terça-feira, 29 de maio de 2018

[Aparecido rasga o verbo] STOP geral e ponto

Aparecido Raimundo de Souza

EUCLIDES DA CUNHA, EM SEU LIVRO, “Os Sertões”, afirmava que o sertanejo era antes de tudo um forte. Esse desmilinguido ao qual ele fazia referência seria, por extensão, o brasileiro de hoje? Com certeza! Sertanejo, brasileiro, é tudo uma coisa só. Igual a um caminhão cheio de japoneses. 

O que muda é o nome, de um lugar ou de uma região para outra. Se peneirarmos toda essa galera, chegaremos à conclusão de que o brasileiro de nossos dias se constitui no mesmo quebrantado de não sabemos quantos janeiros atrás.

Em nada diferiu acreditem, daquele abrandecido de Euclides dos idos de 1901. Os habitantes do nordeste, do agreste dos interiores paulistas, o matuto do Paraná, o caipira das Minas Gerais, toda essa leva, sem exceção, não importa a denominação que se dê. Não vão esses consanguíneos de meu Deus além de um punhado de bosta fedorenta elevada ao quadrado.

Zeros à esquerda, como dizem os metidos a fazerem as quatro operações matemáticas sem precisarem de calculadoras. Para esse povo, portanto, do norte, do sul, do leste, ao oeste, tudo está nos trilhos como uma locomotiva cansada num desvio esquecido da linha. 

Em outras definições mais brandas. A putaria e a seriedade ao redor desses Manés se aspecta a um início de carnaval. Melhor dito, se iguala, diríamos sem medo de errarmos o chute, a uma partida de futebol de um clássico qualquer. Pelo futebol a multidão de bobocas para. Ao contrário, para outros assuntos prementes... não precisaremos ir longe para corroborar o que afirmamos. Daremos, como exemplo, a palhaçada da greve dos caminhoneiros. Como tantas outras manifestações acontecidas, redundaram em quê? Em 90 minutos de jogo.

Voltando ao foco, sobrestaram em que? Em nada. Em porra nenhuma. Só no aumento de uma conta grandiosíssima que logo baterá em nossa fúmbia imbecilidade. O brasileiro de agora é antes de tudo o escachelado de ontem. Um ninguém. Um Otário. Ele tem medo de lutar por seus direitos, por aquilo que realmente acredita. Sente um mórbido agravante por represálias.  Foge como a Cruz do Diabo (não seria o Tinhoso da Cruz??!!) quando ouve falar em punições.

Sabe, de antemão, que para ele, o Povinho, a justiça existe.  É robusta e pegajosa. Além de cara e temerária. Carrega na consciência a ideia certeira de que para ele (o lado fraco), a borracha descerá nos costados. As algemas se fecharão. As portas das cadeias se abrirão como paraquedas. Como malas velhas. Percebe se não cagar um quilo certinho presidioszinhos e masmorras porão fim as suas alegrias. Regalo de pobre dura pouco tempo. Existe com hora certa para começar e hora incerta para nunca chegar a uma definição.

Pesadelo constante. Diferente da euforia, da jubilação, da satisfação dos Intocáveis. Para os potentes, o gozo por menor que seja, vira incontestavelmente em nobre exultação. O brasileiro, mais uma vez, batendo na tecla da nota errada, é um miserável. Um pé de chinelo, um João Fumaça, um Hércules-Quasímodo. Tem por norma (e isso virou febre) refletir no aspecto da sua inconsistência, a fealdade típica dos sequelados e lassos.

Para se fazer ou para se formalizar uma greve de verdade, como manda o figurino, para esse brazzil tomar jeito, juízo, tenência, vergonha, largar de ser capenga, molengão, sair do anonimato, mostrar a sua fuça, escapar pelos socalcos da covardia em que se encontra... fugir das garras dos vândalos em que se acorrentou, manietado, para deixar de ser o capacho que é e sempre foi (e lá se vão 1500 anos sendo pisoteado por cachorros e larápios de pés sujos e corruptos da pior espécie), só existe um expediente viável. Uma saída lícita e factível.

O país inteiro PARAR. PARAR POR QUINZE DIAS, parar no sentido de ESTANCAR de fato e de direito. De não seguir em frente. EMPERRAR, como uma mula velha.  Sair do seu curso normal, como nossos parlamentares, que ao pousarem suas bundas enlameadas, seja no Congresso, seja na Câmara e outras Cocheiras, se olvidam se abstém de prosseguirem lutando por nós. Todos, caros amigos leitores, todos sem privilégios, deveriam tirar os pés do acelerador. Procurar o acostamento. Norte idêntico, serem fechados os hospitais, os supermercados, as padarias, as farmácias, as funerárias... quinze dias. Quinze dias ininterruptos.

Darem um tempo na mesma pancada, os aeroportos, as escolas, os funcionários públicos e privados, as polícias civil, federal e militar, as escolas, os museus, os bares, os restaurantes, os ônibus e trens. As quengas da luz vermelha. PARAR. PARAR GERAL. A ralé em peso ficar em casa, de pernas para o ar. Vendo televisão. Os comerciantes pequenos, os grandes empresários, os caminhoneiros, os hotéis, bordeis, os quiosques das beiras de praias, os bombeiros, os rotulados “serviços essenciais”, os ratoneiros e punguistas que nos assaltam, os “bacanas das bocas de fumo”, as quitandas, os brechós, as vendinhas, os taxistas, a turma da UBER. Quinze dias.

PARAR. PARAR o país de canto a canto. PARAR EM EFEITO DOMINÓ, os Estados, suas respectivas cidades do Oiapoque ao Chuí.  P-A-R-A-R. Com o país INTERROMPIDO, às moscas, às baratas, aos ratos, as Forças Federais acionadas pelo pilantra e vagabundo do nosso ilustre presidente Michel Jackson Temer seria necessário que o pária (com aquela cara de “ET de Varginha” -, nos perdoem os Varginhenses -, pela comparação odiosa), redirecionasse essa caterva, essa quadrilha infindável de parasitas para tomar conta do seu próprio rabo. 

Entendam senhoras e senhores. Vivemos num país sem freio. Sem um regente honesto, sem um senado decente. Temos um congresso de meliantes, um STJ de velhacos e vermes que deveriam estar em seus quartos, ajoelhados diante de suas camas e alcovas, de terços nas mãos, velas acesas, pedindo em bom discurso, em excelente português, para o diabo interceder em favor de suas almas.

Nosso Brazzil é uma republiqueta de arruaceiros, de achacadores dos bolsos de uma plebe atarantada, arrasada, que realmente labuta duramente e sobrevive do suor de seu rosto. PARAR, caros leitores. PARAR. Cruzar os braços. As pernas. Quinze dias. Permanecer cada um de nós, em nossos lares de cus e colhões para cima. Dar uma banana bem grande para nossos mandatários. A nação vive uma algazarra, uma fuzarca sem precedentes.

Estamos diante de um inferno de corrupção, de safadeza e selvageria. PARAR. PARAR GERAL. PARAR AGORA. Por quinze dias. Com o país sem movimento, sem vida, nosso Michelzinho certamente colocaria seus asseclas, a Policia Federal, a Civil, a Militar, os Dragões da Independência, o Exército, a Murrinha do Brasil, a Aeronáutica, a Guarda Nacional, bem ainda as putas e vadias, para baterem nas portas das casas de cada um de nós, brasileiros, implorando, pelo amor de Deus, para voltarmos à vida normal. Ao dia a dia. Aos solavancos da desgraça. Nossa vida é uma tribulação constante.

Seria senhoras e senhores, a anarquia, a mexerufada ao inverso, ao contraposto, ao antagônico, porque aí, com toda a população “encasada” (ou “aquartelada”), os edis perdão os ociosos, os vadios, os das “maciotas”, governariam para uma comunidade enorme, todavia sem ninguém. Teríamos uma agremiação fantasmagórica. Um território devastado pela solidão desarranjada, pandemoniada, por aquelas criaturas que ralam, que se consomem e se fodem cotidianamente.

Tudo bem que essa conta (dos quinze dias) cairia como, de fato, acabará a dos caminhoneiros, nos costados dos infelizes trabalhadores, nos ombros das populosas raias miúdas, dos milhares e milhões de estúpidos e caramutanjes. Ao menos, com esse gesto, daríamos nosso grito de guerra a esses filhos da puta que insistem em chafurdar na bela e bombástica brazzília. Brazzília para os que nunca ouviram falar é a linda e charmosa DESCAPITAL do Brazzil.

Por outra ótica. O penico do mundo. A latrina cheia de merda. Notem, senhoras e senhores, que em 9 dias dessa greve para inglêses verem, e diante das promessas escabrosas de Michelzinho, as pessoas continuam brigando, se engalfinhando em enormes filas por combustíveis.  Quem, agora, diante desse quadro avassalador que estamos assistindo confiará no PATRIOTISMO DE MICHEL JACKSON TEMER? OU QUEM DARÁ OUVIDOS AOS DONOS DAS BOMBAS DE GASOLINA? Acaso eles abaixarão os preços dos insumos motoríficos de nossos sequiosos e humildes carrinhos? Duvidamos! Por todo o exposto, caros leitores. Se preparem. Fiquem espertos. Vem aí, de roldão, uma continha de 13 bilhões e meio, para pagarmos. 13 bilhões e meio em decorrência do PATRIOTISMO MAQUIADO E INCONFUNDÍVEL DO NOSSO “ONROSO” PRESIDENTE.

Por tudo isso, PER FERMARSI, UM ZU STOPPEN, OM TE STOP, PER ATURAR, INPEDIMENTUM. ARRÊTER.  STOP, JÁ. S-T-O-P. QUINZE DIAS, OU MAIS. Assim, ou aguentemos o tranco... a trolha, a bucha, a porrada. Afinal de contas, ESSE... Kikikikikiki...  É O BRASIL QUE QUEREMOS PARA NOSSOS FILHOS E NETOS.  
Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, jornalista. Sem poder viajar. De Vila Velha, no Espírito Santo. 29-5-2018

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6 comentários:

  1. Como sempre impecável seu texto Aparecido, mas não adianta a maioria dos brasileiros vive no comodismo tipo (se não tem tu vai tudo mesmo) meia dúzia querem mudanças, melhorias, mas uma dúzia prefere pagar caro do que levantar a bunda do lugar e ir a luta. O brasileiro enfrenta meses numa fila para ver um show , mas reclama de lutar por um Brasil melhor mais justo. O brasileiro vai para as ruas nas paradas gays, liberação da maconha, mas não tem coragem de ir as ruas lutar pelos nossos direitos de cidadãos, os caminhoneiros estão lutando por todos nós , mas o que que esta adiantando se os próprios brasileiros preferem pagar impostos caros combustíveis caros, preferem ficar sem comida na mesa, sem empregos sem educação e saúde.Querem que o Brasil se foda, desde que não falte carnaval, futebol. E principalmente bandos de políticos ladrões safados. Esse é o Brasil que a maioria querem para os filhos, e netos. Não tenho vergonha do Brasil tenho vergonha desse povo comodista que se dizem brasileiros.Carla

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  2. Faço minhas as palavras de Carla. Fazer o que, amiga? Esse é o Brasil que deixaremos para nossos filhos. E netos.
    Carina Bratt. Secretária e Assessora de imprensa do jornalista e escritor Aparecido Raimundo de Souza. Vila Velha ES.

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    1. Pois é Carina infelizmente essa é a herança que deixaremos mesmo Contra nossas vontades! Sem a maioria não tem como vencer essa luta. É uma guerra vencida antes mesmo de começar. Carla

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  3. Desse jeito Aparecido ...
    uma vez mais é necessário enfatizar o ostracismo em que vive a sociedade brasileira diante do caos social ...
    evidentemente que tal é realmente sentido pela maioria hiposufuciente...
    até quando o despreparo vai nortear e gerir as riquezas desse país mantendo a população brasileira na "MERDA"...
    será que somente os caminhoneiros são os únicos representantes que temos... talvez não fosse a hora de uma MOBILIZAÇÃO séria e comprometida de toda a sociedade...
    de qualquer forma ... temos alguns "levantando a bandeira".
    abraço irmão.

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  4. Pois,
    Vamos aos fatos.
    Eu apoiei a paralisação dos camioneiros, mas jamais a GREVE.
    Nas épocas de VACAS GORDAS, ninguém quer perder seus empregos bem remunerados e não fazem GREVE.
    Nas épocas de VACAS MAGRAS, ninguém que perder seu emprego pois fica difícil arranjar outro.
    Autônomos tem diferentes prioridades, podem para quando quiserem.
    Eu fico pensando quanto tempo aguentam sem numerários?
    Muitos ficam falando de malha ferroviária, a Europa tem uma gigante, mas a greve de camioneiros franceses quase quebrou a França.
    O problema da GREVE na base intermediária e final, é a falta de produtos primários.
    A industria não recebe, o que está produzido não sai do estoque.
    Os empregados param.
    Os animais que precisam de rações morrem.
    Os doentes ficam sem tratamento e morrem.
    As empresas de serviços de reparos de luz, água e telefones, etc... trabalham na contingência.
    Finalmente serviços público como limpeza, mobilidade, bombeiros e segurança FALHAM.
    O caos vem com a invasão de lojas e supermercados e os aproveitadores fazem badernas.
    Quando aumentou o preço da gasolina na Alemanha, ninguém usou carros por 2 dias e houve um colapso da na mobilidade urbana dos transportes públicos.
    Claro que eu rejeito a corrupção.
    Reclamo nas redes sociais apenas como desabafo, pois não adianta nada.
    Nós os culpados, elegemos os corruptos.
    Apesar de nunca votar na mula retirante de Garanhuns, nem na anta da Bulgária, não posso reclamar da maioria que o fez, mesmo achando-os beócios do sistema.
    Todos aplaudiram a abertura militar e a eleição indireta de Tancredo, que felizmente morreu, assumiu o Sarney.
    Eu rebelde não gostei, mas lá vem o respeito na maioria.
    Tudo se inicia com um evento.
    Essa merda toda é culpa da CONSTITUIÇÃO DITA CIDADÃ DE 1988.
    Se vocês querem os militares, saibam que eles não podem, só se rasgarem a maldita constituição.
    PRESIDENTE VOTEM EM QUALQUER PORRA.
    MUDEM O CONGRESSO. DEVÍAMOS PEDIR UMA NOVA CONSTITUIÇÃO SE QUE SEJA FEITA POR POLÍTICOS.
    Para finalizar reclamar nos blogues e na mídia social também é ser comodista.
    No caso AERUS quando botei minha bunda na janela, ninguém veio ajudar -me.
    Como sempre foda-se quem reclama...
    FUI...

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  5. Realmente é lamentável que ainda hoje estejamos nessa situação de "total aceitação" a tudo que nos é imposto, apesar de sermos "povão" sempre fomos maioria, porém uma maioria que não revoluciona, não SE UNE na "luta por nossos direitos, só cumprindo os "deveres" mediante a "pressão", então não há como manter o otimismo, mesmo com toda as "piadinhas" das redes sociais demonstrando o quanto "nós brasileiros" não levamos a greve dos caminhoneiros a sério. A minha esperança em dias melhores, que deveria ser a última a morrer, já se esvaiu de todo a muito tempo.

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