
coragem, melhor sair de cena a francesa. Por falar nisso, a maioria dos
brasileiros gosta de sair de fininho, de mansinho, calado, sem ser visto. O
resto que se exploda.
Resumindo: pintou na área um
assalto, puladores de roletas, infelizes com celulares em volume de agressão
aos tímpanos, arregaçando nossos escutadores de novelas com aquelas infâmias
vindas dos infernos, pau na cachola neles. Se tivermos a iniciativa de mandarmos
esses sujeitos darem um passeio de ambulância até o hospital mais próximo, ou,
dependendo do caso, oferecer uma passagem só de ida para encontrar Deus mais
cedo, estaremos vencendo a bandidagem terrorista e apocalítica que nos
inferniza a paz e a tranquilidade de espírito.
Quando o famigerado Zé Povinho
acordar para esse estado de direito que é seu, com certeza, nenhum menor
infrator (ou menor sem vergonha, safado) se atreverá a entrar num coletivo para
perturbar a ordem de quem vem ou está indo para o trabalho. Eles, os vagabundos
como um todo, pensarão mil vezes. Além do que, acabaremos com a ideia sédica da
impunidade. Impunidade, por estas bandas, virou moda, se transformou em
sinônimo de canalhice. O Brasil, visto
de fora, pelos povos mais civilizados e de primeiro, mundo, riem da nossa
desgraça. Sabem que somos, sem duvida alguma, o país da eterna e indomável
IMPUNIDADE.
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“LINHAS MALDITAS” VOLUME 3.
Título, Imagem e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, 63 anos, jornalista, da Praça da Sé, Centro de São Paulo, 16-12-2016
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