Aparecido Raimundo de Souza
“Vivemos
o desordenado dos tempos atuais, como um cancro maligno que nos pegou de
surpresa e bem sabemos, não tem um caminho para a cura”.
Eric Ambler – em “Epitáfio Para Um Espião”.
LOGO CHEGARÁ O DIA e acreditem, senhoras e senhores, esse fatídico momento não está
longe. Apenas alguns quilômetros para
que nossos olhos se deparem com a novidade. A caminhada ligeira da desgraça se
avizinha. Virá para mudar de modo definitivo a nossa rotina. Em breve acrescentaremos
ao rol das acontecências estapafúrdicas e às infindáveis e eternas taxas e
tributos que nos sufocam, à nova “meteção de mãos” em nossos bolsos.
Mais uma usurpação capeada de impostos e outras roubalheiras que surgirá
com nomenclatura diferente (ou seja, vem por aí mais um logro e que nos será
enfiado goela abaixo diariamente e não mês a mês). Desta feita, essa aberração
não será obra da infindável corja de filhos da puta e jagunços que sustentamos
em Brazzzzilia. Fazemos alusão a uma recente e auspiciosa leva de larápios
emergentes. Antes de falarmos deles, devemos reiterar que Brazzzzilia, para
quem não sabe, ou entrou a explicação por um ouvido e saiu pelo rabo do
orifício cagador é a eterna Capital Federal.
Pôr sinal, antes que esqueçamos, passou a se chamar, vulgarmente, de “Capital
Fedemal”. E pasmem, fede, de fato. Catinga pior que esses chiqueiros de porcos
espalhados do Oiapoque ao Chuí! A fedentina criou vida e dança saltitante nos
salões aconchegantes dos palácios da Alvorada, nas riquezas do Planalto, nos
plenários da Câmara e nos corredores intocáveis do Senado e melhor de tudo, se
espalha, como doença braba e incurável. Fica ainda mais insuportável esse odor
de carniça, quando frontalmente se vê de cara com as dependências do STF e STJ,
recordando, Superior Tribunal de Falcatruas e Superior Tribunal de Jumentos.
Queremos deixar claro, entretanto, não viemos aqui falar dos flibusteiros
que fervilham no puteiro idealizado por Juscelino Kubitschek, nem dos nossos
“miSInistros” que comem caviar, cagam e peidam perfumes franceses. Estaríamos
chovendo literalmente no molhado. Nossa intenção é trazer à baila, a face
oculta de uma nova contribuição que será estabelecida a todos os cidadãos
brasileiros, cidadãos no sentido látego da palavra. Trocado em miúdos, os
“pobres e fodidos”.
Falamos do PDTLPLM ou PEDÁGIO DIÁRIO DE TRÂNSITO LIVRE PARA LOCOMOÇÃO DE
MORADORES. A sigla é um tanto complicada, e a sua cobrança trará, além do
dificultoso das letras, enormes dissabores para a população. Como assim?
Seguinte. Essa nova tarifa, será realizada pelas “Milícias” que envolvem nossas
cidades (no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e São Paulo a coisa se tornou
palpável e real), principalmente nos arredores periféricos desses centros acima
mencionados, onde o ajuntamento de pessoas que vivem em “comunidade” cresce a
uma progressão jamais imaginada.
Entendam aqui “Milícia”, como os chefões dos morros e favelas, das
gangues que disputam pontos chaves de drogas, de policiais corruptos que
acobertam o tráfico, e, sobretudo, de facínoras que vivem às margens das nossas
leis de mentirinha. Enfim de todas as demais espécies de embusteiros e
chicaneiros que sabemos existem e têm vida abundante ao nosso redor. A cobrança
do PDTLPLM, repetindo, Pedágio Diário de Trânsito Livre Para Locomoção de Moradores,
chegará às nossas portas, como num passe de mágica, tipo o gás de cozinha,
semelhantemente à entrega de uma bombona de água trazida por um motoqueiro, ou
de uma pizza que os prezados ligaram e pediram para comerem com seus
consanguíneos.
O PDTLPLM será aquela cotização que o proletariado deverá pagar toda vez
que pretender sair de casa, seja para ir ao supermercado, à padaria, seja para
se locomover para o serviço ou tratar de assuntos que não possam ser resolvidos
de dentro da jurisdição de seu próprio quadrado. Vamos dar um exemplo simples.
Os senhores acordam cedo, querem se dirigir até a padaria para comprarem o
leite, o pão, o cigarro, o jornal... Essa saída será cobrada (inicialmente um
valor irrisório) por um representante a serviço da “Milícia” local.
Cada bairro terá a sua. O Mané otário disporá do direito de colocar os
pés na rua e sair de sua casa uma vez por dia, sem pagar absolutamente nada.
Contudo, se necessitar voltar ou ir à esquina, que seja, numa segunda vez, aí
será taxado. A cobrança se dará em dinheiro vivo ou em cartão de crédito.
Fiquem espertos. Somente na modalidade “débito”. Quem não pagar, ficará
terminantemente proibido de ir e vir. Porventura alguns desses filhos de Deus,
desavisados ousarem discordar reclamar, ou pôr qualquer motivo se insurgirem
contra as regras pagarão com a vida.
Aparecerão mortos, para servirem de lição para os demais bocós que
acharem estar tratando com trouxas. Em contrário, tendo esses cidadãos as suas
taxas mantidas rigorosamente em dia, contarão com a proteção de suas
residências e familiares vinte e quatro horas oferecidas, claro, pelos
“cabeças” dos comandos das organizações. O famoso e inexistente direito de ir e
vir de cada um mudara as características, passando a ser pago. Os direitos
humanos e os do cidadão e outras papagaiadas que a Carta Magna ou a bosta da
Constituição alega garantir, apodrecerão nos anais dos quintos do inferno.
É o que nos falta, caríssimos leitores, para sermos um país de primeiro
mundo, um país civilizado, onde “todos são iguais perante a lei”. A lei deles,
dos espertalhões e bandidos. Esperamos que esse ponto fique entendido e não
haja dúvidas a posteriori. Um país, lado outro, onde nossos representantes na
Capital dos vigaristas dão exemplos diários de “onestidade”, de “onraria”, de “comocupetência”, de
“ceriedade”, de decoro, e tentam aprovar, na calada da noite, em surdina,
projetos de lei como a que trouxemos à baila recentemente com relação a PL
3366/2015, equivale a dizer que estamos bem servidos.
Vivemos caríssimos e amados, num território estranho, esquizofrênico,
onde quem pode mais chora menos. Somos uma ralé de sentenciados raquíticos e
miúdos, destinados a apodrecer num campo de concentração por enquanto
invisível. Vivenciamos um porvir sem rumo, sem porto seguro, sem terras à
vista, sem bússola norteadora.
Convivemos pacificamente com um “estado islâmico” camuflado, encapotado
por meia dúzia de terroristas que dão as ordens e ditam normas não só a nós,
igualmente às autoridades existentes.
As autoridades existentes estão todas de rabo preso. É fato real, em
certas localidades, o “toque de recolher”. Virou moda. Repetindo, os Estados do
Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte estão no topo e lideram o ranking.
Nessas metrópoles, a balbúrdia a algazarra a zona, fazem parte da prática
constante. Em certos bairros do Rio de Janeiro, precisarmos nos identificar
abaixar os vidros de nossos carros, mostrar nossas fuças, para entrarmos em
determinadas ruas (e ou avenidas), por vezes onde construímos nossos lares e edificamos
nossas raízes.
Vivemos, ou melhor, padecemos num gigantesco navio fantasma navegando sem
rumo, em rota de colisão com uma cadeia de icebergs que nos levará para o fundo
desse mar revolto que se descortina a cada novo segundo a nossa frente. O Pedágio
Diário Para Trânsito Livre de Locação de Moradores trará excelentes resultados
para os que vivem às escondidas, às margens impuras da lei. Percebam. Com a
grana arrecadada, os “donos dos morros e favelas, as Milícias” poderão se armar
condignamente com as melhores armas existentes no mercado.
Armas pesadas vindas de além-fronteiras (sem falarmos que toda a grana
armazenada) abastecerão regiamente os pontos de vendas de drogas e aumentarão
essas estruturas visando à ampliação para o arrebanhamento de novos
clientes-usuários e criando outrossim uma horda de nômades e dependentes.
Enquanto o desgoverno federal gasta milhões de reais com a falida galera da
“Força Nacional de Insegurança Pública” filiada ao “Mistério da Justissssa” (o
certo seria “Forca Nacional”, vez que esses vermes colocam o país com a corda
no pescoço e lembrando, somos nós que pagamos esses ratos de esgoto para não
fazerem absolutamente nada), e que sabemos perfeitamente de cor e salteado, não
têm força porra nenhuma, a não ser a de trabalhar em prol dos poderosos,
vigiando os engravatados com suas bundas sujas vinte e quatro horas, enquanto
nós, sobreviventes deste Brazzzzilzinho de segunda categoria, fazemos de conta
que está tudo nos conformes.
Kikikikikiki... Tudo gira num verde amarelo com bolinhas azuis,
simbolizando a devastação da nossa ex-amazônia e o mais importante, senhoras e
senhores, gritando a plenos pulmões que a nossa linda e querida pátria “cagada”
está nos conformes e que somos o povo mais disciplinado e ordeiro (ou seria
cordeiro??!!) e feliz na face da terra. Vamos aguardar, de peito aberto, o novo
PDTLPLM. O toque de recolher, a
identificação de cidadãos de bem nas ruas de suas casas, a aquisição de
produtos básicos nos comerciantes onde eles querem e determinam, e não onde
estamos acostumados, prolifera a todo vapor.
Nesse chute em nossos sacos, quando esse novo tributo for implantado (e
será), e nosso direito de ir e vir descambar para as bandas do caralho sairemos
em ocupação às praças e avenidas, em passeata a se perderem de vista, com
apitaços, gritaços, latidaços, uivaços e panelaços, entre outros “aços,”
atrapalhando o trânsito. Mostrando, obviamente ao mundo inteiro que somos uma
“fuderação” acima de qualquer suspeita. Que apesar dos pesares, continuamos andando
para trás, como caranguejos. Por falar neles, nossos caranguejos são os
melhores do planeta. Viva o Brazzzzil. Que venha sem mais demora o
PDTLPLM.
Título e Texto: Aparecido
Raimundo de Souza, de
Fortaleza, no Ceará. 3-9-2019
Colunas anteriores:
Em algumas favelas do Rio de Janeiro e São Paulo, esta modalidade já está em plena ascensão. Falta só um imbecil dos muitos de nossos parlamentares, em Brasília apresentar um projeto de lei, para que o PDTLPLM passe a vigorar com força total. Fica aqui uma diga para os nossos ladrões do Senado, da Câmara, ou do raio que os parta.
ResponderExcluirCarina Bratt
Ca
Vila Velha ES