segunda-feira, 30 de setembro de 2019

[Foco no fosso] Acredite, se quiser

Haroldo P. Barboza

Aí eu acredito.
Há mais de 50 anos as “casas” legislativas servem de arsenal aos humoristas consagrados: cartunistas, criadores de piadas, compositores, talk shows e mais o que você imaginar.

Não é que agora a turma de Brasília (a maior fonte de corrupção do país inclusive apoiada pelo judiciário) inventou um “serviço” para “preservar a imagem” dos zelosos gatunos?

Veja como funciona passo-a-passo:

1 - Tomamos ciência de uma maracutaia em andamento (normalmente durante as madrugadas) tipo superfaturamento, viagens de comitivas (36 pessoas) ao Caribe para adquirir pentes de plástico, criação de cargos para os parentes destes idôneos “representantes” do povo, compra de livros pornográficos para escolas públicas.

2 – Divulgamos a suspeita sob forma de indagação aos colegas de grupos no zapzap para ver se alguém mais informado nos fornece maiores detalhes das armações muitas vezes encobertas pelo D.O. da União.

3 – Os comparsas dos envolvidos alegarão tratar-se de “fake” criado para emporcalhar o nome da “honrada casa” e desestabilizar o sistema.

4 – Convidarão os eleitores a consultarem o link https://www.camara.leg.br/comprove para comprovarem a “falsidade” da denúncia!

5 – O eleitor adorador do BBBB fará uso regular desta ferramenta em busca da “verdade”!

Eu e mais dezessete pessoas que consultei, em dez minutos concluímos que o processo funcionará assim:

A – O adorador do BBBB fará uma pergunta (via formulário eletrônico) do tipo:
“É verdade que o defuntado Robualdo Arrow Bacofre foi filmado e interceptado pela valorosa PF dirigindo velho carro de frutas carregando R$ 73.000.000,00 para o sítio do presidente de seu partido às 3:00 da madrugada?”.

B – Dois dias depois, receberá mensagem no zapzap ou e-mail do seguinte teor: “A zelosa equipe do comprove (ou é compre voto?), após exaustivas investigações, esclarece ao “zeloso eleitor” que as três questões foram forjadas por adversários políticos interessados em desestabilizar nossa democracia, a saber:”

§1 – O veículo era apenas uma van escolar modelo 2018;
$2 – A quantia era de apenas R$ 3.500.000,00 destinada às obras de uma escola de tratamento de besouros contaminados pela dengue;
§3 – O condutor é que parou no posto da PF para acertar seu relógio, que por estar sem pilha, marcava o horário de 22h30min.

Agradecemos o espírito cívico de nosso interlocutor e estamos de plantão para esclarecer novos questionamentos.

Alô, José Simão! Você tem razão ao dizer que somos o país da piada pronta.

O perigo é criarem um serviço similar dentro dos presídios nacionais.

Se a primeira pergunta para esta entidade for ... “tem ladrões aí dentro?”
Creio que responderão: “estão nas câmaras públicas”.
Aí eu vou acreditar neles.
Título e Texto: Haroldo P. Barboza – Vila Isabel/RJ, 30-9-2019
Autor dos livros: Brinque e cresça feliz e Sinuca de bico na cuca

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