José Manuel
Doze de abril de 2006, 10 horas da manhã.
Neste mesmo lugar onde escrevo isto, agora,
olhava para a tela do computador, para dentro do meu e-mail e não podia
acreditar, quase sem poder respirar, no que via. Li duas, três, dez vezes, a
mensagem do Aerus comunicando que havia entrado em intervenção
judicial e que os meus salários a partir daquele momento iriam começar a
diminuir até chegar aos 8% do que recebíamos.
A partir daí todos estão fartos de saber o
que aconteceu, com quase dois mil falecimentos, famílias dispersas, perdas
patrimoniais sem conta, jovens sem poder concluir seus cursos, suas
universidades, perda de planos de saúde, doenças, muitas doenças, e até hoje os
ativos nada receberam.
No dia 30 de março deste ano (quinta-feira
da semana passada), tínhamos a esperança de que parte dessa desgraça iria
começar a ser resgatada, com o julgamento do último recurso da União no
processo onde já somos vencedores por cinco a dois em julgamento anterior, em
13 de março de 2014, portanto, mais de três anos, e após o presidente do STJ na
época, Joaquim Barbosa, ter permanecido com o processo preso por sete meses.
Nesse julgamento, nessa vitória (5 a 2), os
dois que foram contra, precisamente o Joaquim Barbosa e o Gilmar Mendes. O
que fizemos a estes dois personagens, para sermos penalizados? Penalizados sim,
porque justiça fizeram os outros cinco, ou será que estou enganado?
No entanto, nesta quinta, 30 de março,
infelizmente ainda não foi desta vez, porque o ministro Gilmar Mendes teve de
se ausentar do julgamento por ter outra agenda, postergando para abril, o mesmo
abril do dia 12, e aí veremos o que o ministro fará de novo, uma vez que é
muito ocupado com a sua faculdade.
Escrevo isso aqui e escreverei quantas
vezes for preciso, para que nunca mais se repitam os fatos acontecidos, e que
as pessoas atingidas por esse crime hediondo nunca se esqueçam e lutem, lutem
muito, para que jamais volte a acontecer.
É como o holocausto dos judeus.
Tem que ser repetido sempre e sempre para que ninguém esqueça do que aconteceu.
Abaixo, o teor de uma carta
recebida e publicada pelo “Cão que fuma” logo após um dos episódios de
protesto, para ser lida com atenção, pois todos têm a sua parcela de
responsabilidade para consigo mesmo e para que Justiça não continue "postergando",
como fez agora recentemente.
“Meu amigo
Zé,
Louvo a
sua intenção em defesa de uma classe que poderia, já há tempos, ter demonstrado
atitudes mais contundentes, até mesmo semelhantes às que você fez e agora
repete.
Entretanto, meu amigo, preocupa-me sobremaneira o
seu comportamento isolado, quando você briga por você e outros 8 000 colegas.
Desnecessário
dizer-lhe que “uma andorinha só não faz verão” e, se uma dezena de
outros colegas que estão passando pelo que você passa, não forem solidários em
mais esta demonstração de repúdio ao tratamento dispensado a essa tão laboriosa
e fiel classe, juntando-se a você em mais esta greve de fome, não querendo
desanimá-lo, mas alertá-lo, o seu sacrifício será em vão, pois não terá o
alcance almejado, devido ao pouco interesse dos políticos, da Justiça, da OAB,
da CNBB e da mídia nacional.
Por quê?
Esses só se manifestam quando acontece algo espetaculoso, algo que sensibilize
ou cause grande comoção.
Infelizmente,
não será você ou qualquer outro seu colega, que com essa desesperada atitude
isolada conseguirá sensibilizar a Justiça.
Já tomou
conhecimento pela mídia de paraquedista morto pela não abertura do seu
paraquedas? Em contrapartida, quantas notícias de queda de avião você leu ou
assistiu nos telejornais?
Infelizmente,
amigo, os políticos, a OAB, a CNBB e a mídia nacional são movidos pelo número
de eleitores, pelo auxílio sensacionalista dado a um "injustiçado",
pelo maior número de devotos, pelo maior número de jornais vendidos ou pelo
maior Ibope televisivo.
UMA
ANDORINHA SÓ NÃO FAZ VERÃO!
Não quero
encontrá-lo numa praça pública, como uma merecida estátua àquele que sacrificou
a sua vida em prol da laboriosa classe de aeronautas.
Quero sim, continuar podendo encontrá-lo, abraçá-lo
e degustar os nossos vinhos e, não, ter de levar um ramalhete de flores para
depositar aos pés de sua estátua.
Espero ver, ouvir e ler que você dessa vez não estará só.
Espero que os seus colegas não fiquem somente em suas casas torcendo e orando para o sucesso de seu "representante", mas, ao lado dele, passando e sentindo na pele o sacrifício que ele está fazendo.
Que Deus o
proteja ou os protejam.
Do amigo,
Título e
Texto: Sérgio Avellar, 21-10-2013”
Título e Texto: José Manuel, espero mais, espero que
gritem, berrem até à exaustão, contra esse descompromisso ético social
protagonizado pelo mesmo Ministro do Supremo, mais uma vez. 3-4-2017
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Colunas anteriores:
Amigo Zé.
ResponderExcluirApós mais de 3 anos, vejo que o conteúdo de minha carta continua atual.
Poderia escrever-lhe outra com o título: PIMENTA NOS "OLHOS" DOS AERONAUTAS É REFRESCO.
Entretanto, como não quero usar de termos veementemente revoltantes contra a contumaz atitude do nosso Judiciário, fica aqui para os bons entendedores que: PIMENTA EM UM DOS "OLHOS" DOS AERONAUTAS É REFRESCO.
Continue lutando amigo.
Avellar