Telmo Azevedo Fernandes
O meu artigo de hoje no Observador tem tido comentários interessantes.
Alguns exemplos:
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Um artigo que é um verdadeiro dejeto.
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Escumalha intelectual
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Um liberal é isto, não se aproximem.
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Este encarnou o Tecnoforma.
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Lá vem a Direita dos ricos…
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Como é possível que existam criaturas destas em
pleno Sec. XXI?
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Emigre para o Sudão!
·
Sociopata inconformado.
Boa leitura!
Telmo Azevedo Fernandes,
Blasfémias,
25-3-2018
O estado-social é imoral!
Telmo Azevedo Fernandes
A compaixão não se pratica com o dinheiro
de terceiros. Quando a responsabilidade individual é menosprezada, a liberdade
individual é perdida. Não existe consciência social. A consciência é individual
O número de pessoas que
prefere perder ou comprometer seriamente a sua independência e autonomia pela
promessa de um Estado protetor é colossal. Muitos esquecem, no entanto, que
quando transferimos a responsabilidade de cuidar de nós próprios para o Estado
não só nos tornamos escravos de um poder autoritário como deixamos de pautar as
nossas decisões pela ética e pela moral passando a admitir subconscientemente a
coerção como modo de conduta. O Estado deixa de estar ao nosso serviço e
passamos nós a servir o Estado.
A sofreguidão do Estado em
controlar as nossas vidas não espanta. Mas o que é assustador é a quantidade de
gente que o aceita passivamente. Ao prometer segurança, rendimento básico e
subsídios às pessoas, o Estado compra a liberdade do indivíduo e garante a
futura servidão deste perante o poder. Não há almoços grátis…
Neste quadro em que as pessoas
suspeitam de si próprias, mas creem na virtude dos agentes públicos, o coletivo
torna-se mais importante que o indivíduo. Rapidamente se passa para a filosofia
da criação de uma sociedade igualitária em que as diferenças de rendimentos se
definem como sendo resultado da exploração dos mais fracos, vítimas, e que por
isso o Estado deve compensar as disparidades por via da redistribuição da
riqueza e através do seu poder coercivo.
Entra em cena o planeamento da
economia e da sociedade através da “justiça social” que pressupõe tratamento
desigual de diferentes indivíduos, na formas e quantidades que os poderes
públicos entendem e definem como sendo as necessárias e que são determinadas
por decisões tomadas ao sabor das circunstâncias.
O Estado chama a si a tarefa
de conceder direitos a todos e que vão muito para além de acudir a situações de
miséria e indigência objetivas. Mesmo necessidades comprovadas não
justificariam conceder ajudas ilimitadas, mas o Estado faz mais do que isso e
passa a determinar a “justa” posição dos indivíduos na sociedade,
substituindo-se à ordem espontânea, livre cooperação e ao ajusto mútuo
voluntário entre indivíduos.
O Estado nada produz e tudo
aquilo de que dispõe é fruto do trabalho das pessoas. O que redistribui é algo
que foi retirado a alguém, mesmo que não haja resistência da vítima. Ou seja,
tira a uns para dar a outros o que decide unilateralmente ser o merecido.
Exemplo disso são as pensões e
reformas. Estas são pagas com os rendimentos de quem está no ativo e não com o
dinheiro de quem se aposentou, ficando estes por vezes em situação mais
confortável do que os que ainda trabalham.
O manhoso esquema de cobrança
das contribuições obrigatórias para a segurança social tem o claro objetivo de
levar o trabalhador a crer que o imposto que paga é uma poupança que está a ser
acumulada e que poderá ser resgatada por inteiro na sua velhice.
Mas mesmo que o sistema em
vigor fosse o da acumulação do capital de descontos de cada beneficiário,
quantos teriam tido o tempo suficiente de contribuição para auferir das pensões
que o Estado agora decidiu que seria justo receberem?
O Estado atribui a todos o
“direito” ao conforto às custas daqueles que não têm ainda idade para se
aposentar e que só não se reformam antes também eles porque não têm a garantia
de receber o mesmo nível de benefícios. Não existe incentivo à poupança, nem as
pessoas sentem necessidade de colocar de lado economias para a velhice. A
solidariedade intergeracional mais não é, portanto, do que a geração anterior
ser sustentada pela geração seguinte. Mas um dia o esquema de Ponzi estoura…
Se não fossem compulsivamente
obrigados a “descontar” para a segurança social e tivessem a oportunidade de
ter mais dinheiro disponível, as pessoas escolheriam o Estado para administrar
as suas poupanças?
A boa intenção de ajudar as
pessoas não legitima que uns poucos se arroguem ter autoridade sobre todos os
outros indivíduos, nem a urgência em acudir a situações de necessidade
justifica torcer princípios morais.
Ninguém tem o direito de tirar
pela força o produto do trabalho ou a riqueza acumulada dos indivíduos, mesmo
que com propósito de ajudar o próximo. O facto de democraticamente se atribuir
ao Estado a missão de retirar a propriedade alheia não branqueia o facto de ser
praticado um roubo, nem de quem tal permite participar numa ladroagem coletiva.
Se alguém se locupletar, pela
ameaça da força, do património legitimamente acumulado de um indivíduo
riquíssimo, mal-educado e profundamente egoísta para acudir com esse produto a
uma pessoa que por circunstâncias várias da vida foi atirada para uma situação
de provação, tal não deixa de ser um roubo, mesmo se o benefício trazido ao
pobre for superior ao dano material causado ao rico.
Por outro lado, o estado não
pode obrigar as pessoas a serem boas, caridosas ou compassivas.
A virtude e a moral só existem
se forem uma escolha livre e autónoma dos indivíduos em praticar o bem. A ética
e a escala de valores variam de pessoa para pessoa. Impor um código de conduta
moral aos outros é totalitário.
Mas importa dizer também que
egoísmo e altruísmo não são antagónicos, pois sem tratar primeiro de nós mesmos
não teremos condições de ajudar os outros. Ao obrigar coercivamente a
solidariedade entre pessoas o Estado não só reduz perigosamente os incentivos
para a criação de riqueza deixando-nos todos mais pobres, como também encoraja
a que os beneficiários da ajuda se sintam no “direito” de ser ajudados,
perpetuando a mendicidade.
A compaixão e o amor ao
próximo não se praticam com o dinheiro de terceiros. Quando a responsabilidade
individual é menosprezada, a liberdade individual é perdida. Não existe
consciência social. A consciência é individual.
Se queremos uma sociedade mais
digna, a tónica tem de ser dada não à sustentabilidade do nosso estado social,
mas sim à necessidade de reconquistar a nossa liberdade individual.
Devemos lutar para que os poderes e âmbito de atuação do Estado sejam
drasticamente diminuídos e que nos deixem tratar das nossas próprias vidas.
O roubo não pode ser justificado pela causa da igualdade.
Título e Texto: Telmo Azevedo Santos, Licenciado em Relações Internacionais. MBA. Observador,
25-3-2018
telmo.azevedo.fernandes@gmail.com
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