Sabemos que a massificação do
esporte é um fator de alta importância para educar populações, que aprendem a
respeitar regras e não “aplica” para “se dar bem”. Mas esta diretriz não
interessa ser adotada num país onde políticos se perpetuam justamente pela
ignorância do povo.
Apesar de não estarmos
concorrendo contra as grandes forças mundiais do esporte, não podemos deixar de
enaltecer a participação do Brasil (2º lugar) no Pan2019 no Peru conquistando
171 medalhas. Fundamentalmente pela dedicação extrema de nossos atletas apesar
de inadequadas condições estruturais oferecidas pelos governantes.
Este sopro de esperança no
sentido de evoluir para atrair mais jovens (e tirá-los da marginalidade)
costuma arrefecer dois ou três meses depois das conquistas. Na verdade, não
sabemos lutar por nossos ideais, pois a Natureza sempre foi generosa e nos
forneceu alimentação de forma fácil, sem muita luta.
Pelo menos temos de ficar
alertas com os políticos que apreciam pegar “carona” em eventos (como
benfeitores) de esportes que nunca presenciaram ao vivo. Por absurdo que
pareça, sempre aparece um “malandro” com um discurso usando uma das frases
(falsas) históricas para justificar o sucesso dos corajosos atletas:
- nosso PIB está num patamar
fenomenal, apesar da condição de miserabilidade da maior parte da população;
- nosso serviço de saúde pública
está entre os cinco “primeiros” do mundo, apesar da falta de médicos em
quantidade adequada, falta de equipamentos, medicamentos, higiene e conservação
das instalações prestes a desmoronar;
- nossos centros de
treinamentos são de primeiro mundo, apesar dos atletas terem de se deslocar por
dezenas de quilômetros (sem asfalto e luz) para treinar após pesadas jornadas
de trabalho e transitarem em vestiários inundados, com pouca luz, sem armários
para guarda de pertences e outras mazelas.
- nossa educação gratuita ser
de “alta qualidade”, apesar da “alfabetização” pública se resumir a habilitar
um aluno acima de 10 anos a escrever seu próprio nome, “ler” placa de porta de
banheiro, linha de ônibus (*) e nome de programa de tv (**);
(*) = se mudarem a cor do
ônibus, o “leitor” pegará transporte trocado;
Os mais “críticos” dirão que
não fizemos melhor por falta de investimento responsável pelos governantes na formação de atletas desde
a infância.
Eu vou mais longe: por falta
de seriedade e vontade na formação de cidadãos conscientes.
Para os legisladores
aproveitadores da boa-fé popular, oferecemos me(r)dalhas cunhadas com as fezes
que eles produzem ao longo de seus mandatos.
Que cada um destes atletas
heróis possam perceber que aos governantes só servem como trampolim eleitoral.
Que tenham a certeza que cada
um de nós torce para que ainda possam nos oferecer novas alegrias com suas
conquistas. E que de alguma forma, possam orientar as futuras gerações.
ALERTA FINAL: se tiverem de
comparecer a alguma cerimônia pública com a presença de alguns políticos,
coloque sua medalha no pescoço com cadeado.
Nunca se sabe o que mais vão
roubar do povo domesticado.
Nossa sociedade é um colosso.
Sobrevive no fundo do poço.
Título e Texto: Haroldo P.
Barboza – Vila Isabel/RJ, 14-8-2019
Autor dos livros: Brinque e
cresça feliz e Sinuca de bico na cuca
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